Do site Chris Flores
Dicas sobre os crescimento do bebê desde que ele está na barriga, aleitamento materno e sobre o uso de fórmulas lácteas
11/11/2014
Vida de médico é assim: a gente está sempre marcando presença em cursos e congressos para nos atualizarmos e atendermos melhor nossos pacientes. Participei recentemente do III Curso de Atualização em Pediatria - Problemas de consultório, organizado pelo Dr. Fábio Ancona Lopes e nem preciso dizer que gostei demais, que aprendi coisas novas e que também vi uma abordagem diferente para determinadas situações.
Hoje vou separar dicas de três temas que despertam muitas dúvidas das mamães: crescimento do bebê desde que ele está na barriga, aleitamento materno e o uso de fórmulas lácteas para compartilhar com vocês.
Alguns recém-nascidos (RN) não se desenvolvem bem intra-útero e não atingem um peso e/ou estatura mínimos adequados e, após o parto, passam por uma evolução diferente, com características próprias, que requerem cuidados específicos. Esses bebês não podem ser acompanhados pelas mesmas curvas de crescimento (OMS 2006) e sim por uma especial, mais antiga (Lubchenko - 1963), mas mais apropriada para essa avaliação.
E, se bem cuidados e acompanhados, por volta de 2 a 3 anos de idade, eles voltam ao seu caminho de crescimento que teriam se tivessem nascido com o peso e estatura adequados (Catch-up).
Porém, se por alguma razão, esse RN não recebe esses cuidados de forma adequada (falta ou excesso), ele está sujeito, por exemplo, a um maior risco de obesidade entre 3 e 5 anos de idade, aumentando os riscos de obesidade na idade adulta, com maiores chances de apresentarem diabetes tipo 2, dislipidemia (problemas de colesterol e triglicérides), hipertensão e doenças cardiovasculares.
Que mãe nunca pensou assim:
“Tadinhos, eles nasceram tão pequenininhos. Vamos encher eles de comida, senão eles não crescem e vão ficar magrinhos e doentinhos.”
Cuidado, essa é uma armadilha perigosíssima. Crianças que nasceram com baixo peso têm mais chances de se tornarem adolescentes e adultos obesos se não forem tomados cuidados adequados. E esses cuidados precisam ser tomados desde o nascimento.
Essa foi tão repleta de material interessante que vou dar um toque aqui, mas vai merecer um artigo à parte (não que eu goste do assunto... rsrs).
A aula apresentou um estudo realizado em no Congresso de Pediatria de São Paulo de 2013, entre os pediatras, em que se perguntou qual seria a maior dúvida deles em relação ao aleitamento materno. E o resultado não difere muito das dúvidas das mães a respeito do tema.
Pouco leite, muito, leite, rachadura de bicos, dor, volta ao trabalho estão entre as questões mais frequentes no dia-a-dia do pediatra. Mas acho interessante abordar um tema que sempre gera dúvidas: DESMAME.
Por definição, o desmame acontece quando o leite materno deixa de ser o único alimento ou líquido que o bebê recebe. Assim, bebê em aleitamento materno exclusivo (AME) que toma água tem seu desmame iniciado.
O ideal é que esse desmame seja natural, após 2 anos ou mais (como recomendam a OMS e a SBP), com relação mãe-filho fortalecida, sem ansiedade. Esse respeito ao tempo da criança e da mãe faz uma transição mais tranquila e menos estressante para ambos, preenche as necessidades (nutricionais, de vínculo) da criança até ela estar madura para desmamar, previne quadros de intolerância alimentar, alergia e infecções.
Duas frases citadas pela Dra. Marisa na sua aula valem a lembrança e a chamada à reflexão:
“Nenhuma criança começa a andar antes de estar pronta, nenhuma criança deveria ser desmamada antes de atingir a maturidade para tal” – Dra. Elsa Regina Justo Giugliani.
“Não limite a duração da amamentação a um período pré-determinado. Siga os sinais do bebê. A vida é uma série de desmames, do útero, do seio, de casa para a escola, da escola para o trabalho. Quando uma criança é forçada a entrar em um estágio antes de estar pronta, corre o risco de afetar seu desenvolvimento emocional” – Dr. William Sears.
Nessa aula, foram avaliadas as fórmulas lácteas que temos em nosso mercado. Acho que a conclusão da aula talvez seja a melhor mensagem.
- Leite materno é indubitavelmente o melhor alimento para RN e lactentes, sendo preconizado como alimentação exclusiva em crianças até 6 meses de vida (eu acrescentaria em livre-demanda e estendido até 2 anos ou mais).
- Na impossibilidade do aleitamento materno, está indicado o uso de fórmulas infantis (eu acrescentaria que essa orientação deveria ser feita sempre em conjunto com o pediatra).
- O mercado brasileiro está amplamente abastecido em termos de diferentes formulações para nutrir lactentes com as mais variadas características clínicas.
- Na escolha do produto, deve ser considerada a necessidade específica do paciente, a composição da fórmula, a palatabilidade e, principalmente, o custo-benefício(eu acrescentaria, de novo, que essa orientação deveria ser feita sempre em conjunto com o pediatra).
1ª aula – Crescimento intrauterino restrito: repercussões futuras – Dra. Lilian dos Santos Rodrigues Sadeck
2ª aula – Aleitamento materno – dúvidas mais frequentes – Dra. Marisa da Matta Aprile
3ª aula – Fórmulas lácteas em pediatria – novas características e avanços nutricionais – Dr. Ary Lopes Cardoso
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545