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Antitérmicos antes das vacinas – rotina?

06/10/2013

O aleitamento materno exclusivo pode garantir não apenas a saúde física de seu bebê, prevenindo, entre outras, situações como infecções, obesidade infantil e alergia alimentar.

Outra medida fundamental disponível para proteção da saúde de seu bebê é a vacinação. Os postos de saúde já oferecem várias dessas vacinas, sem cobrar nada, e estão programando a introdução de outras em breve.

Algumas dessas vacinas podem provocar reações. As mais comuns são a dor e a febre, que podem ser intensas (podendo complicar até com convulsões) e durar até alguns dias. 

Algumas clínicas de vacinação, postos de saúde e até médicos sugerem o uso de analgésicos e antinflamatórios antes da aplicação das vacinas. A justificativa seria a de diminuir o sofrimento e manter apenas os benefícios que a vacina pode proporcionar.

Cuidado!!! Não é bem assim.

Estudos recentes realizados na República Tcheca em dez centros de vacinação, com 450 crianças entre 2 e 4 meses de vida, mostraram que existe grande chance de esse procedimento diminuir a formação de anticorpos esperada, de forma significativa, se compararmos com as crianças que não tomaram o paracetamol de forma "preventiva".

Essa pesquisa se referia à administração de paracetamol antes das vacinas 10-valente contra o pneumococos conjugada com haemophilus, junto com a hexavalente (sabin, tríplice, haemophilus e hepatite B) e a vacina de rotavírus, que fazem parte do nosso calendário oficial no Brasil.

Algumas conclusões:

- febre acima de 39,5 foi bem rara nos dois grupos (os que receberam o paracetamol antes e os que não receberam), mesmo tomando todas essas vacinas em conjunto, tanto na primeira dose quanto no reforço;
- febre acima de 38 foi bem menor no grupo que recebeu o paracetamol, tanto na primeira dose quanto no reforço;
- O nível médio de produção de anticorpos um mês após a primeira vacina e após os reforços foi significativamente menor no grupo que recebeu o paracetamol antes das vacinas. 

Alguns estudos continuam em andamento, até para provar se a menor produção de anticorpos corresponde, de fato, a um menor nível de proteção e se têm validade prática.

Nesses trabalhos, por exemplo, não foi feito nenhum estudo com o uso de antitérmicos após a vacinação (em caso de febre) para concluir se essa atitude também interferiria na produção de anticorpos. 

Mas, segundo esses mesmos autores, a administração de remédios contra a febre como prevenção não deve ser rotineira e deve ser reservada para situações em que o médico julgue adequada.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545