Do site Atmosfera Feminina
Se basta entrar no carro, no ônibus ou no avião, pisar num navio, tomar um trem, assistir a um filme em 3D, jogar videogame ou andar na montanha-russa para o seu baixinho ter tontura, sensação de desmaio, transpirar a ponto de molhar a roupa e o cabelo, ficar pálido, ter dificuldade para respirar e até vomitar, abra olho: esses são alguns dos sintomas típicos da cinetose.
Da Redação
13/09/2013
Também conhecida como síndrome do movimento, ela pode ser hereditária e acontece quando a criança passa por alterações bruscas de movimento. "Diante disso, o cérebro recebe informações desconexas dos olhos, dos receptores sensoriais das articulações e músculos e também do labirinto, que é o centro de equilíbrio do corpo localizado no interior do ouvido e que nas crianças é imaturo. E isso gera desequilíbrio e náusea", explica o pediatra Yechiel Moises Chencinski, de São Paulo, um dos autores do livro Gerar e nascer – um canto de amor e aconchego.
Segundo o especialista, como o diagnóstico dessa síndrome é clínico e depende do que o paciente conta para o médico, identificá-la não é algo fácil em menores de três anos. "Como nessa idade as crianças não sabem dizer o que sentem, quando têm desconforto elas acabam chorando ou se agarrando à mãe ou a algum objeto próximo, e isso muitas vezes é interpretado como birra ou manha", completa Yechiel.
Como prevenir e resolver
Tudo depende da avaliação e orientação médica, mas há casos em que é necessário uma indicação avaliação do médico para indicar médica de medicamentos para aliviar os sintomas da cinetose e outros em que a síndrome desaparece sozinha. "Em ambas as situações a prevenção é possível. Basta oOferecer à criança uma refeição leve antes de ela viajar ou de ir ao parque de diversões, não deixar que leia, jogue videogame ou mexa no computador quando o meio de transporte estiver em movimento nem ir a brinquedos que girem ou virem de ponta-cabeça, são atitudes válidas para ajudar a reduzir ou prevenir os sintomas. No carro e no avião também é válido reclinar o banco para dormir", sugere o pediatra.
Moises Chencinski – A Páscoa é uma festa da família, onde tradições podem e devem ser seguidas. E os ovos de Páscoa fazem parte dessa “tradição familiar”. Infelizmente, há muitas questões envolvidas nessa situação que fazem da Páscoa e do abuso do chocolate um problema muito mais complexo do que se imagina e de muito difícil solução.Assim como vamos ao banheiro quando temos vontade, dormimos quando temos sono, deveríamos comer apenas quando tivéssemos fome. Entretanto, a publicidade e o marketing, as tradições e as pressões sociais envolvidas modificam essa dinâmica.O apelo da mídia com foco nas crianças é responsável, sem sombra de dúvida, por grande parte desta transformação de nosso país, passamos de uma maioria de desnutridos a um nível de sobrepeso e obesidade nunca antes vistos no Brasil. E o que poderia ser mais “bonito” do que a família toda feliz, ao redor de um grande ovo, compartilhando as tradições da festa? Difícil resistir, não é mesmo? E isso sem contar o imenso aumento do custo do ovo de chocolate, se comparado às tradicionais barras da mesma marca. Assim, ou atuamos de uma forma mais adequada, com regulamentações vindas de instâncias superiores, ou nossos esforços como pediatras, nutricionistas e nutrólogos serão muito pouco eficazes na tentativa de conter ou pelo menos reduzir os danos provocados pela atual epidemia de sobrepeso e obesidade infantil, que não é um privilégio do Brasil, mas que é, segundo a OMS, a doença crônica epidêmica não contagiosa mais prevalente do nosso século.
Moises Chencinski – Toda questão de hábitos deve ser tratada desse muito cedo, não sendo necessário se esperar uma ocasião especial para decidir sobre o assunto. Se a criança teve seu aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, estendido até dois anos ou mais e se ela teve a introdução da alimentação complementar feita de forma adequada e, principalmente, se os hábitos da família são saudáveis, as chances de essa criança se satisfazer com um ovo de tamanho aceitável (sem 2 ou 3) é grande. Por quê? Pois esse é o hábito da família. Chocolate é muito gostoso e essa é uma época onde “um pouco a mais” não vai interferir. A questão é que as crianças já chegam à época da Páscoa com “muito a mais” de chocolate e aproveitam essa oportunidade para o abuso. Assim, é importante que os pais estabeleçam suas metas, seus limites, suas exceções para que, quando chegue qualquer situação festiva (aniversário, Páscoa, Natal e muitas outras) a criança aproveite a proximidade da família, a motivação da festividade, até comendo algum tipo de alimento que não faz parte de seu dia-a-dia, mas sem que isso traga riscos à sua saúde e nem se transforme em um hábito inadequado.
