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Mais sobre o leite materno

15/09/2012

Voltando ao tema de matérias que saíram de uma entrevista com boas perguntas, mas que não tiveram suas respostas publicadas na íntegra e sim como parte dessas matérias, a seguir as perguntas (com as respostas) que deram origem à matéria Guia da Nutrição Infantil que foi publicada na revista Pense Leve de setembro de 2.012. Acompanhem.

Como deve ser a alimentação nesta fase? Até que idade o bebê deve consumir o leite materno?
A orientação atual da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde do Brasil e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), entre outras instituições, é o aleitamento materno iniciado na 1ª hora de vida, exclusivo até o 6º mês de vida em livre demanda. O aleitamento pode ser estendido até pelo menos 2 anos de idade ou mais.

Nessa 1ª semana de agosto comemorou-se a 20ª Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM) com o tema ENTENDENDO O PASSADO, PLANEJANDO O FUTURO.

A partir do 6º mês de vida, de acordo com as consultas pediátricas de rotina (mensais até 1 ano, trimestrais até 2 anos e semestrais até os 4 anos), aos poucos, deve ser introduzida a alimentação complementar lembrando que até 2 anos de idade a criança pode ser considerada como lactente.

Os sucos e frutas (que devem aparecer com 4 a 5 porções diárias) e as papas salgadas devem fazer parte da dieta da criança de forma gradual, aumentando-se a consistência para que, com 1 ano de idade, a criança já esteja habilitada a comer a "comida da casa", desde que "a casa coma direito".
Liste alguns nutrientes que o bebê necessita neste momento? (qual sua ação no organismo)
O bebê precisa de uma alimentação equilibrada, apropriada para essa sua fase, que é suprida integralmente pelo leite materno.

Proteínas, carboidratos, gordura, vitaminas, sais minerais compõem as necessidades não só dos bebês, mas de todos nós.

As proteínas fazem parte das funções de nosso organismo quer sejam sob a forma de enzimas (favorecendo as reações químicas), no transporte de substâncias importantes ao nosso metabolismo como a glicose, como parte de nosso sangue (a hemoglobina) que transporta o oxigênio para os tecidos, ou participando de forma decisiva nas defesas de nosso organismo (como os anticorpos).

Além disso, como colágeno na arquitetura e mobilidade de nossos órgãos de sustentação (cartilagem, tendões, músculos), ou como reguladores das atividades metabólicas (na forma de hormônios como a insulina ou o hormônio da tireoide, por exemplo), a proteína tem papel fundamental.

Já os carboidratos deveriam ser a principal fonte de energia de nosso corpo, oferecidos de forma regular e constante. Se isso não ocorre, a nossa energia acaba vindo das proteínas que deixam suas funções mais nobres para servir de fonte de energia, sem a qual o nosso organismo não sobrevive.

Além de serem necessários para o adequado funcionamento cerebral, são fundamentais para promoverem uma boa função intestinal.

As gorduras, por sua vez, também auxiliam no adequado trânsito intestinal, são importantes fontes de energia, exercem função protetora como isolante térmico, e desempenham papel fundamental no transporte de vitaminas tipo A, D, E e K.

Proteínas, carboidratos e gorduras presentes no leite materno, sem contar as vitaminas e os sais minerais, todos em uma proporção especial são fatores de equilíbrio, de crescimento e desenvolvimento saudáveis desde o recém-nascido.
Qual a importância da amamentação?
O primeiro estímulo às defesas do organismo do bebê acontece durante a gestação. É através do leite materno que, após o nascimento, o bebê passa a receber anticorpos que irão protegê-lo contra as infecções mais comuns em nosso meio (quadros respiratórios, digestivos, entre outros).

Além disso, estabelece-se um vínculo mais intenso entre a mamãe e o recém-nascido, incluindo o pai e irmãos que participam direta ou indiretamente do processo.

