Do site Bolsa de Mulher
Entenda tudo sobre a medicação contra o papilomavírus humano
por Redação
28/03/2014
A vacina contra o HPV é uma importante aliada para evitar o câncer de colo do útero em mulheres e, além de disponível em hospitais particulares, também passou a ser aplicada gratuitamente na rede pública de saúde em meninas de 9 a 13 anos. Para quem ainda tem dúvidas sobre as doses da vacina e sua eficácia, o pediatra e homeopata Dr. Moises Chencinski esclarece as 12 perguntas mais frequentes sobre o tema.
Até o momento foram desenvolvidas e registradas duas vacinas HPV. A vacina quadrivalente recombinante, que confere proteção contra HPV tipos 6, 11, 16 e 18, e a vacina bivalente que confere proteção contra HPV tipos 16 e 18. A vacina quadrivalente está aprovada no Brasil para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero, de vulva e de vagina em mulheres, e anal em ambos os sexos, relacionadas aos HPV 16 e 18, e ainda a verrugas genitais em mulheres e homens, relacionadas aos HPV 6 e 11. Já a vacina bivalente está aprovada para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero em mulheres, relacionadas aos HPV 16 e 18. Essas vacinas têm cobertura para faixas etárias distintas. A vacina quadrivalente tem indicação para mulheres e homens entre 9 e 26 anos de idade. A vacina bivalente tem indicação para mulheres a partir de 9 anos, sem restrição de idade.
Estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença desses anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período.
Nas meninas entre 9 e 13 anos não expostas aos tipos de HPV 6, 11 16 e 18, a vacina é altamente eficaz, induzindo a produção de anticorpos em quantidade dez vezes maior do que a encontrada em infecção naturalmente adquirida em um prazo de dois anos. A época mais favorável para a vacinação é nesta faixa etária, de preferência antes do início da atividade sexual, ou seja, antes da exposição ao vírus. Estudos também verificaram que nesta faixa etária a vacina quadrivalente induz melhor resposta quando comparada em adultos jovens, e que meninas vacinadas sem contato prévio com HPV têm maiores chances de proteção contra lesões que podem provocar o câncer uterino.
O esquema completo de vacinação é composto de três doses. O esquema normal da vacina (0, 2 e 6 meses) é 1ª dose, 2ª dose após dois meses e 3ª dose após seis meses. No entanto, o Ministério da Saúde adotará o esquema estendido (0, 6 e 60 meses): 1ª dose, 2ª dose seis meses depois, e 3ª dose cinco anos após a 1ª dose.
É administrada por via intramuscular: injeção de apenas 0,5 ml em cada dose.
Sim. Existem estudos com evidências promissoras de que a vacina previne a reinfecção ou a reativação da doença relacionada ao vírus nela contido.
Não. A realização dos testes de HPV não é condição prévia ou exigência para a vacinação.
A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada, principalmente pelo pouco tempo em que é comercializada no mundo (desde 2007). Até o momento, só se tem convicção de próximo de nove anos de proteção. Na verdade, embora se trate da mais importante novidade surgida na prevenção à infecção pelo HPV, ainda é preciso aguardar o resultado dos estudos em andamento em mais de 20 países para delimitar qual é o seu alcance sobre a incidência e a mortalidade do câncer do colo de útero, bem como fornecer mais dados sobre a duração da proteção e necessidade de doses de reforço.
Não. É importante lembrar que a vacinação é uma ferramenta de prevenção primária e não substitui o rastreamento do câncer do colo de útero em mulheres na faixa etária entre 25 e 64 anos. Assim, as meninas vacinadas só terão recomendação para o rastreamento quando alcançarem a faixa etária preconizada para o exame Papanicolau e já tiverem vida sexual ativa. É imprescindível manter a realização do exame preventivo (exame de Papanicolau), pois as vacinas protegem apenas contra dois tipos oncogênicos (causadores de câncer) de HPV, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo de útero. Ou seja, 30% dos casos de câncer causados pelos outros tipos oncogênicos de HPV vão continuar ocorrendo se não for realizada a prevenção secundária, ou seja, pelo rastreamento via Papanicolau.
Sim, pois é imprescindível manter a prevenção contra outras doenças transmitidas por via sexual, tais como HIV, sífilis, hepatite B, C, etc. Uma pessoa vacinada ficará protegida contra alguns tipos de HPV contidos na vacina, no entanto, existem mais de 150 tipos diferentes de HPV, dos quais 40 podem infectar o trato genital. Destes, 12 são de alto risco e podem provocar câncer e outros podem causar verrugas genitais. Além disso, vale lembrar que não é necessário haver o ato sexual para que haja a transmissão do papilomavírus. O contato genital (pele) pode ser responsável pela transmissão também em cerca de 5 a 10% dos casos.
A vacina HPV pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, sem interferências na resposta de anticorpos a qualquer uma das vacinas. Quando a vacinação simultânea for necessária, devem ser utilizadas agulhas, seringas e regiões anatômicas distintas.
Essa é uma vacina muito segura, desenvolvida por engenharia genética, com a ocorrência de eventos adversos leves como dor no local da aplicação, inchaço e eritema. Em casos raros, pode ocasionar dor de cabeça, febre de 38°C ou mais e síncope (ou desmaios). A síncope mais frequente em adolescentes e adultos jovens é a síncope vasovagal, particularmente comum em pessoas com alguma particularidade emocional. Geralmente, há algum estímulo desencadeante como dor intensa, expectativa de dor ou um choque emocional súbito. Vários fatores, tais como jejum prolongado, medo da injeção, locais quentes ou superlotados, permanência de pé por longo tempo e fadiga podem aumentar a probabilidade de sua ocorrência. É importante ressaltar que a ocorrência de desmaios durante a vacinação contra HPV não está relacionada à vacina especificamente, mas sim ao processo de vacinação, que pode acontecer com a aplicação de qualquer produto injetável (ou injeção).
A vacina recombinante é composta pelos tipos HPV 6, 11, 16 e 18, tendo como adjuvante o sulfato de hidroxifosfato de alumínio amorfo. Não contém conservante ou antibiótico.
E se tiver feito a primeira dose na rede privada antes da campanha ela pode completar o esquema na rede pública?
Sim, a adolescente poderá tomar até duas doses na rede pública, no intervalo de até um ano.
Em toda a atenção à saúde de adolescentes devem ser levados em consideração os fundamentos da ética, privacidade, confidencialidade e sigilo. Esses princípios reconhecem os adolescentes (na faixa etária de 10 a 17 anos de idade) como sujeitos capazes de tomarem decisões de forma responsável. Sendo assim, não há necessidade de autorização dos pais ou responsáveis para receber qualquer vacina nos postos de saúde. No entanto, por se tratar de uma importante ação de saúde pública e ter como estratégia a vacinação nas escolas, aqueles pais que se recusarem a permitir que seus filhos sejam vacinados nas escolas deverão preencher o Termo de Recusa de vacinação contra HPV e enviar para a escola durante o período em que ocorrer a vacinação nestas localidades. Os pais devem receber uma comunicação da escola e da secretaria de saúde municipal informando sobre os dias em que será realizada a vacinação no local em que o seu filho estuda.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545