Moises Chencinski – Quando comemos um chocolate, normalmente não vamos procurar informação sobre sua composição. Eles são gostosos e pronto, não é mesmo? Alguém já parou para pensar por que dizemos que alguém é chocólatra? Historicamente, o chocolate era consumido apenas como uma bebida espessa, amarga (xocolat é uma palavra asteca que quer dizer água amarga), misturada com fubá e canela. Foi em 1876 que o leite foi adicionado ao chocolate, tornando-o mais próximo do que ele é hoje. Em sua fórmula, o chocolate tem cerca de 10% de proteínas, 30% de gordura e 60% de carboidratos. O excesso calórico desse alimento faz dele um dos principais responsáveis, tanto pela criação do hábito, quanto pela sua inadequação na composição do cardápio infantil adequado. Em sua composição, o chocolate contém algumas substâncias não nutritivas, que agem no cérebro causando uma sensação de prazer e de bem estar: a cafeína, a feniletilamina (PEA) e ácido oxálico. A feniletilamina libera dopamina em nosso cérebro (sensação de bem-estar e felicidade), mas também pode provocar contração dos vasos sanguíneos do cérebro, podendo levar à enxaqueca. O ácido oxálico está presente no cacau e pode reagir com o ferro, magnésio e cálcio de nosso corpo, interferindo de forma negativa em sua absorção. Seu metabolismo pode levar à formação de oxalato de cálcio, possibilitando a formação de cálculos renais. E o chocolate também tem a teobromina (efeitos semelhantes à cafeína). Há muitos outros compostos nos chocolates que variam de acordo com marca, tipo de apresentação e outras características, sendo que cada um desses componentes tem sua função (cor, sabor, aroma) na fabricação do produto. Um dos exemplos é a presença de leite integral em sua formulação. A orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Organização Mundial de Saúde é a oferta de leite integral apenas acima de um ano de idade, na prevenção da alergia à proteína do leite de vaca. Outro fator é a associação do chocolate ao hábito da sobremesa, substituindo o consumo de frutas (3 a 5 porções ao dia para crianças) ou ao hábito de “beliscar entre as refeições”, aumentando o consumo calórico do dia, muitas vezes, interferindo na aceitação da refeição seguinte. Enfim, abaixo de um ano de idade não há muito o que se inventar, se queremos uma alimentação adequada e equilibrada, preparando adultos saudáveis:
• Aleitamento materno desde a 1ª hora de vida, exclusivo até o 6º mês de vida, em livre demanda, estendido até 2 anos ou mais;
• Introdução de alimentação complementar (frutas, legumes, verduras, almoço e jantar) a partir do 6º mês, já com alguma consistência.
Gosto de dizer que abaixo de um ano de idade devemos evitar todo tipo de alimento que venha em saquinho, potinho, caixinha ou latinha. A intenção é que a alimentação seja a mais natural e saudável possível. O chocolate não se encaixa em nenhum dos quesitos da alimentação necessária ou adequada para crianças abaixo de um ano de idade.
