Do site JorNow
Por Márcia Wirth - MW CONSULTORIA DE COMUNICAÇÃO
23/07/2013
A cada dia que passa, mais e mais estudos são realizados e divulgados a respeito da obesidade infantil. Há uma busca constante tentando relacionar causas evitáveis para essa que é, sem a menor sombra de dúvida, a maior epidemia de doença crônica não transmissível do século 21, segundo dados da OMS.
Fatores relacionados à gestação, ao aleitamento materno, ao hábito alimentar das crianças em casa, na família, na escola, à publicidade, à cultura são motivos de comprovação de causas multifatoriais no assombroso aumento de peso mundial. Até quando o nosso planeta pode aguentar, sem implodir, perante o aumento de peso mundial de seus habitantes?
Sem pânico, a Terra pode resistir, mas seus habitantes, apesar de terem expectativas de vida cada vez maiores (em termos de anos), estão cada vez mais entregues ao controle medicamentoso de patologias que chegam a cada dia mais a afetar as crianças (diabetes tipo 2, dislipidemias, hipertensão arterial, obesidade infantil, alergias, doenças autoimunes dentre muitas outras).
Enquanto não houver um comprometimento de todas as áreas responsáveis, como a família, a escola, a sociedade, os profissionais de saúde, a mídia, o governo, sempre estaremos tomando medidas paliativas, sem atacar de fato o problema da obesidade com a seriedade e a abrangência necessárias.
“Neste sentido, quero destacar dois estudos publicados na revista Pediatric Obesity, de junho de 2013, relacionados à influência das mães e dos pais no desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade”, afirma o pediatra Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
1) Estudo relacionando a influência do IMC da mãe e do IMC do pai ao IMC da criança (estudo longitudinal de Fels)
Os autores do estudo se basearam em algumas informações já conhecidas sobre o assunto:
• Um aumento precoce da adiposidade está cada vez mais prevalente em muitas partes do mundo;
• A obesidade dos pais é um dos muitos fatores previamente associados com o peso, estatura e adiposidade precoce das crianças, representando um marcador da complexa interface entre os fatores genéticos e ambientais e são potencialmente modificáveis;
• Ainda não foi estabelecida de fato a influência do IMC dos pais no desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade na infância, bem como o tempo desses efeitos.
Para isso, foram estudados dados de medidas seriadas de crianças na faixa de recém-nascidos a 3 anos e meio, obtidas de 912 crianças nascidas entre 1928 e 2008, juntamente com a análise de IMC do pai e da mãe e cruzados com outras informações sobre parto, idade e sexo das crianças, por exemplo.
Algumas conclusões do trabalho foram bem interessantes:
• Ao nascimento e na infância mais tardia (entre 2 e 3 anos e meio), o IMC da mãe tem uma influência muito maior do que o IMC do pai na obesidade infantil, sugerindo que o controle do peso na gestação pode ser muito benéfico como fator de prevenção. “Assim, aumenta a importância do pré-natal adequado, com uma orientação de alimentação saudável para controle do ganho de peso durante a gestação”, diz o pediatra;
• “Além disso, a observação de que a influência do IMC materno não é constante, mas sim no RN e após os 2 anos de idade, sugere que há uma janela de oportunidades na infância precoce onde intervenções direcionadas a filhos de mães com sobrepeso e obesas podem ser mais eficazes”, afirma Moises Chencinski.
2) Um estudo sobre a influência do ganho de peso na gestação relacionando-o ao risco de sobrepeso na infância
Partindo do princípio que o ganho de peso na gestação é um fator de risco modificável no sobrepeso da criança, pesquisadores selecionaram estudos sobre o assunto.
As principais conclusões apontaram para evidências de chances de pelo menos 21% a 30% de risco de sobrepeso na infância relacionado ao excessivo ganho de peso materno na gestação.
“Assim, mais uma vez se comprova a importância do pré-natal bem conduzido e do compromisso da mãe com o controle de sua alimentação (qualitativa e quantitativa), retomando mais uma vez a antiga questão sobre a necessidade do controle de peso, não só pelos riscos para a mãe (hipertensão, diabetes gestacional, eclâmpsia, parto prematuro, outras doenças infecto-contagiosas) bem como para a promoção da saúde da criança, controlando a epidemia de sobrepeso e de obesidade que já estamos vivendo”, destaca o pediatra.
Moises Chencinski defende também que “é bom que fique muito claro que esse controle desejável e primordial, partindo-se de um pré-natal adequado e bem orientado é apenas uma das muitas estratégias importantes no sentido de promover a saúde das crianças, no que diz respeito ao controle de peso, mas que não se pode atribuir apenas à gestante e à mãe a responsabilidade para o controle do quadro”.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545