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Clima seco e inverno aumentam incidência de doenças e automedicação

10/09/2011

Que tempinho mais chato, não é mesmo?
Frio, chuva alternando com clima seco e sol, chegando a queda de 20º até em um mesmo dia.
Voltam a aparecer tosse, catarro, coriza, febre, dores de cabeça, mal estar, prostração.
Voltam a aparecer doenças respiratórias como alergias, os resfriados, as gripes, entre muitas outras.
Mas como esses são sintomas de doenças conhecidas fica fácil tratar, não é mesmo?
É só usar aqueles remédios já usados das outras vezes e que deram bons resultados. Ou então seguir a dica do balconista da farmácia, ou da vizinha, ou da avó ou daquele remédio anunciado naquela propaganda.
Muito cuidado. Você pode estar colocando sua saúde em grave risco.

VOCÊ SABIA QUE:
- O inverno é a estação que mais favorece a automedicação?
- Febre, mal estar, dor de cabeça, náuseas, tosse, coriza podem ser sintomas iniciais de resfriados, mas também de gripe, broncopneumonias, tuberculose e até de meningite meningocócica?
- Algumas substâncias contidas em medicamentos que podem ser vendidos sem receita médica (dipirona, ácido acetil salicílico, cafeína, prometazina, dexclorfeniramina, entre outros) podem apresentar efeitos colaterais graves, têm contraindicação de uso em gravidez, amamentação ou crianças até 2 anos de idade, e muitas vezes suprimem sintomas que serviriam de alerta para uma doença importante?
- Alguns medicamentos muito utilizados até em crianças, que podem ser vendidos sem receita médica, apresentam em sua composição a TARTRAZINA (corante amarelo) que pode causar reações de natureza alérgica, entre as quais asma brônquica, especialmente em pessoas alérgicas ao ácido acetil salicílico.
- Após a proibição da venda de antibióticos sem receita médica houve um aumento importante da venda de anti-inflamatórios, mesmo sendo remédios que agem em situações diferentes?
- Os anti-inflamatórios podem ter efeitos colaterais mais graves que os antibióticos por provocarem, em sua imensa maioria, problemas na mucosa do estômago (levando a gastrite e úlceras), na função renal e interferirem na ação de outros medicamentos (como remédios para controle da pressão e do diabetes)?
- Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Toxico Farmacológicas (Sinitox – vinculado à Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz e ao Ministério da Saúde), nas estatísticas de 2.009, divulgadas em 2.011, o uso de medicamentos corresponde a 26% dos casos de intoxicação e a 17,57% dos casos de morte informados?

SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.
Quando você lê ou escuta essa frase a respeito de um medicamento, qual é a ideia que te passa pela cabeça?
Pelo menos eu entendo que alguém (não médico) está com algum problema de saúde que considerou leve, não procurou um médico, encontrou e usou um remédio que servia para os seus sintomas (por indicação de um vizinho, de um balconista de farmácia, por ter tido quadro que parece semelhante anteriormente, entre outros) e se não obteve o resultado esperado deve procurar um médico.
Parece uma explicação razoável, não parece?

Então estamos diante do seguinte panorama:
- O inverno aumenta a incidência de algumas doenças, desde as mais simples até as mais graves;
- O acesso ao médico nem sempre é tão fácil e imediato e nem sempre tão eficaz;
- Há medicamentos que são vendidos em farmácias sem necessidade de receitas médicas que podem ser úteis em alguns desses casos.
- Existe uma legislação que controla o uso de OTC (Over-the-counter – sobre o balcão) ou MIP (medicamento isento de prescrição) que permite a venda destes medicamentos desde que fiquem atrás do balcão da farmácia ou drogaria, sem acesso direto pelo cliente, sendo necessária a solicitação ao farmacêutico ou balconista, para a devida orientação quanto sua administração, interferências em exames laboratoriais, posologia, interações, etc.
- A publicidade desses medicamentos (OTC / MIP) é regulamentada, não sendo permitida propaganda livre em intervalos de horários destinados a programas infantis e não podem conter as frases: "Demonstrado em ensaios clínicos" ou "Comprovado cientificamente".

Por outro lado:
- Medicamentos considerados "de uso comum" chegam a apresentar efeitos colaterais importantes e podem mascarar alguns sintomas graves;
- A demora na procura ao médico pode significar um maior risco, inclusive de morte, se a doença não for detectada e tratada a tempo;
- A automedicação, uma prática comum no Brasil, deveria ser muito mais controlada, sendo responsável por grande número de intoxicações e até mortes.
- Entre os OTC ou MIP de maior uso há medicamentos que contém substâncias com efeitos colaterais importantíssimos.- Nas propagandas, para cumprir as leis de publicidade, sempre se escuta, ao final, recomendações como:
ESSEMEDICAMENTONÃODEVESERUTILIZADOEMSUSPEITADEDENGUE (escuta-se exatamente assim como se "lê" – difícil de entender, não é mesmo?).

COMO RESOLVER ESSE DILEMA?
Não há uma ação única que poria fim a essa questão.
Ela deve ser abordada por vários aspectos, por vários segmentos da sociedade, desde ações governamentais, levando em conta os benefícios e riscos da atual legislação, passando por um melhor acesso da população aos serviços médicos chegando até a educação dessa população, elucidando os prós e contras dessa atitude tão comum, porém tão arriscada.

O que podemos garantir é que a automedicação é uma prática de risco, amplamente difundida na cultura de nosso povo e que, assim como as campanhas para a conscientização do uso de preservativos, o uso do cinto de segurança, das cadeirinhas nos automóveis, do aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida mereceria uma maior atenção.

Quem sabe com uma divulgação mais agressiva, mais ampla, mais conscientizadora, conseguíssemos diminuir esse risco.

Poderíamos dar início à seguinte campanha:

AUTOMEDICAÇÃO: UM RISCO À SUA SAÚDE, À SUA VIDA E À VIDA DE SEUS FILHOS.
QUANDO APARECEREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545