Moises Chencinski – Os brindes podem e fazem o consumo de qualquer alimento aumentar, até para adultos, mas muito mais pelas crianças. E essa estratégia não é utilizada apenas em ovos de Páscoa. Grandes redes de fast-food, por exemplo, são responsáveis por uma imensa disseminação desse hábito, fazendo com que entidades que se interessam pelo assunto tentem, a muito custo, restringir a propaganda desse tipo de alimentos direcionada às crianças. Infelizmente, apesar de muitas tentativas de sociedades de classe (SBP, SPSP, entre outros), de órgãos sem fins lucrativos (ALANA) entre outros, os resultados ainda são desanimadores. A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) aprovou, em dezembro de 2012, projeto de lei (193/2008), propondo restrições à publicidade de alimentos não saudáveis nas rádios e TVs, entre 6 e 21 horas. A iniciativa contava com grande apoio da sociedade: 73% dos pais de crianças entre 3 e 11 anos, entrevistados em 2010, segundo pesquisa do Datafolha. No entanto, o projeto foi vetado pelo governador Geraldo Alckmin. Na mesma sessão, a ALESP aprovou o projeto de lei 1096/2011, proibindo a venda de alimentos com brindes e brinquedos. O governador Geraldo Alckmin tem até o dia 19 de março para aprovar esse importante passo na luta contra a epidemia de obesidade infantil que estamos vivenciando nesse século. Além disso, neste ano (2013), três multas administrativas que haviam sido aplicadas pelo PROCON-SP a grandes empresas referentes à publicidade inadequada com uso de brindes e brinquedos direcionadas ao público infantil em 2012 foram revistas e suspensas pela Justiça. Segundo o reconhecido jurista Ives Gandra: “Tudo aquilo que representa uma indução de comportamento para quem ainda não tem condições de avaliar se esse comportamento é o correto poderia ser regulado”. Enquanto aguardamos soluções mais definitivas na proteção da saúde das crianças, as empresas continuam a divulgar e influenciar de forma negativa, através de publicidade direcionada a esse público altamente suscetível, o consumo de alimentos não saudáveis.
Moises Chencinski – Uma das formas de se trabalhar essa questão requereria uma mudança comportamental e de educação que só poderia partir da própria família. As festividades poderiam ser comemoradas pelo seu significado, deixando presentes para serem dados em ocasiões especiais (aniversário, Natal). A tradição da Páscoa já existe em outros países com a pintura de ovos ocos (de galinha, por exemplo) pelas famílias com cores bem alegres, simbolizando o nascimento. Esses ovos eram escondidos pelos pais nos jardins e as crianças, junto com suas famílias, saem em sua divertida busca nessa época festiva. Além disso, nessa situação (ovos de Páscoa), seria interessante a noção de limites, com a explicação da motivação da festa e da necessidade de controlar o consumo.
Moises Chencinski – Quando ocorrem sobras é porque houve exagero na medida. Se a intenção é dar o ovo, o ideal é que ele fosse oferecido dentro de medidas. E se formos buscar na pirâmide alimentar ou nas necessidades de consumo de chocolate para o desenvolvimento adequado das crianças, vamos concluir muito claramente que não há qualquer valor nutricional nesse hábito. Essa poderia ser uma grande oportunidade para se relembrar a intenção das festividades e investir, por exemplo, em atos de cidadania. Uma das possibilidades seria a distribuição desse excesso de ovos de chocolate a instituições, também dentro de medidas adequadas, para crianças ou adultos, internados ou não, em creches, orfanatos, asilos. Assim, poderíamos unir a integração das crianças em nossa realidade com um ato de bondade e um exemplo de civilidade.
Moises Chencinski – Infelizmente, estudos recentes mostram que só a informação não é suficiente para mudar hábitos. Há necessidade de ação, de participação, de tempo para que pudéssemos observar essa transformação. Toda essa questão não deveria ser tratada apenas nessa época. Seria fundamental que as famílias compartilhassem essas experiências mais saudáveis desde a gestação, passando pelo aleitamento materno e outras orientações que são transmitidas nas consultas pediátricas sobre o desenvolvimento adequado. Essa geração de crianças está sendo preparada para viver 100 anos. Mas o importante é viver até 100 anos com saúde e não com doença. Não há como atingir essa meta sem a participação de todos os setores envolvidos. A família, a escola, a mídia, a sociedade e os órgãos governamentais responsáveis precisam estar em acordo e na busca dos mesmos objetivos. Enquanto isso não acontece não há programa de saúde que possa dar certo. Uma mudança cultural como a diminuição da oferta de doces e chocolates às crianças como presentes e como sinal de amor pelos parentes e amigos requer muito trabalho, muito tempo, muito empenho. Mas é possível. E tudo começa pelo primeiro passo.
Moises Chencinski – Não há como compactuar com essa ideia. A meta deveria ser dos males, nenhum. Há situações onde não há acordo. Se formos “meio saudáveis” estaremos sendo “meio doentes”. E como as sensibilidades e as suscetibilidades são diferentes, individuais, variando de ser humano a ser humano, o que é pouco para uns pode ser demais para outros. Nossa meta sempre tem que ser o melhor. Chocolates são sempre chocolates. O fato de alguns deles serem menos prejudiciais do que outros não os tornam dignos de estímulo. Crianças devem ser orientadas por adultos. Enquanto não assumirmos essa responsabilidade, não há como atingir a meta de 100 anos de vida saudável que queremos para nossos filhos.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545