Do site Tempo de Mulher
Como explicar a homeopatia? Consultamos o homeopata Moises Chencinski para desfazer, de uma vez por todas, as meias verdades que cercam essa especialidade médica.
por Madson Moraes
18/08/2011
Dá para levar a sério a homeopatia? Porque as pessoas ainda têm tanto receio em iniciar um tratamento com remédios homeopáticos? As dúvidas resistem ao tempo, embora a busca pela homeopatia tenha se intensificado. Quem garante é o médico Pediatra e homeopata, Moises Chencinski.
Autor dos livros "Homeopatia - mais simples que parece" (2007) e "Gerar e nascer - um canto de amor e aconchego" (2008), Dr Chencinski desfaz mitos que cercam dessa especialidade médica que, apesar de reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, ainda é desconhecida ou pouco esclarecida para uma boa parte das pessoas.
Atualmente, a busca pelo tratamento homeopático está mudando. A homeopatia, apesar de ser ainda encarada por grande parte da população como um tratamento alternativo, já tem uma procura muito mais ativa e até encaminhamentos de outros médicos especialistas para tratamento conjunto, especialmente nas áreas da otorrinolaringologia (rinites, aumento de adenóides, infecções de repetição), dermatologia (verrugas, molusco contagioso, alergias e dermatites) e até na área da ginecologia e obstetrícia (pré-natal, corrimentos, miomas). Muitos pacientes buscam a homeopatia para tentarem evitar cirurgias (muitos com sucesso) ou tratamentos com medicamentos com efeitos colaterais indesejáveis importantes (antibióticos, corticóides, anti-depressivos, entre outros). Sempre é bom ressaltar que o médico homeopata é um médico e saberá, com ética e responsabilidade, associar ou substituir o tratamento pela homeopatia sem nenhum prejuízo ao paciente.
A ideia de a homeopatia ser placebo passa por ser uma terapia natural e pela preparação do medicamento, utilizando substâncias muito diluídas. Segundo o dicionário, placebo é um medicamento inerte (ou seja, que não causa qualquer efeito) ministrado com fins sugestivos ou morais. Quem conhece a homeopatia e já se beneficiou de seu uso sabe que isso não é verdade. Uma das provas desse fato é o aumento substancial de pacientes procurando a homeopatia. Outra prova é o fato de pouquíssimos pacientes abandonarem o uso da homeopatia em busca da alopatia (fato que, no caminho contrário, acontece cada vez mais).
Alega-se que os médicos homeopatas, por terem uma consulta mais demorada, escutarem mais os pacientes e suas queixas e por estabelecerem um vínculo maior com os pacientes, convencem os pacientes doentes que eles não estão doentes e eles se curam. Se isso fosse verdade, como ele convenceria um bebê de poucos meses que ele não sente cólicas? E como se explicaria a crescente utilização de homeopatia na área veterinária? E, para concluir, como imaginar uma consulta em que o médico não ouça com atenção e pelo tempo necessário as queixas de seu paciente? Isso não deveria ser apenas uma característica homeopática, deveria ser uma rotina natural de todos os médicos. Além disso, através da homeopatia, tratamos bebês e, atualmente, a medicina veterinária homeopática tem ganho grande impulso e reconhecimento. Como é que a gente convence um cachorrinho a não ter resfriado ou uma vaca a dar mais leite apenas pelo "bom papo"? Existem trabalhos científicos comprovando a ação da homeopatia nessas áreas.
Esse é mais um dos problemas que a homeopatia enfrenta em sua compreensão e utilização. A homeopatia não trata doenças. A homeopatia trata pacientes. E para isso, o médico homeopata faz uma consulta um pouco diferente, mais detalhada, buscando conhecer mais como são as reações de seu paciente para poder entender como ele adoece. Conhecendo esse mecanismo, os medicamentos agem de forma global no equilíbrio e harmonia do organismo, permitindo que o próprio paciente se cure. Assim sendo a homeopatia pode ser usada por qualquer paciente, em qualquer situação. Muitas vezes, o médico homeopata pode tratar esse paciente apenas utilizando o medicamento homeopático. Em outras vezes, mantém-se o tratamento que o paciente está recebendo (quimioterapia, radioterapia, antidepressivos, etc.) e se associa o medicamento homeopático. Mas não há paciente que não possa se beneficiar do tratamento homeopático, desde gestantes, recém-nascidos, crianças, adultos e até pacientes da terceira idade.
