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Alergia ao ovo é uma contraindicação da vacina para H1N1?

06/10/2013

O ovo tem formas perfeitas, não é mesmo? 

Desde que Colombo o colocou em pé, verdades e desmentidos foram anunciados por causa dele. Considerado, de forma inadequada, como grande fonte de ferro (nem tem tanto ferro, e tem sua biodisponibilidade é baixa).

Chegou a ser vilão pelo alto teor total de colesterol (213 mg em uma unidade para uma necessidade diária de 300 mg), mas foi absolvido e elogiado após investigação na Universidade de Harvard, publicada em 1999 pela revista da Associação Médica Americana, que concluiu que "o consumo de mais de um ovo por dia não causa impacto significativo sobre o risco de doenças coronarianas e derrame em homens e mulheres saudáveis".

O ovo é um alimento barato, mais completo em proteínas do que o leite e a carne. 

Estudos mais recentes apontam a presença da lecitina no ovo, uma substância que diminui a captação do colesterol no intestino.

É um alimento relacionado à alergia alimentar. Mas apenas 2,5% dos alérgicos têm reação ao ovo. Recentemente, voltamos a mais uma polêmica relacionada ao "perseguido" ovo.

Ele é um fator importante na produção de algumas vacinas (sarampo, febre amarela e o H1N1, entre outras). Durante esse processo, inocula-se o vírus em ovos de galinha (cada ovo gera uma dose) para incubação, como fase de sua fabricação. Assim, quem é alérgico ao ovo não deve receber essas vacinas.

E a vacinação contra H1N1 despertou essa preocupação. A orientação é para evitar a aplicação em quem for alérgico em formas graves. Nesses casos, uma das recomendações seria fazer um teste alérgico antes de vacinar pessoas supostamente alérgicas ao ovo. 

Trabalho publicado na revista Pediatrics (Jornal oficial da Academia Americana de Pediatria) em maio de 2010, teve como objetivo mostrar se esse teste, que foi suspenso em 2006/2007, era realmente necessário em crianças antes da vacinação.

O estudo foi realizado no Departamento de Pesquisa Clínica e divisão de Imunologia do Hospital Infantil de Boston (Massachsuetts), em 261 crianças alérgicas a ovo, entre 6 meses e 18 anos. 

171 delas receberam a vacina. Entre essas, 56 fizeram o teste antes da vacina H1N1 e 115 não fizeram. Os dois grupos apresentaram resultados quase idênticos. Mais de 95% não tiveram nenhuma reação grave.

Assim, segundo esse estudo, pacientes alérgicos a ovo, que não tenham apresentado reação anafilática (alergia grave), podem receber a vacina sem realização de teste prévio, ou seja, sem preocupação com esse efeito colateral indesejado grave. 

A vacina contra o H1N1 tem provocado grandes preocupações na população, em alguns casos, até mais do que a própria doença. 

Será que não está na hora de pararmos de procurar pêlo em casca de ovo?

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545