Da página Convivendo com Alergia
A Doença Celíaca (DC) é um quadro crônico provocado por uma sensibilidade aumentada a uma proteína (glúten, presente no trigo, centeio e cevada) que afeta cerca de 1% da população da Europa, estimada em 2.5 milhões de pessoas (a intolerância alimentar mais comum na Europa (1 para cada 150 a 300, 1 em cada 100 no Reino Unido) e de 1 em cada 100 nos Estados Unidos.
06/10/2014
Segundo dados da FENACELBRA (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil):
- Afeta em torno de 2 milhões de pessoas no Brasil, mas a maioria delas encontra-se sem diagnóstico.
- Os estudos amostrais realizados em São Paulo, Ribeirão Preto e Brasília permitem estimar a incidência da doença em 1:214, 1:273 e 1:681, respectivamente. Esta constatação coloca o Brasil ao nível da população europeia - a mais afetada.
- A doença celíaca pode aparecer em qualquer fase da vida, e atualmente, estima-se que a cada 400 brasileiros um seja celíaco.
- De cada oito pessoas que possuem a doença, apenas uma tem o diagnóstico.
É uma doença de diagnóstico difícil, confirmado apenas em biópsia de intestino, sem tratamento medicamentoso específico além de uma dieta livre de glúten.
Muitas tentativas para prevenção da DC têm sido apresentadas em estudos. O PreventCD é um projeto de pesquisa europeu que estuda a possibilidade de indução de tolerância ao glúten em crianças geneticamente predispostas à essa patologia.
A proposta (de forma bem simples) é oferecer pequenas quantidades de gluten a recém-nascidos e bebês entre 4 e 6 meses de idade (“janela imunológica”) durante o período de aleitamento materno e “ensinar” o organismo a não reagir de forma alérgica a essa substância (dessensibilização ou indução de tolerância).
Entretanto, dois estudos recentes publicados em 2 de outubro no New England Journal of Medicine parecem não comprovar essa hipótese e ainda mostram que o leite materno não oferece proteção contra essa doença autoimune, contrariando, dessa forma, a oferta de qualquer tipo de alimento entre 4 e 6 meses de idade, mantendo-se, assim, o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês.
O primeiro estudo envolvendo 944 crianças com testes positivos para DC e com pelo menos um parente de primeiro grau com DC. Entre esses, 475 bebês de 4 a 6 meses receberam 100 mg de glúten ativo imunologicamente diariamente e 469 receberam placebo.
Aos 3 anos, 77 crianças tiveram seus diagnósticos confirmados por biópsia. O aleitamento materno (exclusivo ou durante a introdução do glúten) não influenciou o desenvolvimento de doença celíaca e os dois grupos comparados (os que receberam glúten e os que receberam placebo) não apresentam nenhuma diferença significativa no aparecimento da DC.
Um segundo estudo avaliou 832 recém-nascidos que tinham um parente de primeiro grau com DC e em um deles (grupo A) se introduziu o glúten aos 6 meses e em outro (grupo B) aos 12 meses. As crianças com avaliações de sorologias positivas para DC foram submetidas a biópsia de intestino para confirmação diagnóstica.
Dos 707 pacientes que permaneceram no estudo aos 36 meses, 553 tinham um padrão ou alto risco de DC e completaram o estudo. Nem a introdução tardia do glúten e nem o aleitamento materno se mostraram eficazes na prevenção da DC, embora a introdução mais tardia do glúten fosse associada a um início mais tardio da DC.
Esse foi um resultado inesperado pelos autores dos estudos. A única confirmação foi a de que o componente genético influencia de forma significativa o aparecimento da DC e que sem esses genes a doença não se desenvolve.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545