01/10/2011
Quando eu me formei em 1979, a orientação alimentar que era dada em consultas de puericultura incluía a introdução do suco com um mês de vida, a papa de frutas aos dois meses, o almoço aos três e o jantar aos quatro meses.
Após 30 anos, por uma série incontável de razões, a sociedade deve buscar dar condições para o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida e prolongado até os 2 anos como forma de promoção à saúde, propiciando o crescimento e desenvolvimento saudáveis de nossas crianças. Fatores relacionados à criança, à mãe, à família, à sociedade, à economia, entre outros, justificam essa transformação.
Mesmo cientes de todas as vantagens, no Brasil, de uma forma geral, ainda estamos muito aquém desse padrão. A média estimada atual do aleitamento materno exclusivo é de cerca de 2 meses e uma semana e no total, até cerca de 4 meses e meios.
A meta da Organização Mundial de Saúde (OMS) é de que 95 a 100% das crianças até 6 meses de idade estejam recebendo apenas leite materno. No Brasil essa taxa é de 41%.
Esses números não são nada animadores.
Por outro lado, essa estatística nos mostra que podemos ainda trabalhar muito e temos muito a fazer para transformar essa realidade.
A informação é apenas o começo desse caminho. Não podemos assumir que todos saibam o óbvio. Precisamos informar. E essa é uma missão não apenas de médicos e profissionais de saúde. Todos somos responsáveis.
A família, a escola, os profissionais de saúde, a mídia, os órgãos governamentais são parte integrante dessa rede pró-aleitamento. Cada um tem seu papel a cumprir: informar, fiscalizar, propiciar condições econômicas, sociais, emocionais para que o bebê possa usufruir do leite materno, permitindo que ele cresça e se desenvolva dentro da totalidade de seu potencial.
Algumas informações básicas, fundamentais, óbvias:
- O leite materno é O alimento completo para o bebê até o sexto mês de vida, sem necessidade de introdução de água, chás, sucos, frutas, papinhas salgadas, fornecendo à criança todos os nutrientes necessários, em quantidades suficientes, na proporção e biodisponibilidade adequadas. Nem a mais e nem a menos.
- Nos primeiros dias de vida, o leite materno (colostro) pode aparecer em menor quantidade, é mais concentrado e é importantíssimo e fundamental na proteção do recém nascido.
- É muito importante que o bebê mame até esvaziar a mama, porque o leite do fim da mamada tem mais gordura, mata mais a fome do bebê e faz com que ele ganhe mais peso. Após terminar o primeiro seio, ofereça o segundo seio para que ele mame o quanto for necessário até se saciar.
- Não há leite forte ou leite fraco. Existe muito leite ou pouco leite. E o pouco leite pode e deve ser estimulado, aumentando a freqüência das mamadas, oferecendo á mãe uma alimentação adequada, hidratação e condições de vida saudáveis que favoreçam a continuidade do aleitamento.
- O leite materno oferece proteção contra doenças diarréicas e respiratórias (anticorpos), contra alergia alimentar (cada vez mais comum, sendo o principal responsável, no Brasil, o leite de vaca), contra doenças de adultos cada vez mais comuns na infância (obesidade, problemas de triglicérides e colesterol).
- Evitar mamadeiras e chupetas que podem interferir na amamentação e não são apropriados para favorecer o desenvolvimento facial adequado das crianças, dificultando, assim, muitas vezes, o desenvolvimento sadio da respiração e da fala.
- A mamãe também se beneficia nesse processo, pois amamentar favorece a volta mais rápida do útero ao seu tamanho normal, diminuindo o sangramento pós-parto, prevenindo quadros de anemia (isso sem contar a perda mais rápida do peso acumulado durante a gestação). Além disso, o vínculo mamãe-bebê-papai se fortalece.
Muito mais pode e deve ser dito sobre o aleitamento materno. Mas, para concluir, quero aproveitar a informação da campanha do Ministério da Saúde, referente à Semana Mundial de Amamentação, que ocorreu em agosto:
Amamentar é muito mais do que alimentar a criança e, em situações de emergência, torna-se ainda mais importante, pois o bebê fica vulnerável a infecções intestinais e respiratórias. Dar o peito é muito mais que oferecer o melhor alimento que existe. É dar saúde, carinho e proteção, tão importantes em momentos difíceis como nas situações de emergência.
A primeira semana de agosto é sempre dedicada à Semana Mundial de Aleitamento Materno, cujo foco desse ano foi o a divulgação do aleitamento em todas as formas de mídia (Comunique-se. Amamentação: uma experiência em 3D). Faça a sua parte.
Essa matéria foi publicada no blog Bebê Boom (30/09/2011)
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545