22/09/2011
O pediatra Moises Chencinski traça um cronograma da criança homeopatizada, da gravidez à adolescência
Por Celso Arnaldo Araujo
Pré-natal
O primeiro contato de uma criança com a Homeopatia pode começar antes mesmo do nascimento. Uma primeira consulta à altura da trigésima-segunda semana de gestação, como preconiza a Sociedade Brasileira de Pediatria, é o primeiro passo para se iniciar a relação do pediatra com seu futuro paciente – através da mãe.
Durante a gestação e a amamentação, a mamãe e o bebê funcionam de uma forma harmônica, em sincronia. O que se passa com a mãe pode refletir em seu bebê e vice-versa – inclusive no bom desenvolvimento fetal.
A Homeopatia pode acompanhar a futura mãe em todas as etapas da gravidez, minimizando desconfortos típicos de cada fase – enjoos, azia, prisão de ventre, inchaço, cólicas, dores abdominais, entre outros.
Além disso, determinados medicamentos homeopáticos podem ajudar a prevenir moléstias que tendem a se manifestar ou a se agravar na gestação, como diabetes e hipertensão.
E a cada ano aumenta o número de mulheres, inclusive no Brasil, que fazem preparação homeopática para o parto, visando, por exemplo, a facilitação da dilatação, um ritmo mais eficiente nas contrações e o controle de ansiedade.
Mulheres que já são pacientes homeopáticas normalmente fazem seu pré-natal com o concurso de um terapeuta homeopata, que terá o bom senso de não pleitear a exclusividade: "Nada substitui o pré-natal bem feito", diz Moises.
Um pequeno repertório de medicamentos que podem ser oferecidos durante a gravidez:
Primeiro trimestre:
Ipeca, Pulsatilla, Antimonium (controle de náuseas, inchaço, azia)
Segundo trimestre:
diversos medicamentos que mantêm a mãe saudável e bem estabilizada
Terceiro trimestre:
ômega 3 (facilitador da conexão das sinapses cerebrais), Sabina e Viburnum opulus (antiabortivos)
Nasce um bebê
Se a mãe foi homeopatizada durante a gravidez, o bebê nasce com suas predisposições mais bem controladas, o que significa, por exemplo, menos refluxos gástricos e menos cólicas. Se, porém, o bebê apresenta essas características mais exacerbadas, existem medicamentos homeopáticos adequados ao limiar da vida geralmente administrados à mãe e assimilados pelo bebê através da amamentação.
Vacinas convencionais? Sim.
"Não pode haver nada contra manter o bebê protegido contra doenças preveníveis por vacinas". O Dr. Moises fala, é claro, das imunizações constantes do calendário oficial. As opcionais, como a da gripe ou rotavírus, são questionáveis.
O aleitamento materno até o sexto mês é altamente recomendável – não só pelo aspecto nutricional como pelo reforço na imunização do recém-nascido.
Aos 6 meses
É a fase de erupção dentária, com consequente irritabilidade e alterações do sono, o que interfere na dinâmica familiar – condições que a Homeopatia pode controlar com bastante eficiência.
Mas a esta altura, a mãe que trabalha já retomou suas atividades. O bebê fica, então, sob a guarda da avó, de uma babá ou já vai para a creche. Nesse último caso, é uma fase para se ficar mais atento às infecções de convívio. Um dos medicamentos de barreira mais eficientes é o Oscilococcinum, ministrado preventivamente desde os primeiros dias.
"O sistema imunológico da criança só se completa aos três anos", informa Moises. Nesse período, para compensar as janelas de imunidade, a criança tem a proteção do leite materno, num primeiro momento, das vacinas e do meio ambiente bem guarnecido de sua casa nos meses seguintes.
Quando ela começa a andar, acidentes e quedas passam a ser um risco. A Homeopatia tem na Arnica e na Calendula bons aliados, com ação anti-inflamatória e anti-hemorrágica. Mas chega o momento de sair do casulo.
A partir dos 3 anos
Ao entrar num ecossistema diferente, a escolinha, a criança tende a adoecer com mais frequência, sobretudo por causa de viroses compartilhadas. É um período de mais vigilância para mães e pediatras.
Bronquiolites, otites, gastroenterocolites, há toda uma coleção de infecções "aguardando" a criança. Além das vacinas tradicionais, um reforço homeopático, preventivo e terapêutico, pode ser o Rhus toxicodendrum contra infecções de caráter epidêmico – como um surto de catapora na escola.
Em crianças homeopatizadas, segundo Moises, as tão comuns doenças respiratórias dessa fase da vida, sobretudo se a criança tem predisposição, são mais bem controladas. Isso também acontece em relação a piolhos, sarna, eczemas e dermatites. O pediatra homeopata também costuma ficar atento a eventuais manifestações comportamentais da criança nessa fase da infância: depressão, distúrbios alimentares, déficit de atenção, hiperatividade - contra as quais, medicamentos alopáticos podem ter importantes efeitos colaterais. No repertório de medicamentos homeopáticos que amenizam esses transtornos do comportamento sem efeitos colaterais, o Arsenicum, a Baryta carbonica e a Calcarea carbonica.
Outra situação típica da infância pode ter repercussões orgânicas: aos 3 ou 4 anos, a criança, até então filho único, ganha um irmão ou irmã. E surge um ciúme natural que, em alguns casos, se torna patológico, com repercussões orgânicas. O pediatra homeopata, diante de novos transtornos apresentados pelo irmão mais velho, deve ter sensibilidade para avaliar essa possibilidade – atenuada por medicamentos como Lachesis, Nux vomica e Hyoscyamus.
Após os 10 anos
Estreitam-se os relacionamentos interpessoais. Fase dos primeiros ensaios de namoro, de autoafirmação, muitas vezes expressa pela adesão ao fumo, álcool e substâncias químicas. Um pediatra homeopata que atenda ao pré-adolescente tem instrumental para detectar essas tendências, e amenizá-las.
Um pouco mais para frente, aumenta a ansiedade, à medida que o adolescente vai sendo colocado à prova – como um exame do ENEM. A ansiedade, além dos sintomas comportamentais típicos, pode conduzir a um impulso alimentar que começa a produzir os primeiros sinais de descontrole no peso, aumento de colesterol e triglicérides.
Não há, segundo Moises, medicamentos homeopáticos específicos contra a obesidade. Contra a ansiedade, sim. Um detalhe que a prática demonstra: crianças que nasceram prematuras têm mais tendência à obesidade.
O reequilíbrio do adolescente reduz também a compulsão por fumo e bebida, se esta tiver se manifestado.
Nas meninas, uma situação muito especial: a primeira menstruação, as primeiras cólicas, eventualmente os primeiros relacionamentos sexuais, que podem favorecer o aparecimento de micro-organismos oportunistas, como a candidíase.
Para cada uma dessas condições, um medicamento mais adequado para cada paciente – sempre abordado em suas características individuais, não como parte de uma geração genérica.
Cada grupo de medicamentos homeopáticos permeia uma fase da vida, dos 0 a 18 anos – e assim será pelas décadas futuras, caso o jovem permaneça fiel à Homeopatia. É o que costuma acontecer.
Essa matéria foi publicada na Revista Doses Mínimas, Ano I - nº 4 - páginas 15 a 17 (setembro/2011)
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545