05/08/2011
A gestante tem uma série de dúvidas, principalmente quando o assunto é amamentação. Seja o medo de fissurar os seios, de não saber segurar o bebê ou de ter certeza que o recém-nascido amamenta direitinho. Mas, além destas questões, a futura mamãe também se vê cercada de tantas outras questões, como a lenda de que os seios ficam flácidos, ou da de que existe leite fraco.
Para você não ficar com nenhuma insegurança na hora de alimentar seu bebê, conversamos com a nutricionista Maria Mercedes Sakagawa, Coordenadora do Banco de Leite Humano do Hospital e Maternidade Santa Joana e do Posto de Coleta de Leite Humano da Pro Matre Paulista.
"A produção do leite materno tem início após o parto. Quando a criança nasce, uma glândula chamada hipófise libera a prolactina, que é responsável pela produção do leite e o hipotálamo libera a ocitocina que é responsável pela ejeção e a saída do leite. É importante lembrar que esse processo vai ocorrer se houver estímulo com a sucção do bebê e ou esvaziamento das mamas. Portanto, quanto mais o bebe esvaziar a mama mais leite irá produzir."
"Não. O importante é a mãe saber que existem fases de tipo de leite que a mama produz: o leite anterior, que é rico em água enriquecido de sais minerais e algumas vitaminas importantes para o seu filho e por ser mais aquoso, é o que sai da mama primeiro. Depois, gradativamente, passa a compor de outros nutrientes que vai tornando a composição do leite mais completa e ideal para o bebê. Um dos componentes é a gordura que vai saciar a fome e colaborar para o ganho de peso, o que chamamos de leite posterior.
O que normalmente faz com que as mães achem que o seu leite é fraco é quando o bebê ingere somente a fase inicial ou anterior se satisfaz em volume e ingere pouco da fase final ou posterior. Dessa forma, o bebê sente fome em intervalos menores e faz com que as mães sintam que o seu leite é fraco ou não esta produzindo o suficiente para o seu filho. Para que isso não aconteça, sugerimos oferecer a primeira mama até o bebê deixar de sugar espontaneamente e depois oferecer a segunda mama. E, no horário seguinte, iniciar sempre pela última mama da mamada anterior.
Assim faz com que o bebê aproveite o máximo das duas fases. Para saber se o bebê ingeriu a segunda fase é simples. Quando chega à parte mais rica em gordura, o bebê larga espontaneamente e vai aceitar a segunda mama por ser o leite mais aquoso e agradável".
"Na verdade para a produção é necessário ter uma alimentação variada à base de vitaminas, minerais, proteínas, gorduras, fibras, água e carboidratos. Em relação à cerveja preta, não existe nada que comprove essa teoria, porém lembramos que contém álcool e sugerimos às mulheres que amamentam e que tenham esse hábito a fazer moderadamente e de preferência após as mamadas".
"Seios maiores ou menores não interferem na produção do leite, porque o que determina o tamanho do seio é o tecido adiposo e não a glândula mamária e a maior parte da quantidade é produzida no momento da mamada, de acordo com a necessidade do bebê".
"Se a cirurgia for realizada de forma apropriada, não vai prejudicar a amamentação. Às vezes, dependendo do tamanho, a compressão da prótese nas glândulas mamárias pode causar um desconforto, porém não é impedimento para a amamentação. Sugerimos o acompanhamento de um profissional de saúde até estabelecimento completo da alimentação do bebê".
"O calor na mama estimula a produção, porém sugerimos que deixe acontecer naturalmente através da sucção do bebê, alimentação balanceada, ingestão de líquidos e na situação de ingurgitamento da mama, fazer a aplicação de calor através de massagem com as mãos e em seguida, o esvaziamento da mama para aliviar o desconforto".
"A amamentação não provoca flacidez nos seios. O cuidado que a mãe deve ter é de usar um sutiã com uma boa sustentação e confortável desde a gestação. Além do sutiã apropriado, especialistas recomendam uma alimentação balanceada, exercícios físicos, não fumar e não ingerir bebida alcoólica. Tudo isso colabora para evitar a flacidez".
"O estresse interfere na produção da prolactina,responsável pela produção do leite e da ocitocina,responsável pela saída do leite. Amaioria das situações de estresse vai ocorrer após a alta hospitalar,quando o suporte técnico dos profissionais de saúde não vai estar presente.
Sugerimosque tirem as dúvidas e informações relacionadas à amamentação e cuidados com a mama durante a internação e em casa, escolha um lugar tranquilo e agradável para que esse momento seja prazeroso para mãe e filho".
"Não. Lembramos que amamentar não deve ser sinônimo de dor ou sofrimento. Na maioria dos casos em que aparecem as fissuras ou qualquer desconforto durante a amamentação deve-se observar se alguma técnica está falha como: o bebê não está posicionado no colo da mãe de forma que o favoreça a abocanhar a maior parte da aréola, ou a mama esta muito cheia e o recém-nascido não consegue abocanhar direito.
Quanto a amamentar ou não, vai depender da intensidade da dor. O mais indicado é aplicar a técnica da posição de barriga com barriga, que faz com que o bebê fique voltado totalmente para a mama e favorece a boa pega da aréola.
Persistindo o incômodo, sugerimos pausar a mama, fazer o esvaziamento manual e utilizar o leite materno na região afetada e consultar o obstetra para indicação de uma terapêutica".
"A alimentação vai refletir na produção e na qualidade do leite se não estiver dentro dos parâmetros de uma alimentação saudável. Em relação ao que deve ou não comer durante a amamentação recomenda-se que mãe não mude o hábito alimentar adquirido durante a gestação.
Lembramos a importância ingerir mais líquidos e se não for hábito tomar água, pode ser na forma de sucos, chá, vitaminas e de controlar o consumo de açúcar, carnes gordurosas, salgados e produtos industrializados, que possuem alta concentração de gorduras não favorecendo para uma alimentação saudável".
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545