Do site TOTAL SAÚDE
Nos últimos 5 anos o percentual de brasileirinhos menores de 5 anos com sobrepeso passou de 6,4% para 9,2%
por Michella Guijt
25/10/2013
“Nossa, que bebê mais lindo!”.
Essa é a reação da maioria das pessoas diante de um bebê gordinho, certo? Mas, uma criança rechonchuda não é sinônimo de saúde. Pelo contrário. Segundo dados do Ministério da Saúde, nos últimos 5 anos o percentual de brasileirinhos menores de 5 anos com sobrepeso passou de 6,4% para 9,2%. Desse total, 6,6% já caracterizavam obesidade grave e a família não havia percebido. Por isso que, na maior parte dos casos, os pais demoram a procurar ajuda médica.
As primeiras preocupações com o peso dos filhos costuma ocorrer quando eles têm cerca de 4 anos, porém o problema de sobrepeso pode surgir no quarto mês de vida. Parece cedo, mas não é. E tal quadro precoce tem explicação. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, contudo no Brasil a licença-maternidade dura apenas quatro meses. Com isso, muitos bebês passam a receber alimentos complementares, enquanto o leite materno é dado poucas vezes ao dia até os 2 anos de idade.
Segundo orientação do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dos 6 aos 11 meses, o bebê amamentado no peito deve receber três refeições com alimentos complementares ao dia (duas papinhas salgadas e uma de fruta ou suco). Já aquele não amamentado, precisa se alimentar com cinco refeições (duas papinhas de sal, uma de fruta ou suco e três mamadeiras de leite).
Portanto, atenção mamães: nada de ultrapassar tais doses (ressalva à orientação médica) ou acrescentar açúcar ou leite nas papas para melhorar a aceitação, nem oferecer alimentos industrializados pré-prontos, mel, água de coco, refrigerantes, café, chás, embutidos, etc. O leite também não precisa ser adoçado.
Outro fator que pode proporcionar a obesidade infantil é a silhueta da mãe durante a gravidez. Isso mesmo: no nascimento e na infância mais tardia (entre 2 e 3 anos e meio), o Índice de Massa Corporal (IMC) da mãe tem uma influência muito maior do que o IMC do pai no ganho de peso durante da infância.
O pediatra Moisés Chencinski chama a atenção para dois estudos publicados na revista Pediatric Obesity, de junho de 2013, relacionados à influência das mães e dos pais no desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade. Os trabalhos apontam para a influência maior do IMC da mãe na obesidade infantil, sugerindo que o controle do peso na gestação pode ser muito benéfico como fator de prevenção.
“Assim, aumenta a importância do pré-natal adequado, com uma orientação de alimentação saudável para controle do ganho de peso durante a gestação”, diz o médico. Ainda segundo Chencinski, se comprova a importância do pré-natal bem conduzido e do compromisso da mãe com o controle de sua alimentação. “Não só pelos riscos para a mãe (hipertensão, diabetes gestacional, eclâmpsia, parto prematuro, outras doenças infecto-contagiosas), bem como para a promoção da saúde da criança, controlando a epidemia de sobrepeso e de obesidade que já estamos vivendo”, finaliza.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545