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A dose certa de cada vacina

Do site Chris Flores

Meningite, rotavírus, HPV, varicela... Saiba como é feita a imunização e a partir de que idade deve ser realizada

18/12/2014


       istock / Thinkstock / Getty

Depois do leite materno, as vacinas são as mais importantes fontes de defesa e proteção à saúde das crianças. Sarampo, paralisia infantil, tétano, coqueluche e mais recentemente meningite, HPV, hepatite A e B passaram a ser mais controladas graças à disseminação do uso das vacinas.

Participei no início do mês da 15ª Jornada de Imunização do Grupo Santa Joana, em São Paulo, onde médicos discutiram sobre os benefícios de diversos tipos de vacinas  e lá, através das exposições de excelentes de professores importantes da área, recebi informações sobre algumas atualizações que acho fundamental que seja de conhecimento de todos (pais, profissionais de saúde), para que se compreenda como a vacinação da Rede Pública (SUS / Ministério da Saúde) está cada vez mais próxima do Calendário de Vacinação recomendado pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e pela SBIm (Associação Brasileira de Imunizações)e como elas são cada vez mais seguras, mesmo com as situações ocorridas ultimamente (HPV e tríplice viral).

 

Vacinas de meningite meningocócica

Dr. Marco Aurélio Sáfadi

A meningite é uma doença que acomete, em cerca de 90% dos casos, crianças saudáveis, até 4 anos de idade, sem quadros de doenças que favoreçam seu aparecimento. Porém, segundo estudos, o portador é principalmente o adolescente(11 a 19 anos). O grupo de fumantes passivos apresenta maior incidência da doença.

Há vários sorotipos de meningococos e cada vacina protege contra um deles. A, B, C, W135, X, Y.

Não temos caso aqui no Brasil do tipo A há muito tempo. A do tipo X nunca tivemos aqui. Assim, os mais comuns são C (64%) / B (23%) / W (8%) / Y (4%).

O esquema atual oficial da vacina de meningite meningocócica conjugada tipo C (MenC) é composto de 2 doses (3 e 5 meses) com um reforço (entre 12 e 18 meses). Observa-se que após 5 anos dessas doses básicas, havia apenas 25% de crianças protegidas e em 75% das crianças não havia mais nível e anticorpos adequados.

A partir de então, recomenda-se um reforço aos 5 anos (Vacina Meningite C no SUS e ACWY na redes privadas) e mais um reforço aos 11 anos (ACWY).

A vacina Meningite ACWY é liberada, por enquanto, acima de 2 anos de idade (só nas clínicas). Era dada apenas na adolescência (11 anos) e agora é recomendável como reforço aos 5 anos.

Já no caso da meningite tipo B (a segunda em frequência entre nós) há uma previsão de vacina a partir de 2015, ainda na rede privada.

Vacinas de HPV

Dr. Gabriel Wolf Oselka

Há duas vacinas com vírus inativados disponibilizadas contra HPV – a bivalente (16 e 18 – só contra papilomavírus humano responsáveis pelo câncer de colo de útero) e a quadrivalente (6, 11, 16 e 18 – contra papilomavírus humano responsáveis pelas verrugas genitais e pelo câncer de colo de útero).

O esquema atual nas redes privadas é de três doses da quadrivalente (0, 2 e 6 meses – entre 9 e 26 anos), enquanto que o esquema proposto pela rede pública (SUS entre 9 e 13 anos) liberado em campanhas nesse ano é a proposta de vacinação estendida, também da tetravalente (0, 6 e 60 meses), baseada em estudos de calendário semelhante realizado em alguns países do mundo, com sucesso.

Porém no dia 3 de dezembro, a OMS lançou proposta de duas doses de HPV como suficiente, sem a necessidade de uma terceira dose de reforço, aplicada entre 9 e 23 anos.

Segundo o comunicado da OMS, o esquema de duas doses se mostrou tão eficaz quanto o de três doses, na prevenção de câncer de colo de útero. Essa diminuição e doses tornará a administração mais fácil e mais barata, sendo assim, de melhor aceitação.

Essa campanha começou aqui no Brasil e após alguns dias houve um evento de reações em um grupo de adolescentes, com tendências a quadros neurológicos. O Ministério da Saúde emitiu um comunicado em setembro esclarecendo que os eventos não tinham relação direta com a vacina e recomendando a continuidade da vacinação. Mesmo assim, a primeira campanha teve 96% de adesão que na segunda atingiu apenas cerca de 55%. É fundamental ressaltar a importância da vacinação na prevenção da doença.

