Do site Bolsa de bebê / Bolsa de Mulher
Técnica possibilita reconhecimento de gosto, cheiro e consistência dos alimentos
por Beatriz Helena
08/12/2014
Até os 6 meses, o único alimento que deve ser oferecido a uma criança é o leite materno. Além do organismo do bebê não estar pronto para outros alimentos, é o leite que tem a medida certa de nutrientes para suprir todas as necessidades desta fase. Depois do primeiro semestre de vida, é a hora de pensar na introdução alimentar.
Suco, frutas trituradas e papinhas batidas não fazem parte da introdução alimentar BLW. A técnica, que pode ser compreendida como Alimentação Complementar Dirigida, consiste em deixar que o bebê coma junto com a família, mas sem a ajuda de nenhum adulto, conforme seus interesses e vontades.
Como começar a introdução alimentar
“A introdução de alimentos não vai substituir o leite materno ou a fórmula. Até um ano de idade, a ingestão de sólidos é considerada um complemento da amamentação, e não o contrário”, explica o pediatra e homeopata Dr. Moisés Chencinski.
A criança deve sentar com o restante da família
para se alimentar (Crédito: Thinkstock)
Nos primeiros meses, o bebê que até então só sugava, vai aprender a mastigar e a deglutir. “Colocamos a criança para comer junto com a família a partir dos 6 meses porque é quando ela senta, sustenta a cabeça e consegue observar tudo”, comenta o pediatra.
Neste momento, é hora de deixa-los no cadeirão junto com a família para conhecer todas as cores, cheiros e consistências dos alimentos. “Coloque a criança no cadeirão perto da mesa junto com toda a família. Coloque pedaços de frutas em cima da bandeja sem pratos ou cumbucas e espere a criança descobrir o alimento. Aprender a cheirar, sentir a consistência e o gosto dos alimentos é essencial”, defende Dr. Moisés. Não há restrição para os tipos de frutas ou grupo de alimentos. Apenas evite morango e kiwi, que são os mais alergênicos. “A criança pode comer tudo, mas poder não é precisar. Selecione os alimentos essenciais e vá apresentando aos poucos. Respeite sempre os limites de cada fase”, orienta.
A quantidade consumida varia de acordo com cada criança e, segundo o especialista, não há motivo para se preocupar. “É realmente preciso esperar a evolução e aceitação da criança. Se nas primeiras semanas ela não comer, não tem porque ter pressa. O leite materno vai continuar sustentando e oferecendo tudo o que ela precisa”, explica. Por isso, o momento ideal para oferecer o alimento é 15 minutos após as mamadas.
Os sucos e as papinhas batidas não são mais indicados para crianças de até um ano e as recomendações são da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde. “O ato de espremer e coar a fruta quebra todas as suas fibras, o que faz com que o açúcar da fruta seja facilmente digerido, ação que aumenta a insulina e pode aumentar o risco de diabetes do tipo 2”, alerta o especialista.
Troque os sucos e as papinhas batidas por frutas levemente amassadas ou ferventadas. A maçã, por exemplo, pode ser cozida e oferecida em pedaços mais macios.
Comendo com a mão, a criança sente o cheiro e a
consistência de todos os alimentos (Crédito: Thinkstock)
O processo de introdução alimentar deve acontecer naturalmente e, até os 12 meses, a criança deve estar consumindo o café-da-manhã, almoço, lanche da tarde e o jantar com toda a família.
“Para o preparo das refeições salgadas ou doces, esqueça o sal e o açúcar. Deixe apenas o gosto do próprio alimento formar o paladar da criança”, recomenda o pediatra.
Nesta fase, a criança deve comer a mesma comida do restante da família – atente-se para temperos picantes. Para facilitar, diminua o tamanho dos alimentos, e, se precisar, auxilie com a colher até a boca, mas o importante é deixar a criança ser protagonista de sua alimentação.
Ofereça sempre a fruta na bandeja do cadeirão após as refeições de forma que a rotina fique: fruta da manhã após a mamada, almoço com fruta de sobremesa, fruta de lanche da tarde após mamada, jantar com fruta de sobremesa, mamada antes de dormir. Mães adeptas da amamentação em livre demanda devem continuar fornecendo o peito quando solicitado.
Com alta biodisponibilidade de ferro, o leite materno pode ser fornecido em livre demanda durante a introdução alimentar, mas o leite formulado não. “O cálcio do leite de fórmula interfere na absorção do ferro da comida. Portanto, o ideal é não oferecer o leite complemento após as refeições”, orienta Moisés.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545