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Dia do Pediatra – muito além do dever e da profissão

27/07/2014

No dia 27 de julho se comemora o dia do Pediatra, mesma data em que foi fundada a Sociedade Brasileira de Pediatria (27 de julho de 1910).

Em fevereiro de 2013, o CREMESP em parceria com o CFM publicou um estudo mostrando algumas das características estatísticas da distribuição de médicos pelo Brasil.

Esse material mostrou que entre 1970 (quando havia 58.994 médicos) e 2012 com quase 400.000 médicos (388.015 em outubro de 2012), houve um salto de 557,72%, distribuídos em 53 especialidades em 27 unidades da federação.

Segundo esse relatório, temos 30.112 pediatras no Brasil (30% são do sexo masculino e 70% do feminino), dos quais 8.705 estão em São Paulo.

Sempre acreditei que não somos nós que escolhemos a Pediatria, mas sim a Pediatra é que nos escolhe. Assim como não é fácil ser mãe, por mais natural que pareça, é complicado ser criança, por mais divertido que pareça e é trabalhoso ser Pediatra, por mais simples que possa parecer.

Não falo só sobre o estudo e a necessidade constante de atualização, que deve existir em toda e qualquer profissão (sou formado em 1979 e não me lembro de um dia sequer, mesmo durante as minhas férias, em que não li ou não escrevi ou não aprendi alguma nova informação que acabe usando no meu dia-a-dia profissional). 

Não falo sobre a compreensão que o pediatra tem que ter, exercitar e desenvolver a cada dia que passa, tanto com as crianças, como com os pais e familiares, mas  principalmente com ele mesmo. É fundamental que todos (mas principalmente ele) entendam que, apesar da expectativa de muita gente, o pediatra não é onipresente, onisciente e onipotente (apesar de em algumas situações nós mesmos nos julgarmos dessa forma, mas logo recebemos um choque de realidade que nos recoloca no “nosso devido lugar” de seres humanos, o que já é muito).

Também não me refiro à remuneração, muitas vezes até indigna, que a maioria desses profissionais recebe, exercendo sua profissão, não só como recém-formados, apenas com sua boa vontade, em péssimas condições de trabalho, sem os materiais apropriados, sem funcionários preparados ou em número insuficiente, tendo que arcar, grande parte das vezes, como peso e o ônus dos problemas de saúde do país.

Ainda não falo sobre a subtração do tempo de convívio com a própria família em função de seu juramento como Médico, mas como seu Juramento de Pediatra (que deveria ser mais divulgado e mais aplicado, inclusive entre os próprios pediatras) para cuidar de outras crianças e famílias Das quais, com o tempo, passa a ser parte integrante.  

Nem me refiro ao tempo dedicado ao seu trabalho (em consultórios, ambulatórios, hospitais, prontos-socorros, berçários, faculdade como aluno ou compartilhando seu conhecimento), que não é diferente de qualquer profissional da saúde comprometido. Também não estou contando os períodos em que o pediatra ainda acolhe os anseios e as dúvidas de seus pacientes e familiares pelo telefone, e-mails, sites, facebook e outras mídias (rádio, TV, jornais, revistas). Até porque, todo profissional, da área de saúde ou não, dedicado, comprometido com seu trabalho também passa por isso, de uma forma ou de outra, alguns mais outros menos, mas todos com a mesma importância e relevância.

Como explicar ser pediatra?

Como contar pra vocês a felicidade que sentimos a cada vez que uma nova família nos procura, entregando seu bem mais precioso para nossos cuidados e sob nossa responsabilidade?

Como justificar a satisfação quando podemos fazer alguma diferença na vida daquela uma única criança e daquela uma única família apenas compartilhando nossa informação adquirida durante nossa formação e nossa vida profissional?

Como explicar a emoção de nos sentirmos quase como um porto seguro onde as famílias podem chegar cheias de dúvidas, inseguranças e saírem mais tranquilas, confiantes e preparadas para seguir em frente?

Como fazer vocês entenderem que se não existissem vocês não teria porque existir a gente e que nos alimentamos dessa troca, que respiramos essa sua esperança, que vivemos dessa sua confiança?

Olha! De verdade? Não há só uma única explicação. É um conjunto. Mas de uma coisa eu sei.

Eu sou pediatra, “informado” em 1979 na Faculdade de Medicina e ainda não acabei a minha pós-graduação, porque a cada dia, a cada consulta, a cada e-mail, a cada contato eu acrescento mais dados à minha formação. Um dia eu sei que vou me formar e nesse dia espero ter conseguido trazer às crianças e a suas famílias tanto quanto essas crianças e essas famílias me fazem crescer a cada dia como homem, como pai e como pediatra.

Ainda estou devendo. Devo, não nego. Pago quando puder. Rsrs.

Agradeço a todos vocês e um grande e carinhoso beijo em cada uma das crianças que me faz lembrar a cada momento o quanto sou feliz por ter sido escolhido pela Pediatria.

Obrigado e um Feliz dia dos Pediatras a cada um dos outros 30.111 que eu conheço ou não, esperando que juntos possamos fazer dessa, a geração das crianças que vão viver 100 anos com saúde, dignidade e cidadania.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545