Do site Tempo de Mulher
Como falar de sexo abertamente com os filhos e perder o medo de tratar do assunto? Especialistas dão conselhos para quando a hora chegar, confira.
Da Redação
18/03/2013
Conversar sobre sexo com os filhos costuma ser um tabu para muitos pais e mães. Quando eles menos esperam, surgem as espinhosas perguntas sobre sexualidade. De onde vêm os bebês? O que é sexo? Como eu fui parar na barriga da mamãe? Essas dúvidas aparecem quando os pais nem sempre estão preparados para esclarecê-las.
Especialistas são taxativos ao dizer que a educação sexual começa já na infância e, nas primeiras demonstrações de interesse dos filhos, os pais devem se mostrar abertos para a conversa. Na opinião da sexóloga e psicoterapeuta reichiana Isabel Delgado, do Rio de Janeiro, a maioria dos pais ainda fala muito pouco sobre sexo com os filhos. E deveria satisfazer a curiosidade dos pequenos na primeira pergunta que surgir. "Assim que a criança esboçar o desejo de entender algo e pedir algum tipo de explicação tem que recebê-la com a mesma naturalidade de outras explicações. A criança irá encarar como algo natural de acordo com a forma que foi explicado", destaca Isabel.
Uma dica para pais e mães tratarem o assunto numa boa é aproveitar ocasiões como um filme, um programa de televisão, um livro ou uma reportagem que abordem temas ligados a sexo/sexualidade para conversar. Para o pediatra Moisés Chencinski, não é necessário e nem adequado marcar dia e hora. "Quanto mais você participar da vida deles, mais ocasiões vai encontrar para iniciar o assunto", acrescenta o pediatra.
A bióloga Mariana Trama lembra quando o filho Pedro, hoje com 10 anos, perguntou algo sobre sexo quando ambos foram a uma exposição sobre corpo humano quando ele tinha quatro anos. Como havia maquetes do caminho que o esperma faz até o óvulo e o filho não entendeu, ela resolveu explicar a questão. "Ele ficou olhando e não entendeu. Disse a ele que o homem dava uma sementinha para a mulher quando eles se amavam muito. Falei que o homem tem um saquinho onde guarda as sementinhas e depois depositava dentro da mãe", conta.
A sexóloga Isabel recomenda que pais e mães realmente deem 'nome aos bois' quando forem tratar de sexo com os filhos e evitem eufemismos. Para Isabel, é preciso usar os termos certos para a informação chegar com objetividade. Os erros acabam acontecendo por excesso de preocupação e vão desde cercar de mistérios até tratar o assunto de forma diferenciada.
"Nessas horas é bom usar um termo que a criança entenda e até dar sinônimos até para a criança ouvir na escola e compreender o que está ouvindo. Até porque ela não vai escutar os nomes técnicos com os amiguinhos, mas os termos genéricos. E aí é bom que saiba associar", diz a sexóloga.
A sexóloga e psicoterapeuta Isabel Salgado explica que pais e mães devem dar "nome aos bois" quando forem tratar de sexo com os filhos e evitar eufemismos. Para Isabel, é preciso usar os termos certos para a informação chegar com objetividade.
"Se os pais falam dos pássaros, das abelhas, a criança vai achar que são os pássaros e as abelhas. Porque tem uma fase que ela entende concretamente o que ouve. Se ficar usando firulas, a criança vai achar uma coisa que não tem nada a ver com aquilo ali. Nessas horas é bom usar o termo certo para que ela entenda do que se está falando e até dar os sinônimos", adverte a sexóloga.
Os erros acabam acontecendo por excesso de preocupação e vão desde cercar de mistérios até tratar o assunto de uma forma diferenciada. O tema deve ser tratado de forma natural para a criança ver que não há o menor problema em falar dele. 'O mais importante é manter sempre e não apenas sobre sexo, mas em todos os assuntos, o canal aberto para que os filhos se sintam acolhidos nas questões deles, qualquer que seja essa questão', comenta Isabel.
Um erro comum é querer explicar demais. Quando a criança pergunta, de acordo com a idade, ela vai ouvir até um determinado ponto. Se virou as costas e foi brincar, é para deixá-la ir, quando ela quiser saber o restante vai perguntar de novo. Na opinião da psicoterapeuta, as pessoas tendem a ir atrás querendo levar o assunto de forma completa, mas isso é uma necessidade do adulto.
'Para a criança, quando ela se sente respondida já é o suficiente e vai fazer outra coisa. Então, é ela quem determina o fim do papo. Depois, se perceber o canal aberto, pode voltar a qualquer momento para perguntar o resto, mas dependendo da idade a curiosidade vai até ali. Respondeu aquilo, pronto, para ela está resolvido', avalia Isabel Delgado, que atende na Neurofocus Psicoterapias, do Rio de Janeiro.
Repita as explicações quantas vezes forem necessárias. Muitas vezes, sexo é um assunto muito mais delicado para os adultos do que para as crianças. Se o seu filho fizer a mesma pergunta várias vezes, não demonstre irritação ou impaciência. 'Não se preocupe com a ideia de que o questionamento significa o desejo de praticar sexo. A infância é uma fase de descobertas e a curiosidade é normal', ressalta o pediatra Marcelo Reibscheid.
Muitos pais lidam mal com o assunto porque acham complicado, mas a compreensão da criança se dará pela maneira que eles derem a informação. Um erro é os pais repassarem seus próprios preconceitos incorporando como verdades absolutas.
'Devem passar a informação abrindo o leque para a criança entender que ela tem direito de concordar com aquilo ou não. Quer dizer, existem os limites de padrão de comportamento social e existem os preconceitos. Os pais passam muito os preconceitos, principalmente sobre sexo', explica a sexóloga.
O pai ou a mãe que perceber que tem dificuldade de falar sobre sexo com seu filho deve buscar trabalhar isso. Precisa tentar entender o porquê, quase sempre essa dificuldade é de como ele próprio lida com a sexualidade.
'Eles têm que se trabalhar para serem capazes de passar para as crianças e serem compreendidos por elas. Podem se utilizar de livros, de filmes, de algo que surge no dia a dia de forma natural deixando sempre o espaço aberto para que o pequeno entenda que pode perguntar daquele assunto como de qualquer outro', avalia Isabel.
Esse "trabalhar" entre pais e filhos pode ser de várias formas: ler um livro, assistir a um programa de TV ou procurar um profissional. 'Se o pai ou a mãe estiver em um processo terapêutico, pode falar dessa dificuldade com o terapeuta. E pedir ajuda a um parente ou amigo que saiba lidar melhor com assunto ou com crianças. Ou ainda conversar com o professor do filho, enfim, se valer tudo que facilite o acesso', destaca Isabel Delgado, sexóloga e psicoterapeuta.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545