16/11/2014
10 perguntas que devemos nos fazer sobre obesidade infantil
A obesidade já é considerada pela organização Mundial de Saúde como a Doença Crônica Epidêmica Não Transmissível (DCENT) desse século. Pesquisas no Brasil mostram que 1 entre 3 crianças de 5 a 9 anos já apresentam sobrepeso. A Academia Americana de Pediatria promoveu em setembro de 2013 o mês de alerta contra obesidade infantil nos Estados Unidos.
Assim, elaborei 10 perguntas que podem nos ajudar a pensar um pouco mais sobre o assunto.
A obesidade é considerada pela Organização Mundial de Saúde como a doença crônica epidêmica não transmissível mais frequente desse século. Estudos mostram a maior precocidade desse quadro no mundo todo e o Brasil não foge a essa regra. Pesquisas recentes identificaram que 1 em cada 3 crianças de 5 a 9 anos estão com sobrepeso.
Quanto mais cedo aparece o sobrepeso, maior é a carga de sua influência no adulto. Dislipidemia (problemas com colesterol e triglicérides), diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares, alterações ortopédicas, problemas dermatológicos e até questões sociais (bullying) e psicológicas estão entre as principais consequências do sobrepeso durante a infância.
Antes de pensar em agir no sobrepeso, os pais devem pensar em como evita-lo. É mais eficaz, mais econômico, menos sofrido para todos. Esse caminho começa pelo estímulo ao ALEITAMENTO MATERNO desde a 1ª hora de vida, EXCLUSIVO E EM LIVRE-DEMANDA até o 6º mês estendido ATÉ 2 ANOS OU MAIS. A alimentação complementar só deve ser introduzida após o 6º mês de vida, independente do tipo de aleitamento. Essa orientação deve ser feita durante o acompanhamento pediátrico de rotina (consultas de puericultura).
Uma vez que se estabeleça o sobrepeso, a primeira atitude que os pais podem tomar é consultar o pediatra para diagnóstico e acompanhamento do quadro. Uma avaliação e orientação nutricional (nutricionista) não pode deixar de ser solicitada e seguida. O mais importante não é ensinar à criança o que ela não pode comer e sim o que ela pode e deve comer.
Além disso, a atividade física regular, própria para a idade, é fundamental para que a criança consiga se reequilibrar.
Um estudo realizado pelo CELAFISCS (grupo responsável pelo Agita São Paulo) mostrou que em uma aula de educação física nas escolas (públicas ou privadas) a atividade física se resume a uma média de 7 minutos em 50 minutos de aula.
Por outro lado, até em parte por questões de segurança, nossas crianças brincam cada vez mais dentro de casa e a mídia oferece as mais variadas possibilidades com DVDs, videogames e outros eletroeletrônicos que permitem e promovem o sedentarismo.
Uma atitude interessante seria limitar a no máximo duas horas ao dia a atividade frente a computadores, TVs, videogames e oferecer chances de maior tempo dedicado a atividade e exercícios físicos em parques, praças, clubes, playgrounds de condomínios.
Aos finais de semana, ou quando possível mesmo durante a semana, os pais podem brincar com seus filhos em áreas abertas, em quadras, praticando esportes, andando à pé ou de bicicleta, oferecendo atrativos para que essa criança também queira se mexer e brincar.
Talvez uma resposta que coubesse em todas as perguntas seria um incentivo ao melhor VÍNCULO FAMILIAR. Assim teríamos uma melhor possibilidade de interação e de cuidados com o crescimento e o desenvolvimento de nossos filhos.
Tradução do Dicionário Online Michaelis Inglês-Português:
Junk Food: alimento rico em calorias de baixo valor nutritivo, mas fácil e rápido de preparar. 2 sl algo que é agradável ou atraente, mas que tem pouco valor real.
A família deve servir de guia, de suporte, de apoio dando os exemplos para que a criança siga uma alimentação correta. O alimento não deve ser usado como moeda de troca, como prêmio e junk food ou qualquer outro tipo de alimento inadequado oferecidos dessa forma se transformam em uma meta, em um objetivo.
É fundamental que o alimento oferecido em casa e na escola seja saudável e adequado ao consumo das crianças.
A maneira mais eficiente e correta é não oferecer a possibilidade e o acesso a junk food. Existem cardápios excelentes que podem ser feitos sem que se use nenhum ingrediente que possa causar danos à saúde de uma criança, fato que vai gerar um comportamento alimentar mais adequado no adulto também.
