Do portal UOL - UNIVERSA
Toda mãe zelosa às vezes peca pelo excesso. Com a chegada do frio, é comum que as mães acabem agasalhando demais os filhos, principalmente os recém-nascidos. O exagero gera não apenas desconforto, mas também problemas de saúde para a criança.
por Rosana Faria de Freitas
08/06/2012
"A febre é um dos sintomas mais presentes. Muitos dos telefonemas que recebo na madrugada com queixas de febre são resolvidos com a constatação de que a temperatura alta é causada pela dose inadequada de aquecimento", diz o pediatra e homeopata Yechiel Moises Chencinski. Nesses casos, o conselho do médico é simples: retirar cobertor, touca, macacão e luvinha, esperar 30 minutos e medir novamente com termômetro.
A primeira recomendação dos médicos é compreender que, dentro de um quarto fechado, os bebês sentem tanto frio ou calor quanto os adultos. "Temos a capacidade de manter nossa temperatura corporal relativamente constante, independente do grau externo. O que acontece é que o sistema termorregulador do bebê ainda precisa se adaptar e, geralmente, a adaptação vai até os seis meses de vida. Daí esse conceito de que precisam ser mais protegidos", diz Chencinski.
Riscos para o bebê
A pele tem duas funções: dificultar a passagem de microrganismos, substâncias químicas e agentes físicos nocivos, e regular a temperatura. Se o corpo produz calor, é necessário eliminar o excesso. Quando estamos muito quentes, os vasos se dilatam, transpiramos e o suor é evaporado, fazendo com que a temperatura caia. "Caso a pessoa esteja agasalhada demais, a pele não respira e suas funções ficam comprometidas. Como a umidade não é eliminada adequadamente, podem surgir infecções", diz Chencinski. O organismo do bebê lança mão de recursos para manter a temperatura perto dos 36 graus. Quando está quente, o corpo transpira e elimina calor pelo suor. No frio, os pelos arrepiam para evitar a perda de calor. "Como o sistema no recém-nascido ainda está imaturo e pode não responder exatamente como deveria, é preciso alguma atenção, mas não se pode ultrapassar os limites do razoável e deixar a criança superaquecida", diz a dermatologista Ana Lúcia Recio, membro das Academias Brasileira e Americana de Dermatologia.
Além do desconforto que leva ao choro, o excesso de roupas ou de cobertores provoca sudorese, deixando as peças que estão em contato com a pele molhadas, o que aumenta o risco de resfriados, principalmente nos meses frios. Pode ocorrer também desidratação e hipertemia, a incapacidade do organismo de reduzir a produção de calor. "Podem aparecer brotoejas no corpo. Isso porque há o rompimento do conduto de suor da glândula sudorípara e, dessa forma, a água extravasa na derme, causando uma inflamação", diz Ana Lúcia. Segundo Chencinski, o chamado "charutinho", quando a criança fica completamente enrolada em um cobertor, pode impedir a adequada expansão pulmonar do bebê, o que representa grande risco. "Problemas decorrentes do aquecimento exagerado podem ser agudos e precisam ser corrigidos logo", diz. É o caso de procurar um médico com urgência.
Sinais de exagero
Se seu bebê está com o rostinho vermelho, transpirando, com sono inquieto ou febre, é sinal de que você está exagerando na dose. "Para saber se ele está aquecido, procure ver o tórax, pois a cabeça é sempre quente e as extremidades mais frias", afirma o pediatra e homeopata Jayme Simões, do Hospital Infantil Sabará, em São Paulo. Vale usar gorro ao sair de casa em dias frios, pois essa é a área em que primeiro se perde calor. Já na hora de dormir, não é preciso se desesperar caso mãos e pés do bebê estejam um pouco frios. "Há adultos que dormem mesmo com o pé gelado. Isso pode acontecer com crianças também. Se ela está repousando sem reclamar, não há necessidade de aumentar a proteção. Acredite, seu filho não irá adoecer", diz Chencinski.
O que fazer nos dias de muito frio
Use roupas quentes, porém confortáveis, sem botões ou enfeites e, de preferência, feitas de fibras naturais, como algodão. Entre uma roupa quente e um cobertor, escolha sempre a primeira opção. "Os cobertores aumentam demais a temperatura e há risco de sufocamento", diz Chencinski. Se a mãe for vestir o filho com "camadas" de roupas, a dermatologista Ana Lúcia Recio aconselha que as primeiras peças a serem colocadas sejam um conjunto de calça e camiseta 100% algodão. "Caso haja sudorese, o tecido absorverá parte da água", diz. "Evite roupinhas muito produzidas e feitas com material sintético. Tenha em mente que o simples é sempre o melhor".
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545