Do site Guia do Bebê
Aprenda a observar as fezes de seu bebê e saiba diferenciar uma situação normal de uma preocupante
09/11/2014
O intestino faz parte do sistema digestório de todos nós e tem suas funções específicas. Para que ele (intestino todo) execute suas funções adequadamente, o alimento tem que chegar até ele em condições boas para o aproveitamento do que for útil e importante e a eliminação do que precisa ser eliminado.
Assim, se a criança recebe um alimento para o qual sua boca, seu esôfago e estômago não têm as “ferramentas” adequadas para executar suas ações de forma a enviar ao intestino o material apropriado para o “serviço”, problemas começam a acontecer.
Imaginando que todos já saibam (acho que eu nem falei isso até agora... rsrs) que a recomendação da OMS, da SBP, do Ministério da Saúde, da AAP é o aleitamento materno desde a primeira hora de vida, exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês, estendido até 2 anos ou mais, até o 6º mês o bebê recebe o que há de melhor no que diz respeito à sua nutrição e não é comum ter questões de intestino.
As cólicas e gases do bebê já foram abordados em outra série aqui mesmo no Guia do Bebê (Cólicas em bebês – 7 partes) por merecerem uma visão mais ampla e um pouco fora do script tão usado sobre o tema.
A introdução alimentar, independente do tipo de aleitamento (materno exclusivo, fórmulas infantis ou aleitamento misto), deve ser iniciada apenas após o 6º mês (nem água, nem chás, nem frutas antes disso).
A questão começa a ficar preocupante quando, por alguma razão inexplicável, ocorre a introdução alimentar antes do 6º mês ou quando, após o 6º mês, não se respeitam as necessidades e as características da digestão do bebê.
Ah!! E para não deixar passar batido também:
Recém-nascidos (até um mês de idade) em aleitamento materno exclusivo podem desde evacuar a cada mamada (fezes líquidas) até passar 5 a 7 dias sem evacuar (fezes pastosas), e isso pode ser considerado normal. Conforme passa o tempo, as fezes vão ficando mais consistentes e diminuem sua frequência. A frequência ideal é aquela que respeite o ritmo das crianças, sem que isso provoque qualquer desconforto.
FRASE PARA PENSAR:
O fato de o bebê poder comer DE TUDO (saudável) a partir do 6º mês de vida não significa que ele precise comer TUDO (saudável) de uma vez no 6º mês.
Sem pressa. Sem ansiedade.
O bebê olha tudo o que as pessoas ao redor fazem e querem imitar. Se você colocar no sue prato grama, pedra, piche e areia e fizer de conta que vai comer, ele vai querer também. Ele não sabe o que é o alimento que ele nunca comeu. Assim ele não tem vontade específica daquilo que ele não sabe o que é.
Ahhhhh!!!
- Mas ele vai ficar com vontade, tadinho...
Tadinho???????
Ele tem casa, comida, roupa lavada, leite materno, gente que limpa ele quando ele faz xixi, cocô, banho de banheira, amor, carinho, afeto...
Tadinho???????
Tem dó, né? Rs.
Não. Ele não vai ficar com vontade, com essa vontade que nós temos. Se passar uma mosca voando naquela hora na frente deles, imediatamente eles mudam o foco de interesse.
E mesmo que ele ficasse com vontade (o que não acontece se ele não conhece), cabe a nós, “adultos responsáveis”, zelar pela saúde dessa “criatura indefesa em desenvolvimento”. Não dê agora algo que você tem grandes chances de se arrepender mais tarde. Aprenda que não também precisa ser dito e ajuda a educar e preparar para a vida.
Controle-se!!!!
Recomponha-se!!!!
Kkkkkk.
Muitas vezes recebo por e-mail ou através do facebook imagens estranhas de algumas mães, e entre as mais marcantes estão as dos cocôs de seus filhos. Eu agradeço que, pelo menos por enquanto, o computador não traz cheiros. Rsrsrs.
Mas vocês acreditam que teve gente que estudou isso, se dedicou a isso e até publicou estudos sobre isso (falta do que fazer, né?? Kkkkk).
Bom, se alguém fez, e existe, e deve ser importante e foi publicado, então... vou compartilhar com vocês. E os termos não são meus, tá? Descrição deles!!! Quero ver se alguém, após ver essas imagens, vai se arriscar a comer alguns tipos de alimentos.
Esse estudo foi publicado em uma matéria de 4 páginas no Scandinavian Journal of Gastroenterology (1997), que é usada até hoje, e foi tema de matéria mais recente na Revista Latino-Americana de Enfermagem (2012).
