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Muito cuidado no uso de qualquer medicamento sem orientação médica, mesmo uma aparentemente "inocente vitamina C"
Por Márcia Wirth - MW CONSULTORIA DE COMUNICAÇÃO
19/02/2013
A falta de vitamina C pode levar a uma doença conhecida como escorbuto, bem como a alterações do sistema imunológico, favorecendo quadros de infecções respiratórias em qualquer faixa etária.
Entretanto, o contrário não é válido, ou seja, o excesso de oferta de vitamina C não protege contra essas infecções e nem contra câncer e doenças cardíacas, como sugeriu Linus Pauling, ganhador de prêmio Nobel de Química (1954) e da Paz (1962 – luta contra armas atômicas).
Sua proposta era de 3.000 mg/dia para esse efeito, muito além dos 1.000 mg (1 gr) proposto em um estudo realizado na Divisão de Epidemiologia Nacional do Instituto Karolinska, na Suécia e publicado no JAMA – Journal of American Medical Association (04/02/2013), que demonstrou que ingestões diárias de vitamina C acima de 1.000 mg podem causar cálculos renais em homens entre 45 e 79 anos (quase 46.000 casos estudados).
Desde 1996, Linus Pauling tomava diariamente uma dose de 18 gramas (18.000 mg) de vitamina C ao dia. Em 1991, descobriu que tinha câncer e faleceu aos 93 anos. Enquanto ele acreditava que a vitamina C havia retardado o aparecimento dessa doença em seu organismo, na época, todos achavam que essas altas doses foram as responsáveis pelo seu adoecimento.
"Nosso organismo utiliza as suas necessidades da vitamina C e o resto é eliminado pela urina de forma que, por suas características, o excesso de vitamina C no organismo aumenta muito os riscos de formação de cálculo renal, conforme comprovado por trabalhos (como esse relatado acima, realizado na Suécia). Vale lembrar que a concentração dos comprimidos efervescentes de vitamina C vão de 500 mg a 1.000 mg. É esperado que uma dose desses comprimidos não vá levar a um quadro de complicações, mas há que se lembrar que cada indivíduo tem sua maior ou menor sensibilidade ao estímulo", explica o pediatra Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Assim sendo, muito cuidado no uso de qualquer medicamento sem orientação médica, mesmo uma aparentemente "inocente vitamina C".
Necessidades de ingestão diária de vitamina C
DRI – Ingestão diária recomendada (mg/d)
Crianças e adolescentes
0 a 6m – 40
6m a 12m – 50
1 a 3a – 15
4 a 8a – 25
9 a 13a – 45
14 a 18a – 65 (F) / 75 (M)
Masculino
- Acima de 19 anos – 90
Feminino
- Acima de 19 anos – 75
Gravidez
≤ 18ª – 80
- Acima de 19 anos - 85
Lactação
≤ 18a – 115
- Acima de 19 anos – 120
Fumantes
35 mg a mais do que os não fumantes da mesma faixa etária.
Concentração de vitamina C nos alimentos
Na medida de 100 gramas, há uma oferta de vitamina C para todos os gostos, especialmente em frutas. Mas verduras também podem ser fontes dessa vitamina. Lembrem-se de que as quantidades são por 100 gramas do alimento (com base na tabela TACO):
• Agrião cru (60,1 mg); couve manteiga crua (96,7) ou refogada (76,9); pimentão cru amarelo (201,5), vermelho (158,2) ou verde (100,2) são exemplos de alimentos que não são frutas que também podem ter vitamina C.
Mas, certamente, as frutas são os principais "fornecedores" da vitamina C para o organismo, em quantidades variadas e suficientes, se seguirmos as recomendações de 5 a 6 porções de frutas ao dia para adultos e de 4 a 5 para crianças.
• Acerola crua (940 mg) ou em polpa congelada (632), laranja baia crua (57) ou suco (94,5), laranja lima (43,5), suco de limão cravo (32,8) ou galego (34,5), mamão formosa (78,5) ou papaia (82.2), manga Palmer (65,5), mexerica Rio (112) e morango (63,5), por exemplo, são frutas com ótima quantidade e concentração da vitamina. "Imaginem isso tudo em uma deliciosa salada de frutas natural, sem nenhuma necessidade de adição de açúcar", diz o médico.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545