O aleitamento materno evita mamadeiras e chupetas que podem interferir na amamentação e não são apropriados para favorecer o desenvolvimento facial adequado das crianças, dificultando, assim, muitas vezes, o desenvolvimento sadio da respiração, da dentição e da fala.

A mamãe também se beneficia nesse processo, pois amamentar favorece a volta mais rápida do útero ao seu tamanho normal, diminuindo o sangramento pós-parto, prevenindo quadros de anemia (isso sem contar a perda mais rápida do peso acumulado durante a gestação mantida por décadas, segundo estudos recentes).
O que é o colostro: Quais seus benefícios?
Desde o início da gestação, o corpo da futura mamãe já se prepara para a amamentação, que pode ser percebido pelo aumento do volume de suas mamas. Isso ocorre através do aparecimento de mais dutos e alvéolos mamários.As veias da mama dilatam já a partir da 5ª semana de gravidez levando a um aumento do fluxo de sangue na região já no final do 1º trimestre de gestação. A aréola e o mamilo (bico do seio) também ficam mais escuros a partir da 6ª semana de gravidez.

Por volta do 5º mês de gestação (20 semanas), inicia-se a produção do colostro. Em alguns casos, o colostro já é eliminado desde essa fase, mas a presença da placenta inibe a sua maior saída.

Ao nascimento, quando a placenta é eliminada, os níveis de progesterona caem com aumento dos hormônios responsáveis pela produção e eliminação do leite (a prolactina). Assim que o bebê nasce, a sua sucção estimula a produção e eliminação do colostro, o leite necessário e suficiente para o recém-nascido, que deve iniciar essa atividade já na 1ª hora de vida.

O colostro é o leite que é produzido e oferecido nos 5 a 7 primeiros dias de vida, mais fino, mais amarelado, contendo água, é rico em proteínas, menos carboidratos e gordura, sais minerais e uma quantidade considerável de anticorpos.

Pelas suas características e quantidade e fluidez, muitas mães pensam ter pouco leite ou um leite fraco, se preocupam e emocionalmente interferem na produção e saída do leite. Esse é o momento de estimular mais e mais o aleitamento, pois quanto mais o bebê sugar, maior será a saída de colostro, maior a produção de leite.O colostro tem menos gordura que o leite materno e em volumes pequenos facilita a digestão.
Quais problemas de saúde a amamentação pode evitar, conforme o desenvolvimento da criança?
São inúmeros os benefícios do aleitamento materno no desenvolvimento adequado da criança. Estudos comprovam que crianças amamentadas apresentam menor risco de alergias alimentares, obesidade infantil, alterações metabólicas, diabetes, hipertensão, entre outros.

Isso sem contar que a amamentação favorece um maior vínculo familiar, levando a criança a uma melhor adaptação em relação ao sono, ao ritmo intestinal e mais segurança em relação aos contatos com a família.

A anemia também é evitada, pois o ferro presente no leite materno tem uma grande biodisponibilidade, maior do que na maioria dos alimentos que podem até ter maior quantidade dessa substância, mas que não é absorvida de forma satisfatória.
O que fazer caso a mulher não tenha leite para amamentar?
Desde a primeira consulta pediátrica de rotina, feita após 7 a 10 dias de vida, deve ser feito o estímulo e a orientação ao aleitamento materno exclusivo.

Existem casos em que, mesmo com toda intenção e boa vontade da família, mesmo com essa orientação, não há uma produção satisfatória e adequada do leite materno para suprir as necessidades de um bebê.

Nesse caso, é importante o contato mais próximo com o pediatra que após uma avaliação irá orientar a introdução de fórmulas alimentares (lácteas) apropriadas para cada situação.

Não se deve oferecer ao bebê leite integral abaixo de um ano de idade (risco de anemia, sangramento intestinal e alergias), assim como deve ser evitada a oferta de leite de soja abaixo dos 6 meses de idade (pela presença de fitormônio).

Após o acompanhamento para introdução inicial de fórmulas, a introdução de outros alimentos (sucos, frutas, papas sagadas) também deve ter orientação do pediatra que acompanha a criança.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545