Do site JorNow
por Márcia Wirth - MW-Consultoria de Comunicação & Marketing em Saúde
17/06/2013
Para algumas mães, a maior preocupação com a amamentação gira em torno de sua própria condição física e não em torno da saúde de seus bebês. Uma vez que algumas doenças infecciosas podem ser transmitidas para o bebê através do leite humano, é recomendável que a mãe discuta seu histórico médico com o pediatra e com o obstetra antes de tomar qualquer medida radical.
HIV
“Mães infectadas com o HIV não devem amamentar, uma vez que o vírus pode ser passado no leite materno para o bebê. Estas mulheres podem, no entanto, alimentar seus bebês com leite humano pasteurizado, disponível em bancos de leite. O leite doado é obtido a partir de mães livres do HIV e de outras doenças infecciosas, em seguida, é processado e pasteurizado, passando por procedimentos padrões”, informa o pediatra Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Hepatites
Se a mãe está infectada com a hepatite B, o bebê também deve ser imunizado contra a doença o mais cedo possível, após o nascimento. Vacinar a criança logo após o parto é altamente eficaz na prevenção da propagação do vírus da hepatite B da mãe para o bebê. Na verdade, a vacina contra a hepatite B é recomendada para todos os bebês, com a mãe infectada com hepatite B ou não.
“O vírus da hepatite B já foi detectado no leite humano, mas a amamentação não aumenta o risco de infecção do bebê. A infecção materna com o vírus da hepatite B é compatível com a amamentação e não há necessidade de retardar o início da amamentação até que a criança seja imunizada contra a doença”, explica o médico.
A infecção materna com hepatite C também é compatível com a amamentação. Apesar de o bebê poder ser infectado com a hepatite C durante a gravidez ou o parto, os bebês amamentados não têm taxas mais elevadas de hepatite C do que crianças alimentadas com fórmulas.
“A amamentação pode até mesmo ajudar a prevenir a propagação da hepatite C da mãe para o bebê, fornecendo anticorpos passados para o bebê através do leite materno”, observa o pediatra, que também é autor do Blog Mama que te faz bem.
Mastite
Outros tipos de infecções precisam ser avaliados em conjunto pelo obstetra e pelo pediatra, mas poucos casos vão impedir a amamentação. “Isto é verdadeiro mesmo quando a infecção ou inflamação envolve a mama em si, como no caso de mastite, uma infecção de uma secção da mama. Esta condição é normalmente tratada com antibióticos, amamentação frequente, e / ou retirada do leite materno com uma bomba, apropriada ingestão de líquidos, medicação para a dor e descanso”, diz Moises Chencinski.
Tuberculose
Mães com tuberculose podem amamentar se estiverem tomando a medicação apropriada para tratar a doença. Mães com tuberculose não tratada, no momento do parto, não devem amamentar ou entrar em contato direto com seus recém-nascidos até que comecem o tratamento medicamentoso adequado e que não estejam na fase infecciosa da doença.
“Na maioria dos casos, elas poderão amamentar de maneira segura duas semanas depois de iniciar o tratamento adequado e após a liberação do médico para tanto. Estas mães podem começar a bombear seu leite logo após o parto para oferecê-lo ao bebê até que possam amamentar diretamente. Se a mãe já teve um teste cutâneo positivo para tuberculose, mas um raio X normal, ela deve conversar com seu médico para ver se precisa ser tratada com medicação e se poderá amamentar nestas circunstâncias”, explica o médico.
Câncer de mama
Se a mãe foi diagnosticada com câncer de mama no passado e foi tratada, ela pode estar preocupada com os efeitos do aleitamento materno sobre o bebê e sobre o próprio organismo.
“Câncer de mama anterior não significa que a mãe não possa amamentar seu bebê. Se a mãe se submeteu a uma mastectomia, ela pode amamentar o bebê com a mama restante. Se a mãe já teve um tumor removido do peito ou se submeteu a tratamentos de radioterapia, ainda assim ela poderá amamentar. É muito comum que essas mulheres considerem sua produção de leite pequena, no entanto, é recomendável discutir as opções de amamentação com o médico”, afirma Chencinski.
Cirurgias plásticas
No passado, havia muita preocupação sobre a segurança da amamentação após o implante mamário de próteses de silicone. Hoje, sabemos que não há nenhuma evidência científica de que os implantes mamários de silicone possam prejudicar a amamentação.
“Na maioria dos casos, a cirurgia plástica para aumentar os seios não interfere significativamente com a capacidade de amamentar, desde que os mamilos não tenham sido removidos e/ou que os ductos tenham sido cortados. Em alguns casos de aumento de mamas, as mulheres podem apresentar tecido mamário subdesenvolvido. Nestes casos, a relativa falta de tecido glandular da mama pode interferir na produção adequada de leite materno. Com qualquer cirurgia de mama anterior, o bebê terá de ser monitorado cuidadosamente para ter certeza de que ele está recebendo leite suficiente”, explica o pediatra.
A cirurgia para reduzir o tamanho dos seios (redução de mama) apresenta mais chances de interferir na amamentação, especialmente se os bocais foram reposicionados durante o decurso da cirurgia, resultando no corte total dos canais de leite ou nervos. “Muitas mulheres que fizeram este tipo de cirurgia de mama são capazes de amamentar. Quanto mais tempo se passar após a cirurgia, mais probabilidades que o aleitamento materno, ou pelo menos a amamentação parcial, seja bem sucedido”, diz o médico.
Segundo Moises Chencinski, se a mãe já passou por qualquer procedimento cirúrgico na mama, até mesmo uma biópsia, deve revelar o fato ao obstetra e ao pediatra, visando assegurar que o bebê receba leite materno suficiente.
Doenças rotineiras
Mesmo as mães mais saudáveis, por vezes, ficam doentes. “Se a mãe está temporariamente impedida pelo médico de amamentar por causa de uma doença grave ou enquanto estiver tomando certos medicamentos, ela deve manter sua produção de leite, retirando-o com uma bomba manual ou com uma bomba elétrica. Obviamente, este processo não se equipara à experiência da amamentação real, mas ainda assim é melhor que o bebê receba o leite de sua mãe do que leite doado por outrem ou fórmulas”, recomenda Chencinski.
Qualquer que seja a doença rotineira da mãe é importante lembrar que ela não vai durar muito tempo e que a amamentação pode continuar por meses ou anos. “Usando uma bomba para manter a produção de leite, a mulher pode garantir uma relação de amamentação contínua com seu filho depois de se recuperar e por um longo tempo. Felizmente, doenças mais graves são raras e infecções simples mais comuns raramente interferem na capacidade de amamentar da mulher”, diz o pediatra.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545