Para meninos, já está liberada no Brasil a aplicação da vacina quadrivalente, entre 9 e 25 anos.

Vacinas de adultos

Dra. Rosana Richtmann


Um dos temas abordados foi a vacinação contra coqueluche em adultos, justificada pela volta da doença desde 2010, em crianças abaixo de um ano de idade, com maior risco de morte abaixo de 2 meses de vida, quando ainda não se iniciou a proteção pelo calendário vacinal.

Os meses de maior incidência da doença são de dezembro e fevereiro. Para cada caso de coqueluche há 17 novos contatos. Vale lembrar que nem a doença confere imunidade definitiva. Dentro da família (pais, avós) estão entre os grandes “responsáveis” pela transmissão da coqueluche para os recém-nascidos.

Assim, a recomendação é a vacinação de todas as gestantes, em todas as gestações, entre a =27ª e a 35ª semanas de gravidez. Essa vacina (tríplice adulta acelular) já está disponibilizada na rede pública (SUS) e nas redes particulares.

A vacinação da gestante e dos familiares é conhecida como “Estratégia Cocoon” (vacinação da mulher na gestação e da família no pós-parto imediato, para evitar fonte de contaminação para o lactente).

Atualização do calendário da criança (SUS)

Dra. Lily Yin Weckx


Vacina Rotavírus

As doses dessa vacina têm período adequado mínimo e máximo de aplicação. Esses prazos foram ampliados no SUS.

A 1ª dose que tinha como prazos entre um mês e 15 dias a três meses e sete dias passou para três meses e 15 dias. A mudança mais significativa aconteceu nos prazos da 2ª dose que eram entre 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15 dias, passaram a 7 meses e 29 dias.

 

Vacina Hepatite A

A recomendação de nosso calendário privado (SBP e SBIm) é de 2 doses, separadas de 6 meses, a partir de um ano de idade.

Desde setembro,  passou a ser aplicada no SUS a vacina de Hepatite A em esquema de uma dose, conforme já utilizada com sucesso em outros países (Argentina, por exemplo), entre 12 e 23 meses.

Ainda pode ser recomendada uma segunda dose de proteção, apenas na rede provada, 6 meses após a primeira dose que pode ser aplicada na rede pública, garantindo, assim, uma maior duração da proteção.

Vale lembrar que essa vacina deve ser indicada não só a todas as crianças, mas também a adolescentes e adultos não vacinados, em esquema de duas doses.

 

Vacina Varicela

A catapora tem sua proteção atualmente na rede privada recomendada em duas doses (12 e 15 meses – desde 2013) em uma vacina específica (vacina varicela).

Ela é aplicada simultaneamente à tríplice viral (Sarampo, caxumba e rubéola – SCR ou MMR). Na primeira dose, elas são feitas no mesmo dia, em aplicações separadas.

Esse fato é devido ao maior risco de convulsão febril observada quando elas são aplicadas em conjunto (vacina tetraviral – SCRV ou MMRV) na primeira dose (12 meses). Quando elas são aplicadas em conjunto na segunda dose (15 meses), não há descrição de casos de convulsão febril. Constatou-se que quando se associa a vacina de varicela no mesmo frasco, ocorre um aumento muito importante da reação à vacina de sarampo.

Assim, as orientações são as seguintes:

- No SUS:
Uma dose de SCR (tríplice viral) com 12 meses.
Uma dose de SCRV (tetraviral) com 15 meses.

- Pela SBP ou SBIm:
Uma dose de SCR (tríplice viral) e de varicela com 12 meses, em aplicações separadas.
Uma dose de SCRV (tetraviral) ou aplicação das duas doses separadas no mesmo dia (SCR + V) entre 15 e 24 meses. A vacina tetraviral não está disponibilizada já há algum tempo na rede privada.

 

Vacina Febre Amarela

Essa não é uma vacina de rotina. Ela deve ser aplicada em crianças que morem em região onde existe a doença o ano todo (endêmica) ou para quem vá viajar para essas regiões.

Recomenda-se, atualmente, uma dose aos nove meses, com um reforço aos 4 anos. Se a primeira dose for acima dos 4 anos, há necessidade de reforço após 10 anos.

A partir de 2016, já há a recomendação da OMS de uma dose apenas que daria proteção para a vida toda, sem necessidade de reforço.

Crianças com reação alérgica grave ao ovo não devem tomar essa vacina sem uma avaliação pediátrica. Recomenda-se um acompanhamento apropriado nessas situações (hospitais).

E 2015 chega com propostas (meningite B, dengue) para aumentar, cada vez mais, a proteção contra doenças que interferem na saúde da população mundial.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545