Do site da Revista Em Dia
PESQUISA NORTE-AMERICANA ALERTA PARA O BULLYING ENTRE IRMÃOS, QUE MERECE TANTA OU MAIS ATENÇÃO DOS PAIS E DA SOCIEDADE DO QUE O PRATICADO POR TERCEIROS.
01/12/2013
Estudo publicado em julho no Pediatrics, jornal oficial da Academia Americana de Pediatria, chama a atenção para o bullying cometido entre irmãos, o qual nem sempre é reconhecido socialmente, como o realizado por colegas de escola. Para agravar a situação, a pesquisa revela que agressões praticadas por irmãos causam maior sofrimento se comparadas às praticadas por terceiros. “Isso pode acontecer por vir de dentro do núcleo de confiança da criança. A família é onde ela busca suas referências, seu vínculo. Se nesse espaço acontecem os problemas, a estrutura dessa criança fica instável, gerando insegurança”, justifica o pediatra Moises Chencinski, graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com especialização em pediatria pela Associação Médica Brasileira (AMB).
As desavenças entre irmãos são consideradas “normais” ou “aceitáveis” dentro de algumas características, como explica a psicóloga clínica Elizabeth Brandão, especialista em terapia infantil e professora da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
“As brigas entre irmãos são naturais quando há uma troca de papéis entre eles, ou seja, nunca é o mesmo que se encontra em posição de ‘superioridade’ sobre o outro no momento das discussões, sendo que elas ocorrem eventualmente. Já quando não há essa troca e as brigas são tão constantes, que superam os momentos de cumplicidade e de amizade também esperados nas relações entre irmãos, elas não estão mais dentro de um nível considerado saudável”, explica a profissional.
Elizabeth e Chencinski defendem um ponto em comum: fazer comparações entre os irmãos e instigá-los a competirem entre si pode ser princípio para uma prática de bullying. “Apesar do amor, a ‘luta’ pelo espaço e pela atenção dos pais, cuidadores e de outros adultos se estabelece de várias formas e em várias intensidades. Ciúme, sensação de perda de espaço e comparações podem levar a essa consequência”, afirma o pediatra.
Além disso, “pais que demonstram admiração pelos filhos mais agressivos reforçam tal comportamento nestes”, complementa a psicóloga.
Segundo Elizabeth, o bullying também pode ser “aprendido” na escola – a criança desconta no irmão a agressão recebida de um colega – ou a partir do comportamento dos pais. “Quando desdenham seus amigos ou parentes, os adultos estão dando uma ‘autorização’ inconsciente para os filhos agirem da mesma forma”, ressalta.
A criança que sofre bullying tende a reprimir a sua agressividade. Muitas vezes ela carrega uma culpa inconsciente por sentir raiva, ódio, mágoa e outros sentimentos. E por não saber expressá-los ou ter medo de uma represália, omite o problema dos adultos. Como consequência, “ela fica frequentemente amuada, ressentida e ‘emburrada’ porque não vê uma saída criativa para escapar daquela situação”, ilustra Elizabeth.
Por isso, “os pais devem estar atentos, especialmente, a mudanças de comportamento das crianças e adolescentes”, orienta Chencinski.
Mas este sentimento reprimido pode ter consequências psicológicas e até mesmo físicas. Ele “diminui a autoestima e a alegria de viver, gera insegurança, prejudica o desenvolvimento da criança e pode levá-la, inclusive, à depressão”, alerta a especialista.
“Em alguns casos, as crianças chegam a desenvolver doenças psicossomáticas”, lembra o pediatra. Inflamações de repetição, como rinite, sinusite, amidalite e gastrite, úlcera e enxaqueca estão entre as mais comuns citadas pelos profissionais.
A AGRESSIVIDADE REPRIMIDA DIMINUI A AUTOESTIMA E A ALEGRIA DE VIVER, GERA INSEGURANÇA, PREJUDICA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E PODE LEVÁ-LA, INCLUSIVE, À DEPRESSÃO.
A psicóloga e o pediatra são unânimes ao dizer que é preciso haver diálogo com os filhos e que os adultos precisam ser exemplo. “Os pais e educadores têm que estar muito atentos ao transmitir com seu comportamento e palavras a ideia de que somos todos diferentes e iguais ao mesmo tempo. É essencial que respeito quanto às diferenças e solidariedade quanto às supostas inferioridades sejam transmitidos desde sempre, e os pais têm que elaborar estes aspectos em si mesmos, em relação às pessoas em geral e aos filhos, em especial”, salienta Elizabeth.
Ela também aconselha a família a buscar ajuda profissional, que pode ser desde uma orientação até um acompanhamento, inclusive para o irmão que estiver praticando o bullying, dependendo do caso.
No artigo “Bullying entre irmãos não deve ser ignorado”, da autora Márcia Wirth, assessora de Chencinski, lista algumas medidas descritas pelo pediatra para auxiliar os pais a lidarem com a questão:
Dr. Moises Chencinski (CRM-SP 36.349)
www.drmoises.com.br
Elizabeth Brandão (CRP – 7.194)
salaprofpsico@pucsp.br
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545