Em primeiro lugar é importante lembrar que a homeopatia e a alopatia agem por caminhos diferentes. Enquanto a homeopatia age pela lei da semelhança, por um estímulo parecido com o da doença, a alopatia age pela ação contrária à doença e/ou aos sintomas. Desde que saibamos porque o medicamento foi prescrito, não há qualquer problema na utilização conjunta da homeopatia e da alopatia. Esta decisão segue o critério do médico homeopata responsável pelo caso. De qualquer forma, há situações onde o medicamento alopático é absolutamente fundamental, como nos casos de câncer, AIDS e diabetes, por exemplo. Nestes casos, a homeopatia pode ser muito útil no equilíbrio do paciente, agindo de forma tal que as doses dos medicamentos alopáticos necessárias para o tratamento possam ser reduzidas, atingindo o mesmo efeito final.
Um dos grandes diferenciais dos medicamentos homeopáticos é serem feitos de substâncias da natureza, do reino animal, vegetal e mineral, sem aditivos químicos e, pelo seu modo de preparo (diluição), sem riscos de efeitos colaterais indesejáveis. Não há na história da homeopatia nenhum medicamento que tenha sido retirado de circulação por causar problemas na saúde ou até riscos de malformações ou de morte.
Não existem. Não há como indicar para que serve o medicamento. O remédio é usado para quem (paciente) e não para o quê (doença). Um paciente apresenta um conjunto de sintomas característicos, em um determinado momento, com algumas características (clima, horário, duração, intensidade, causa, etc.) que representam a sua forma específica de reagir e indicam um remédio especial, individualizado. Assim, se a automedicação é ruim na alopatia, na homeopatia ela é muito pior, porque o medicamento é específico.
A homeopatia funciona em qualquer tipo de pacientes. A questão é que os adultos já têm uma história de vida mais longa, com mais problemas enfrentados, tanto na esfera clínica quanto na emocional, já passaram mais tempo expostos a agentes agressores como a poluição, o trânsito, amores mal resolvidos, ansiedades e, assim, têm mais problemas a resolver. As crianças ainda não passaram por todo esse estresse agressivo e conseguem se reequilibrar com menos dificuldade. Mas nenhum tratamento homeopático libera o paciente de uma alimentação equilibrada, hábitos de vida saudáveis e atividade física regular.
Essa conduta depende do profissional. O ideal do homeopata é encontrar um medicamento único que resolva todos os problemas de seu paciente. Muitas vezes, quer seja pela característica da doença quer seja pelas particularidades do paciente isso não é possível, ou pelo menos, não é tão fácil. Assim, o médico homeopata pode lançar mão de outros medicamentos ao mesmo tempo, de preferência, o menor número possível. Há linhas na homeopatia em que se receita sempre um só medicamento (unicismo). Em outros casos, são misturados alguns medicamentos para o tratamento de um quadro mais específico (complexismo). E há ainda as situações onde se busca usar o menor número de medicamentos, porém alternando-se o que será o mais adequado para o momento, requerendo um contato constante do paciente com seu médio (alternismo).
Não há necessidade de mudar o hábito alimentar para o tratamento homeopático. Há necessidade de uma alimentação equilibrada, sem vícios (álcool, cigarro, drogas) para que tenhamos saúde. A alimentação adequada tem sido deixada em segundo plano e, como consequência, de acordo com dados obtidos no POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) de 2010, mais de 50% da população adulta está com sobrepeso no Brasil e uma em cada três crianças de 5 a 9 anos está com sobrepeso também. A obesidade infantil é a maior epidemia mundial não infecciosa desse século. Essa é uma das razões da grande insistência no aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida. Isso é promoção à saúde.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545