O exemplo deve partir de casa, desde a compra dos alimentos, passando pelo seu preparo e pelo consumo. Os pais devem dar o exemplo, praticando uma alimentação adequada, equilibrada e oferecendo às crianças a oportunidade de consumir alimentos saudáveis (frutas, legumes verduras, carboidratos, proteínas e “gorduras do bem”). Não há necessidade de ter em casa os biscoitos recheados, salgadinhos, preparar alimentos gordurosos, com frituras, doces, chocolates. Isso não significa que esses alimentos não possam ser consumidos, mas eles não trazem nenhum benefício nutricional e não fazem parte de nenhum modelo alimentar saudável.
Mas nada vai ser resolvido em grande escala no país se o governo, a sociedade, a mídia, a escola, a família não trabalharem juntos nesse sentido, cada um com sua parte.
Se existissem programas governamentais que fossem cumpridos, se a mídia estabelecesse limites em sua publicidade direcionada à criança, seguindo uma regulamentação apropriada, se a sociedade estivesse alerta contra os abusos alimentares, se a escola pudesse controlar as merendas, os lanches, as refeições sem que fossem oferecidos alimentos inapropriados e, principalmente, se isso fosse feito em conjunto, como um esforço único, talvez tivéssemos alguma chance de reverter esse processo.
Os medicamentos e as dietas milagrosas, além de não resolverem os problemas em crianças e até mesmo em adultos, têm uma ação paliativa e, na maior parte das vezes, acabam naquele tão conhecido efeito sanfona que é tão prejudicial quanto a obesidade.
Nenhum planejamento escapa de uma alimentação equilibrada (reeducação alimentar), atividade e exercícios físicos regulares e estilo de vida saudável (horários adequados de sono, de alimentação, sem vícios).
Infelizmente temos uma cultura voltada ao prazer e muitos pais e educadores não conseguem compreender a importância do controle da alimentação na vida saudável das crianças.
Muitas vezes, os próprios pais agem boicotando ações da escola, por exemplo, quando não aceitam que as lanchonetes deixem de servir alimentos gordurosos e salgadinhos. Essa atitude foi tomada por pais em grandes escolas em São Paulo, por exemplo, com a justificativa de que estavam cerceando a liberdade de escolha de seus filhos, impedindo a oferta de alimentos que eles queriam consumir, mesmo tendo sido informados sobre os riscos dessa alimentação e da boa intenção por trás dessas medidas.
Isso faz com que as próprias crianças assumam essa postura de prepotência e de falta de limites que vai permear a vida deles durante a infância, chegando à adolescência já com problemas de saúde potencialmente graves, sendo apoiados pela ação impensada de seus pais.
Muitos pais “premiam” seus filhos por “boas atitudes” como se comportar, tirar uma nota boa, passar de ano, que é o mínimo que se espera de uma criança que esteja sendo criada para ser um bom cidadão, com festas e reuniões em grandes redes de fast-food. Esse hábito é extremamente prejudicial. Comida não é presente, não deve ser moeda de troca. Comida é a base de nosso crescimento saudável. Se a base é ruim assim será o crescimento.
O bullying é uma questão muito séria e cada vez mais comum nos dias de hoje e ele pode aparecer desde uma forma mais velada, como uma brincadeira, até de forma mais ostensiva, causando problemas muito sérios na autoestima e no desenvolvimento da criança.
O mais importante é que os pais tenham um canal sempre aberto para ouvir seus filhos, que as crianças se sintam confortáveis e acolhidas em suas dificuldades para que eles saibam que podem ter em sua família o apoio e o suporte adequados.
Uma vez identificada qualquer situação de bullying, os pais devem procurar ajuda na escola ou nos ambientes onde ela ocorreu para esclarecimento e providências cabíveis.
O Conselho Nacional de Justiça lançou em 2010 uma cartilha sobre o assunto com o Projeto Justiça nas Escolas. É um guia interessante para se conhecer um pouco mais sobre o assunto. Caso o quadro já tenha atingido proporções mais sérias, uma ajuda psicológica pode ser necessária.
Como já citamos anteriormente, os exemplos costumam vir de casa. Para obter maiores chances de sucesso “a casa precisa emagrecer”. A obesidade não traz problemas apenas para as crianças. O adolescente e o adulto também ficam mais sujeitos a doenças cardiovasculares graves, inclusive aumentando o risco de morte mais precoce. A família deve procurar ajuda profissional em todos os campos para que se possa atingir o equilíbrio. Médicos (pediatras, clínicos, endocrinologistas, entre outros), nutricionistas, psicólogos, professores de educação física são alguns dos envolvidos nesse processo.
É fundamental que todos possam participar do processo.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545