Mais uma vez, vem aí uma data pra gente comemorar ou talvez pra pedir desculpas por não celebrarmos diariamente essa fase: a criança.
10/10/2014
Mais uma vez, vem aí uma data pra gente comemorar ou talvez pra pedir desculpas por não celebrarmos diariamente essa fase: a criança.
Tem uma música que eu acho linda, com uma deliciosa gravação da Whitney Houston (vale a pena ouvir pela música e pela cantora), chamada The Greatest Love of All (O maior amor de todos). Os primeiros versos da canção falam assim:
Acredito que as crianças são o nosso futuro
Ensinem-nas bem e deixem-nas liderar o caminho
Mostrem-lhes toda a beleza que elas têm por dentro
Deem-lhes um senso de orgulho para ficar mais fácil
Deixem que o riso das crianças nos lembre de como éramos
Todos procuram um herói
As pessoas precisam de alguém para admirar
Eu nunca achei ninguém que preenchesse minhas necessidades
A letra não relaciona esse “maior amor do mundo” às crianças. Mas eu faço esse link sim. Esse é O ÚNICO amor incondicional que EU conheço. O amor por um filho. O que não fazemos por ele, não é mesmo?
E talvez aí esteja a raiz dos problemas que eu, como pai e pediatra, tenho observado nos meus 35 anos de formado e 32 anos de paternidade.
Nós, pais, adultos profissionais, precisamos parar para pensar:
O que uma criança realmente precisa? E o que ela não precisa? Já pensou assim?
Pensei em uma lista, que não será completa e nem terá o aval de todos, mas acho é pelo menos um bom começo para reflexão, pelo menos nessa data.
Criança não precisa nascer da forma certa e na hora marcada.
Criança precisa ter o direito de nascer da melhor forma possível e na melhor hora possível.
Criança não precisa de fórmulas infantis desde a maternidade por uma rotina médica ou por interesses (ou desinteresses) financeiros e iniciar a alimentação complementar o quanto antes, por qualquer desculpa.
Criança precisa de leite materno desde a primeira hora de vida, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês de vida, estendido até 2 anos ou mais, com introdução alimentar saudável, apenas a partir do 6º mês de vida (não dava pra deixar passar, né? Rsrs).
Criança não precisa de alguém que olhe por ela.
Criança precisa de alguém que olhe para ela.
Criança não precisa de presentes dos pais.
Criança precisa de pais presentes.
Criança não precisa de “tudo aquilo que eu não pude ter e quero dar pra ela”.
Criança precisa tudo aquilo que eu posso ser pra ela.
Criança não precisa de cobranças para evoluir e de elogios.
Criança precisa de apoio e compreensão quando não souber como ou não estiver preparada para seguir em frente.
Criança não precisa ser a mais esperta, a mais linda, a que fala antes (até em dois idiomas), a que anda antes, a que tira as fraldas antes.
Criança precisa ser o que ela pode ser, em seu tempo, em seu ritmo.
Criança não precisa de leis, de regras para sua defesa.
Criança precisa de respeito pela sua integridade física, emocional, social, familiar.
Criança não precisa de ótimas babás ou de creches modernas com filosofias das mais atuais.
Criança precisa de vínculo e suporte familiar.
Criança não precisa de muito.
Criança precisa de ...
E eu poderia continuar essa minha lista por umas 3 páginas e ainda não teria escrito aqui tudo o que eu penso. E cada um de vocês pode aproveitar o dia das crianças e. enquanto olha para o seu filho, fazer a sua própria lista.
E quem sabe ao final desse dia das crianças, depois dessas 24 horas com muito abraço, muito beijo, muita lágrima (de alegria e até de arrependimento), muita reflexão, ao colocar seu filho para dormir no seu berço, ou na sua cama, ou na cama de vocês, após ler com o seu filho a “só mais uma historinha daquele livro, tá?”, cada um de nós possa deitar a cabeça no travesseiro e ser feliz e grato.
Feliz por ter a oportunidade de permitir que mais uma criança nesse mundo possa ter uma base sólida, segura, coerente, amorosa, com apego, com saúde e saber que ela dorme, de fato, como um anjo e que vai acordar com toda a energia do mundo pra fazer desse mundo, um melhor mundo para eles e para as outras crianças: as que estão por vir e as crianças que nós fomos, somos e nunca vamos deixar de ser.
Grato pela bênção permitida de sermos pais, de termos a chance de evoluir, de ter em nossas vidas uma verdadeira razão para viver, para amar, para lutar e até para respirar.
Obrigado a meus pais (Szaltyel e Raquel), por me permitirem e por terem me dado a base que puderam para eu ser a criança feliz que eu sou hoje.
Obrigado à minha esposa (Janice), por ter me proporcionado a chance de fazer parte de uma família e por me permitir manter o meu espírito de criança, mesmo no meio de tanta luta e de tantas dificuldades.
Obrigado aos meus filhos (Renato – 32 anos e Danilo – 30 anos), por serem desde sempre e para sempre essas crianças maravilhosas e que me acompanharam até hoje, trazendo para a minha vida uma beleza imensa, toda recompensa de um amor sem fim (acho que eu já ouvi isso em algum lugar). Vocês são mesmo a paz do meu amor. Amo vocês pra sempre.
FELIZ DIA DAS CRIANÇAS A TODOS NÓS.
Amém.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545
