Do site do Canal Saúde - Fiocruz e Sentir Bem - UOL
Atenção: você pode estar colocando sua saúde em grave risco.
Médico alerta para os riscos das mudanças bruscas de temperatura e propõe uma campanha de combate a auto-medicação.
07/06/2012
Você acorda num dia de sol e quer logo aproveitar o tempo quente ao ar livre, nos dias quentes do inverno os termômetros passam fácil dos 30º. Mas quando você menos espera, o sol vai embora e as temperaturas despencam com a brisa fria do entardecer. Essa é uma característica da estação, frio e chuva alternando com clima seco e sol. As variações de temperatura podem chegar 20º num mesmo dia e as conseqüências você já conhece: tosse, catarro, coriza, febre, dores de cabeça, mal estar, prostração...
As doenças respiratórias como alergias, resfriados, gripes, entre muitas outras, levam milhares de pacientes aos consultórios médicos - o movimento nessa época do ano costuma ser 30% maior. Mas como os sintomas já são conhecidos, é comum as pessoas recorrerem aos remédios usados das outras vezes e que deram bons resultados. Ou ainda, seguir a dica do balconista da farmácia, da vizinha ou da avó. Essas são práticas corriqueiras de auto-medicação que merecem uma atenção especial e muito cuidado, pois você pode estar colocando sua saúde em grave risco.
"O inverno é a estação que mais favorece a auto-medicação. Mas o que as pessoas desconhecem é que os sintomas comuns de um simples resfriado, também podem indicar algo mais sério como gripe, broncopneumonia, tuberculose e até meningite meningocócica em sua fase inicial", alerta o Dr. Moises Chencinski. O especialista destaca ainda que na composição química de medicamentos que são vendidos sem receita médica aparecem substâncias que podem ameaçar a saúde das pessoas. "Dipirona, AAS – o ácido acetilsalicílico - e cafeína, entre outros, podem apresentar efeitos colaterais graves. Eles têm contra-indicações de uso por gestantes, mães no período da amamentação e por crianças de até 2 anos de idade. E o pior: muitas vezes, o uso desses medicamentos elimina os sintomas que serviriam de alerta para uma doença mais grave.", afirma o médico.
O Dr. Moises dá exemplos de outros medicamentos que podem causar riscos por conta do uso indiscriminado. "Medicamentos que apresentam em sua composição a TARTRAZINA (corante amarelo), muito utilizados até em crianças, podem causar reações de natureza alérgica, entre as quais asma brônquica, especialmente em pessoas alérgicas ao ácido acetilsalicílico". Um outro exemplo citado pelo médico são os anti-inflamatórios que passaram a ser usados em larga escala, muitas vezes como substitutos dos antibióticos, mesmo sendo remédios que agem em situações diferentes. "Os anti-inflamatórios podem ter efeitos colaterais mais graves que os antibióticos por provocarem, em sua imensa maioria, problemas na mucosa do estômago levando a gastrite e úlceras, na função renal e interferirem na ação de outros medicamentos, como remédios para controle da pressão e do diabetes".
Segundo dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas (Sinitox – vinculado à Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz e ao Ministério da Saúde), nas estatísticas de 2.009, divulgadas em 2.011, o uso de medicamentos corresponde a 26% dos casos de intoxicação e a 17,57% dos casos de morte informados. "A auto-medicação deveria ser mais controlada no Brasil porque a demora na procura do médico pode significar um maior risco, inclusive de morte, se a doença não for detectada e tratada a tempo", avalia o Dr. Moises Chencinski.
COMO RESOLVER ESSE DILEMA?
Para o Dr. Moises não há uma ação única que ponha fim a essa questão. Ele acredita que deve haver um grande debate com a participação dos vários segmentos da sociedade, e que sejam implementadas desde ações governamentais, levando em conta os benefícios e riscos da atual legislação, passando por um melhor acesso da população aos serviços médicos chegando até a educação dessa população. "O que podemos garantir é que a auto-medicação é uma prática de risco, amplamente difundida na cultura de nosso povo e que, assim como as campanhas para a conscientização do uso de preservativos, o uso do cinto de segurança, das cadeirinhas nos automóveis, do aleitamento materno exclusivo até o 6º mês de vida mereceria uma maior atenção. Quem sabe não poderíamos dar início à seguinte campanha: AUTO-MEDICAÇÃO: UM RISCO À SUA SAÚDE, À SUA VIDA E À VIDA DE SEUS FILHOS. E QUANDO APARECEREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO", conclui o Dr. Moises Chencinski.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545