03/03/2011
Samba, suor e gasto excessivo de energia. Resistir às tentações da folia é difícil para os pais, mesmo para aqueles que decidem buscar refúgio na praia ou na montanha nos dias de carnaval. Não há como fugir do stress da viagem. São horas perdidas dentro do carro, com alimentação improvisada e sono alterado. "Independente da idade, criança precisa de rotinas. Qualquer mudança no seu esquema de alimentação, de sono pode trazer conseqüências desagradáveis. Veja só o que acontece conosco, adultos, por uma mudança de uma hora do horário de verão. Imagine então com as crianças", alerta o pediatra Moises Chencinski.
O especialista dá dicas que podem ser importantes para quem quer se divertir com tranqüilidade. "Temos que nos preparar para uma viagem longa. Escolha bem o horário. Leve muito líquido (a hidratação é fundamental, e possível água) e frutas frescas. Nada de alimentação mais pesada durante a viagem. Crianças ficam facilmente nauseadas e, em viagens mais demoradas, sob o sol, podem até vomitar no carro. Programe pausas em algum posto na estrada para que tanto crianças quanto adultos possam ir ao banheiro, quer seja para as necessidades, quanto para se esticar e se refrescar", explica o médico.
A Alimentação das crianças é um capítulo à parte. O Carnaval, em pleno verão, dificulta a conservação dos produtos e exige cuidados especiais na preparação e armazenamento dos pratos. “O uso e a conservação dos alimentos devem ser sempre considerados. Maioneses, ovos, molhos e cremes necessitam de preparos cuidadosos e conservação impecável para que não causem reações graves, como intoxicações alimentares”, explica o Dr. Moises, pediatra e homeopata.
A questão não se resume ao cardápio em si. O problema também está na quantidade do que se come. Controlar os abusos deve ser o primeiro grande desafio dos pais. "Não ofereça nenhum alimento estranho ao cardápio de uma criança nem sob o falso pretexto de que se deve dar só uma provadinha porque ela está olhando", alerta o pediatra.
Se o limite de tolerância for ultrapassado, o organismo da criança pode responder através de uma reação alérgica (amendoins, paçocas, corantes) ou de uma intoxicação (molhos, maioneses, cremes), com riscos de quadros como urticária, diarréia, vômitos e até desidratação. "Essas situações podem requerer uma visitinha ao pronto socorro ou, em casos mais graves, até uma internação hospitalar para hidratação e tratamento medicamentoso. Mas, como um quadro agudo, ele tem começo, meio e fim", explica. O abuso alimentar tem gerado um aumento descontrolado de doenças de adultos em crianças. Hipertensão, alterações de colesterol e triglicérides, diabetes e obesidade agora são quadros que povoam os consultórios dos médicos que cuidam de crianças. E não só os pediatras, mas os endocrinologistas, otorrinolaringologistas (problemas de sono gerados pelo sobrepeso), psicólogos (problemas emocionais no convívio com amiguinhos da escola e a dificuldade de controle do apetite) e outros especialistas que só acompanhavam essas crianças apenas em situações muito especiais.
Alguns cuidados básicos adotados pelos pais podem ajudar no controle alimentar dos filhos:
-Para crianças abaixo de 6 meses de idade, ofereça apenas o leite materno. Essas crianças não precisam e não devem nem sequer experimentar outros tipos de alimentos nessa faixa etária.
-Ofereça sempre bastante líquidos (nessa época a hidratação é fundamental).
-Lembre-se de oferecer frutas frescas que podem ajudar, também, na digestão. As vitaminas e as fibras das frutas são fatores importantes na proteção contra os abusos alimentares das festividades. Não devemos "obrigar" nossos filhos a gostarem do que nós gostamos. Mas somos responsáveis por oferecer a eles a oportunidade de experimentar. "Vamos ser realistas? Existe alguma chance de uma criança não comer guloseimas, doces, etc nas festividades onde as famílias se reúnem para comer panetone, doces ou ovos de chocolate? Muito pouco provável, não é mesmo? Bom senso é tudo".
Os perigos do álcool
Independentemente de cultura ou idade, é proibido oferecer qualquer quantidade, por menor que seja, de bebida alcoólica para crianças. O Dr. Moises relata um episódio muito comum nos pronto-socorros nesse período: "Já presenciei, em alguns plantões, crianças chegando com quadros de intoxicação alcoólica graves, vindas de festas onde os pais davam um golinho da cerveja que tomavam só para comprovar o gênero masculino dos seus filhos". A questão cultural de algumas famílias se junta ao calor do verão brasileiro e ao estímulo desenfreado que os adultos exercem sobre o comportamento das crianças. O carnaval é uma festividade que costuma ser acompanhada de mais liberdade e menos controle. Nunca dê bebida alcoólica para as crianças. Além de ser proibido por lei, é extremamente prejudicial, podendo, até, ser fatal. "É comprovado que quanto antes se oferece o estímulo alcoólico para pessoas com tendência ao vício, mais cedo e mais certamente esse hábito se instalará levando a sérios prejuízos à saúde futura desse indivíduo". Conclui o Dr. Moises.
Essa matéria foi publicada no site Meu bebezinho (01/03/2011).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545