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Dorme, neném...

28/01/2012

que uma boa noite de sono é fundamental para o crescimento saudável e melhora o aprendizado da criançada
Por Marisa Sei

"Não só para a criança, mas para todos nós, um dia produtivo só pode começar após uma boa noite de sono", afirma o pediatra Moises Chencinski. É durante o sono que a criança vai recarregar a energia para brincar, explorar, aprender. Para que as noites sejam tranquilas e reparadoras, nada melhor que estabelecer uma rotina para dormir, com horários pré-estabelecidos. E essa disciplina é capaz de melhorar o desenvolvimento físico e mental da criançada, já que a qualidade do sono interfere em todo o organismo. "O GH, hormônio do crescimento, por exemplo, tem maior liberação na fase do sono. Se a criança tem dificuldades para dormir, essa liberação pode ser prejudicada", destaca o pediatra.

Já para a cama!

Seu filho chora, esperneia, faz birra na hora de dormir? Nesses casos, a psicopedagoga Lidiane Souza indica sempre o diálogo. "Se a rotina for feita junto com a criança, fica mais fácil para ela perceber a necessidade de cumpri-la. É importante que a hora de dormir se torne um ritual com passos a serem seguidos, que funcionam como dicas de que está chegando a hora de ir para a cama. Assim, é como se a criança recebesse a notícia aos poucos", explica.

Torne o horário de dormir agradável: vale qualquer atividade tranquila que estimule o relaxamento; o que não é indicado é tentar cansar a criança. "Há situações em que os pais brincam muito com os filhos, imaginando que eles adormecerão com mais facilidade, mas isso na maior parte das vezes não ocorre. Eles ficam mais agitados quando brincam e, depois, tentar acalmá-los é um trabalho mais difícil", diz Moises. O pediatra indica um banho; contar uma ou, no máximo, duas historinhas; pôr uma música lenta. Computador, televisão e videogame agitam a criançada e devem ser evitados próximos ao horário de dormir.

De vez em quando, não há problemas em abrir uma exceção para que a criança vá dormir um pouco mais tarde, como em festas em casa. "Entretanto, o ideal é não mudar a rotina para tudo de diferente que acontece. Se ela precisa ser modificada a todo instante, a família precisa avaliar se foi realmente bem feita, sem exageros, ou se a própria família está tendo dificuldades em seguir o que foi estipulado. Em geral, se bem trabalhada, a rotina ajuda a disciplinar, a trabalhar a responsabilidade e a organização. Com isso, a tendência é percebermos uma melhora significativa no comportamento", ensina a psicopedagoga.

Bom sono, bom aprendizado

Uma das relações entre uma noite tranquila e a melhora do desempenho cognitivo é clara. "Se a criança não descansa bem à noite, acorda sem a disposição e a atenção necessárias para as atividades diurnas. Aí, enquanto o professor está tentando dar aula, muitos alunos ficam ‘pescando’ e perdem a orientação dada em classe", salienta o pediatra.Segundo pesquisa da Academia Americana de Medicina do Sono, crianças com horários regrados para dormir desenvolvem melhor a linguagem, a consciência fonológica e as habilidades matemáticas, quando comparadas às que tem problemas de sono. O estudo foi feito com oito mil crianças com, em média, quatro anos de idade.

Outras pesquisas mostram que é durante o sono profundo que a memória se consolida. Ou seja, tudo o que a criança viu e aprendeu no dia será absorvida ao dormir e sonhar.

Insônia também é coisa de criança

Pelo menos 25% das crianças dorme menos do que deveria, segundo pesquisa divulgada pela Associação Mundial de Medicina do Sono. Entre os problemas mais comuns que prejudicam as noites na infância estão o sonambulismo (andar pela casa dormindo), o terror noturno (a criança grita assustada, mas quando acorda não se lembra de nada), a apneia do sono (paradas respiratórias geralmente por questões físicas, como adenoides) e os pesadelos.

Para garantir os bons sonhos dos pequenos, os pais devem ficar atentos às mudanças de comportamento. "Irritabilidade excessiva, choro sem causa aparente e piora no desempenho escolar podem ser sinais de falta de sono", explica Moises.Mesmo enquanto a criançada dorme, é possível observar a qualidade do sono. "É interessante observar, em algumas situações, se há agitação física, se a criança fala enquanto dorme, se é sonâmbula, se ronca. Só observar, sem interferir. Esses dados devem ser informados ao pediatra, que pesquisará a melhor situação e dará os encaminhamentos necessários para resolver o quadro", ensina o pediatra.

Horas de soninho

O tempo necessário para dormir varia com a idade da criança e até com sua personalidade – algumas precisam de mais horas, outras de menos. Para o pediatra Moises Chencinski, o tempo sugerido não é uma obrigação e sim uma orientação. Confira:

Recém-nascido – 16 a 18 horas por dia. O bebê dorme em ciclos de duas a três horas. Dorme, acorda, mama e dorme novamente, independentemente de ser noite ou dia.
2 a 6 meses – 14 a 16 horas por dia (5 horas dessas, de sono diurno). Após os dois meses, começa-se a estabelecer um princípio de rotina: dormir mais à noite e menos de dia.
6 a 12 meses – 12 a 14 horas por dia (3 horas dessas, de sono diurno).
1 a 6 anos – 10 a 12 horas por noite. Com 2 anos de vida, aproximadamente, a criança já dorme a noite toda, com períodos de sesta de manhã e depois do almoço.
Até os 2 anos – 2 sonos diurnos de 1 hora cada.
Dos 2 aos 3 anos – 1 sonos diário de 1 hora.
Acima dos 3 anos– não há necessidade de sono diurno.
Acima de 6 anos – 8 a 10 horas por noite.
Adolescentes – 8 a 9 horas por noite.

Nossas fontes
Lidiane Souza é psicopedagoga e diretora do Núcleo de Desenvolvimento da Aprendizagem Tutoria, em Niterói (RJ)
Moises Chencinski é médico pediatra e homeopata


Essa matéria foi publicada no site e na revista Na mochila (nº 18 - 11/2011)

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545