A escala é descritiva e visual, e consta de sete tipos de fezes, sendo composta por imagens e suas respectivas definições (traduzi para fácil compreensão e desgosto de todos).
Apresento a vocês: O cocô e seus "selfies".
Imagem do http://bowelcontrol.nih.gov/Bristol_Stool_Form_Scale_508.pdf
-Type 1: Separate hard lumps, like nuts (hard to pass).
Tipo 1: Caroços duros e separados, como nozes (difícil de passar)
-Type 2: Sausage-shaped, but lumpy.
Tipo 2: Forma de salsicha, mas granuloso
-Type 3: Like a sausage but with cracks on its surface.
Tipo 3: Como uma salsicha, mas com fissuras em sua superfície
-Type 4: Like an Italian sausage or snake, smooth and soft.
Tipo 4: Como uma salsicha italiana ou serpente, suave e macio
-Type 5: Soft blobs with clear cut edges (passed easily).
Tipo 5: Bolhas suaves com bordas nítidas (que passa facilmente)
-Type 6: Fluffy pieces with ragged edges, a mushy stool.
Tipo 6: Peças fofas com bordas em pedaços
-Type 7: Watery, no solid pieces. Entirely liquid.
Tipo 7: Aquoso, sem partes sólidas, inteiramente líquido
Os tipos 1 e 2 mostram problemas de ressecamento intestinal (constipação). Os tipos de 5 a 7 aparecem em casos de diarreia ou intestino mais solto. O ideal seria estar com as fezes do tipos 3 e 4 com uma preferência pelo tipo 4 (dava para ser uma descrição mais romântica?).
Em qualquer fase da vida há alguns sinais que devem chamar nossa atenção. Nessa fase inicial, a presença de sangue nas fezes deve ser sempre comunicado ao pediatra por poder representar, por exemplo, um dos primeiros sinais de alergia à proteína do leite de vaca (APLV). Mas a presença de sangue nas fezes pode aparecer após a vacina de rotavírus, em um quadro intestinal (causa muito comum de obstrução e sangramento intestinal entre 4 e 12 meses de vida, mas acompanhada de outros sintomas).
Já em crianças maiores, a presença de sangue nas fezes pode ser consequência de intestino muito preso (obstipação intestinal), fissuras anais, infecções intestinais, alguns tipos de verminose e até hemorroidas. Em resumo: presença de sangue nas fezes deve ser sempre investigada. Só para aliviar um pouco a tensão, em crianças maiores de 6 meses, fezes vermelhas pode ser o resultado da ingestão de beterraba. Assim, fiquem de olho no prato das crianças.
A presença de muco ou catarro nas fezes também não costuma ser um bom sinal. Ele pode indicar inflamação do intestino. Síndrome do intestino irritável, colites podem apresentar essa característica das fezes.
Em crianças maiores, que já evacuam no vaso, prestar atenção em fezes que boiam. Essa característica pode indicar um aumento de eliminação de gordura pelas fezes (esteatorreia), caracterizando problemas de absorção alimentar.
As fezes não costumam se mover. Se algo dentro ou ao lado ou perto delas se mover (arghhhhhh... Deus me livre e guarde), sempre temos que pensar em vermes. A maioria deles não é visível a olho nu, mas alguns podem ser observados em seus “passeios” (Ascaris – lombriga; oxiúros – aqueles fiozinhos de linha pequenos que se multiplicam no ânus e coçam muito; tênia – a solitária, entre outros).
Quando se observar nas fezes pedaços de alimentos não digeridos, podemos estar diante de problemas do sistema digestório, que pode começar na boca, má mastigação, por exemplo, e ir até o intestino caracterizando uma má absorção.
Para complementar, quando se avaliam as fezes em suas características de cor, consistência e ritmo intestinal, teremos sempre um alerta de parte de nosso organismo de que mudanças podem estar ocorrendo. E essas transformações podem ser fisiológicas (normais) ou patológicas.
Quando o intestino "adoece" o corpo também "adoece" e informa ao bom observador outros sinais e sintomas que podem levar o pediatra ao diagnóstico adequado, precoce, favorecendo o tratamento e a orientação mais adequados para cada caso. Esses sintomas associados podem estar presentes tanto no sistema digestório (vômitos, náuseas, distensão abdominal, gases), como em outros sistemas e aparelhos de nosso organismo. E não devemos deixar de observar sintomas gerais (estado de hidratação, febre, suor, tremores, apetite, humor, perda ou não ganho adequado de peso) que, quando associados aos quadros intestinais, podem orientar o pediatra na busca pelo conceito de saúde da Organização Mundial de Saúde.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545