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Mais sobre vacinação

03/11/2012

Mais uma vez um material que não pode ser desperdiçado. Veio de uma entrevista para a matéria que foi publicada na revista da Ana Maria Braga sobre a Hora da Vacina. seguem as peeguntas da jornalista e as minhas respostas sobre o tema.


Quais são as vacinas importantes de se dar nos bebês e nas crianças em cada fase de vida?
Existe um Calendário Oficial de Vacinações do Ministério da Saúde (MS), que inclusive sofreu mudanças a partir de julho de 2012 e um Calendário das vacinas recomendadas pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e pela Associação Brasileira de Imunizações (SBIm), que é mais amplo, porém com custo para aplicação, pois inclui vacinas não disponíveis na rede pública.

Esse é o novo calendário oficial do Ministério da Saúde, na rede pública, a partir de 1º de julho de 2012.

As vacinas que constam de ambos os Calendários são:

- BCG-ID (contra tuberculose) aplicada atualmente na maternidade.
- Hepatite B (esquema de 3 a 4 doses) com a primeira dose na maternidade também.
- Paralisia infantil (Salk ou Sabin) – 3 doses + 1 reforço.
- Tríplice bacteriana (contra difteria, tétano e coqueluche) – 3 doses aos 2, 4 e 6 meses.
- Pneumococos – 3 doses + 1 reforço (10 ou 13 valente).
- Meningite C – 2 doses +1 reforço.
- Rotavírus – 2 a 3 doses.
- Tríplice viral (Sarampo, caxumba e rubéola) – 1 dose + 1 reforço.
- Varicela (Catapora) – 1 dose + 1 reforço.
- Hepatite A – 2 doses espaçadas de 6 meses.
- Febre amarela (para quem mora ou vai viajar a zona endêmica) 1 dose + 1 reforço.
- HPV – apenas na rede particular (entre 9 e 25 anos).
Dessas, quais são oferecidas de graça pelo governo e quais devem ser pagas?
A maioria dessas vacinas já se encontra em disponibilidade nos serviços públicos de saúde. Para facilitar a aplicação, muitas vacinas estão sendo produzidas em conjunto, diminuindo assim as idas aos centros de vacinação e o número de aplicações, sem um aumento significativo dos efeitos colaterais indesejáveis das vacinas.

Um exemplo é a vacina contra difteria, tétano e coqueluche (tríplice bacteriana) que era aplicada com a Haemophilus (tetravalente) e que a partir de julho, na rede pública, ganhou a hepatite B em sua composição, transformando-se na pentavalente (que pode ser vista no calendário do Ministério).

Isso sem contar a mudança da Sabin, agora com as duas primeiras doses baseadas em vírus inativado (Salk aos 2 e 4 meses - injetável) e a terceira dose e o reforço em vírus vivo atenuado (Sabin aos 6 meses e 15 meses – oral – as gotinhas)

Mesmo assim, é importante estar atento às vacinas, pois elas muitas vezes são diferentes (rede pública vs. rede particular), apesar de aparentemente terem o mesmo tipo de proteção.

Algumas vacinas, mesmo presentes nos postos, são diferentes das que são aplicadas na rede particular de vacinação. A tríplice bacteriana da rede pública (difteria, tétano e coqueluche) pode provocar mais reações. Já a tríplice acelular (onde o componente da coqueluche – pertussis – é modificado), aplicada apenas na rede privada, apresenta menor risco de efeitos colaterais indesejáveis.

Outras não estão ainda à disposição na rede púbica, mas são importantes em sua aplicação (Hepatite A, Varicela, HPV).

Isso sem contar um esquema especial de vacinação para prematuros, onde é incluída uma vacina (Palivizumabe) contra o Vírus sincicial respiratório que costuma atacar mais essas crianças (causador da bronquiolite).

Links do site da SBIm para o Calendário Oficial da SBP para 2012 / 2013.
- Prematuros
- Crianças
- Adolescentes
Muitas mães têm medo de dar algumas vacinas, porque existem suspeitas de que podem causar autismo. O que o sr. diria para essas mães?
De tempos em tempos aparecem algumas citações e informações como essas. Não há nenhum trabalho científico aceito pela comunidade científica nacional e internacional que comprove qualquer ligação de qualquer vacina com o autismo. Há que se tomar muito cuidado com determinados grupos extremistas que, sem base nenhuma ainda de comprovação alegam riscos.Informem-se com seus pediatras.
E em relação a outras reações adversas a vacinas? Algumas podem ser muito graves?
Há vacinas que podem apresentar efeitos colaterais como dor (no local da aplicação), febre, náuseas, vômitos, dores de cabeça. A imensa maioria dessas reações é leve e passageira. Em caso de reações mais importantes, o pediatra e/ou o serviço de saúde onde foi aplicada a vacina deverão ser avisados para as devidas providências.trabalhos que mostram que não se deve dar analgésicos, antitérmicos ou anti-inflamatórios de rotina, antes da vacina, para prevenir os efeitos colaterais. Isso pode alterar e prejudicar a eficácia das vacinas.
Qual é a importância de manter a vacinação das crianças em dia?
Quando pensamos em saúde, inclusive das nossas crianças, a abordagem deve ser ampla, iniciando desde o pré-natal feito adequadamente, um parto bem conduzido, passando pelo aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e estendido até 2 anos de idade, com a introdução da alimentação complementar, após os 6 meses de idade, de acordo com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da SBP.

Não podemos esquecer os cuidados básicos de higiene pessoal e ambiental, de um estilo de vida saudável, com atividades físicas saudáveis e apropriadas para cada faixa etária.

Além disso, para a prevenção de doenças infectocontagiosas, muito comuns em nosso meio, a vacinação cumpre um papel importantíssimo, não só como proteção individual, mas também como parte da estratégia de prevenção comunitária, de outras crianças também.

Não há mais aquela ideia de que é melhor adoecer quando pequeno do que quando adulto. Isso levava nossos avós e nossos pais a nos colocar em contato com crianças doentes – catapora, caxumba, etc. – assim que aparecia alguém, com esse tipo de patologia, para "pegar logo e se livrar quando crianças".

A meta é simplesmente não adoecer. E a vacinação é parte fundamental dessa meta.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545