Do site SEGS
Mochilas pesadas não só minam a energia dos jovens, que poderia ser melhor utilizada fazendo trabalhos escolares ou praticando esportes, como podem trazer transtornos físicos mais importantes.
por Márcia Wirth
16/12/2013
A melhor mochila é a mochila vazia ou uma que esteja perfeitamente ajustada na altura dos ombros e do quadril de quem a carrega. Mas, muito frequentemente, não é isso o que vemos. O comum é vermos adultos, adolescentes e crianças carregando mochilas extremamente pesadas caminhando pelas cidades, utilizando o transporte público, correndo para fazer entregas, penando para carregar os livros para a escola... E tão comum quanto a mochila excessivamente pesada é a reclamação de dores nas costas e no pescoço em função do peso extra carregado.
“Com a volta às aulas, em fevereiro, as crianças que tiveram um alívio da carga extra nas férias voltarão a carregar diariamente o peso a mais que pode interferir em seu crescimento e afetar sua saúde”, observa o pediatra Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
O médico conta que até 1930 elas não carregavam mochilas nas costas. Apenas levavam pequenas bolsinhas de mãos com seus pertences para a escola. A ideia de levar o material nas costas surgiu na década de 50. Desde então, mochilas de todas as formas e tamanhos tornaram-se parte da vida cotidiana.
Hoje, elas se preocupam em ter design ergonômico, correias extravagantes e bugigangas para que fique "mais fácil" carregá-las nas costas. O The Huffington Post fez uma exposição fotográfica muito interessante sobre a evolução das mochilas escolares. Confira.
“Hoje, já bem distantes da década de 30, observarmos crianças e adolescentes carregando mochilas escolares que aumentam em até 10-15 % o seu peso corporal, fato que os coloca em risco de dor nas costas. A ameaça representada pelo peso extra é ainda maior pelo fato de que a maioria dos adolescentes não faz exercícios físicos com frequência. As informações são de um estudo publicado no Archives of Disease in Childhood”, informa o pediatra.
“A dor nas costas aparece quando a mochila puxa os jovens para trás, levando-os a dobrar a coluna e fazer um arco com as costas. Esta posição pode comprimir a coluna, com as vértebras pressionando os discos entre elas. Se a criança ou o adolescente tem que se inclinar para frente ao caminhar com uma mochila nas costas, ela realmente está muito pesada. No mínimo, o que pode resultar deste hábito é uma má postura constante e ombros cronicamente arredondados. E se esse jovem tem que levantar a cabeça para ver onde está indo, pode terminar com dores crônicas no pescoço e nervos comprimidos”, alerta o médico.
Intervenções necessárias
“Médicos e professores precisam educar pais e crianças sobre os riscos de levar mochilas pesadas para a escola todos os dias. Mochilas pesadas não só minam a energia dos jovens, que poderia ser melhor utilizada fazendo trabalhos escolares ou praticando esportes, como também podem levá-los a dores crônicas nas costas”, alerta Chencinski.
A Consumer Product Safety Commission (Procon americano) estima que carregar uma mochila de 12 quilos para a escola e levantá-la 10 vezes por dia, durante um ano letivo inteiro, coloca uma carga acumulada no corpo dos jovens equivalente a seis carros de médio porte.
Esta questão tem sido levantada em países de todo o mundo há mais de uma década. Em dezembro de 1999, médicos em Milão relataram na revista The Lancet que 34,8% dos alunos italianos transportavam mais de 30% do seu peso corporal, pelo menos uma vez por semana, excedendo os limites propostos até mesmo para adultos. A carga transportada por essas crianças era equivalente a de um homem com 176 quilos transportando uma mochila de 39 quilos todos os dias.
É possível reduzir o peso?
Em plena era digital, quando pelo menos alguns trabalhos escolares poderiam ser feitos on-line, não houve aparentemente diminuição do peso das mochilas carregadas pelas crianças. “Neste sentido, pais e professores devem orientar crianças e adolescentes e sugerir itens que possam ser deixados em casa ou na escola. Também é útil escolher uma mochila bem concebida e ajustada corretamente nas costas”, orienta o pediatra.
Segundo Moises Chencinski, em relação à mochila escolar, é bom que os pais tenham em mente:
•A mochila não deve ser maior do que o absolutamente necessário, pois se houver espaço sobrando, certamente a criança levará peso além do necessário;
•A mochila ideal deve ter alças largas, acolchoadas, ajustáveis nos ombros (as estreitas podem causar danos nos nervos), um acolchoado na parte de trás e compartimentos no interior para que os itens mais pesados possam descansar contra as costas da criança;
•É preciso ajustar as alças de modo que a parte inferior da mochila, quando cheia, não fique a menos de quatro centímetros abaixo da cintura;
•As crianças devem ser advertidas a nunca levar a mochila num só ombro porque isso desequilibra a distribuição de peso;
•Além da mochila que pode ser levada nas costas, existem as mochilas de rodinhas, que apesar de não serem a preferência das crianças, facilitam o transporte do material escolar. Este tipo de mochila é menos prática para subir ou descer escadas, mas, nesses momentos, deve-se fazer a adaptação das alças para as costas.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545