06/11/2011
Baixar a temperatura com medicamentos melhora o estado da criança, mas pode camuflar o diagnóstico de doenças
Lia Lehr
Se você é do tipo que corre para o hospital quando seu filho fica com febre ou dá remédio a ele por conta própria para baixar a temperatura, preste atenção. Um artigo publicado no Jornal Oficial da Academia Americana de Pediatria fazia um alerta sobre a febre e o uso de antipiréticos em crianças. Os autores explicavam que a febre não é uma doença e sim um mecanismo fisiológico que tem efeitos positivos quando nosso organismo tenta combater uma infecção.
"Ao contrário da preocupação dos pais, a febre, por si só, não agrava a doença e não determina a gravidade dessa doença, nem causa agravações neurológicas a longo prazo. Baixar a temperatura com remédios tem mais a intenção da melhora do conforto geral da criança do que normalizar a temperatura do seu corpo", explica o pediatra e homeopata Moisés Chencinski.
A informação pode tranqüilizar muitos pais, uma vez que a febre é um dos quadros que mais aflige quem tem crianças pequenas e é um dos motivos que mais faz os pais correrem para os pronto-socorros com os filhos. Sem falar nas famílias que, ao perceberem que a criança está febril, a medicam por conta própria em casa.
O doutor Moises diz que muita gente se espanta quando ele fala que não é necessário e nem recomendável usar o antitérmico para qualquer febre. "Sabemos que uma criança febril pode ficar mais amuada, alimentar-se mal, tomar poucos líquidos e, assim, ter uma interferência negativa na evolução de sua doença. Dessa forma, quando um pediatra homeopata receita um antitérmico junto com o tratamento homeopático, a intenção não é "curar a doença" e nem "tratar a febre". A ideia é melhorar o conforto dessa criança para que ela se alimente bem, se hidrate bem, durma bem e consiga usar suas energias no combate à doença", afirma o médico.
O pediatra conta também que a medicação contra a febre não evitará a convulsão febril, complicação benigna, porém tão temida pelos pais. "A febre é apenas um indicativo de um processo em andamento e esse sim deve ser pesquisado, diagnosticado e tratado. Com a evolução e resolução do quadro, a febre, juntamente com todos os outros sintomas, irá ceder", explica.
Ainda de acordo com o Jornal da Academia Americana de Pediatria, a febre não é uma doença e sim um mecanismo fisiológico com efeitos benéficos no combate à infecção. A febre retarda o crescimento e reprodução de bactérias e vírus e ajuda na reação aguda do corpo. Muitas febres são de curta duração, benignas, e podem realmente proteger o indivíduo, mesmo que a febre possa resultar em desconforto na criança. Além disso, quando a criança é medicada para baixar a febre, pode haver atraso na identificação do diagnóstico da doença, impedindo o pediatra de fazer um diagnóstico mais preciso da doença.
E uma boa notícia para tranqüilizar os pais: não há evidências de que crianças com febre corram um risco maior de efeitos adversos como danos cerebrais.
"Durante o aconselhamento da família no manejo de febre em uma criança, pediatras e outros cuidadores de saúde devem minimizar o medo de febre e enfatizar que o uso de antipiréticos não previne a convulsão febril.Ao invés disso, os pediatras devem focar na monitoração de sinais e sintomas de doenças graves, na melhoria do conforto da criança pela manutenção da hidratação, e pela educação dos pais no uso, dosagem e estocagem segura dos antipiréticos", finaliza o doutor Moisés.
Essa matéria foi publicada no site Chris Flores (03/11/2011)
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545