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Obesidade da mãe, sedentarismo, uso de antibióticos e cesariana: riscos de obesidade infantil

Do portal SEGS

A obesidade epidêmica começou a fazer parte da vida das crianças desde a década de 80.

por Márcia Wirth

10/12/2014

A obesidade epidêmica começou a fazer parte da vida das crianças desde a década de 80, e hoje em dia é uma das doenças mais comuns enfrentadas por endocrinologistas e pediatras.

Muito se fala a respeito da influência da gestação, das características de saúde das mães e dos hábitos da família na gênese do sobrepeso das crianças.

Cada dia mais, os estudos apontam novas formas de influências que podem ser controladas, através da conscientização e do controle mais adequado desses riscos.

Vejam três dessas pesquisas bem recentes, publicadas nas revistas especializadas e apresentadas em congressos médicos, ainda precisando de mais estudos para confirmação, porém com fortes indícios de causalidade.

Risco de doenças cardíacas e AVC é maior em mães obesas antes de engravidar

Dados apresentados no Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas e nas sessões científicas da Associação Americana de Cardiologia mostraram que mais de 50% das gestantes apresentavam sobrepeso ou obesidade.

Um estudo avaliou dados de 879 mães (média de 32 anos de idade) e seus filhos, entre 1971 a 2012, analisando os riscos de ataques cardíacos, derrames ou óbitos entre adultos que nasceram de mães com sobrepeso antes da gestação.

“Os pesquisadores concluíram que filhos adultos de mães obesas e com sobrepeso, antes de engravidarem, tinham 90% mais de chance de morte (ataque cardíaco ou derrame) se comparados com as que não tinham sobrepeso. Os riscos maiores foram atribuídos à obesidade infantil, à hipertensão arterial, ao diabetes ou ao colesterol elevado das crianças, provocados pelo estresse da gestação com o sobrepeso materno e pelos hábitos inadequados de saúde, conforme a criança cresce, perpetuando esses problemas através das gerações”, explica o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

Fatores de saúde cardíaca como obesidade e tempo de TV podem passar de pais para filhos

Os pais são exemplos para seus filhos, tanto nos bons quanto nos maus hábitos.
 
Um estudo realizado no Japão, apresentado nas sessões científicas da Academia Americana de Cardiologia (2014), com 114 crianças (de 6 a 12 anos) e seus pais, concluiu que o sedentarismo (pelo hábito de TV ou uso de computadores) e a obesidade, fatores de risco para problemas cardíacos, podem passar de geração em geração.
 
“Após análises clínicas das crianças, incluindo o uso de pedômetros para avaliar sua atividade durante uma semana e de um questionário dos pais sobre estilo de vida, foi encontrada uma relação direta entre os hábitos dos pais e os das crianças, especialmente no tempo de tela (TV ou computador). Assim, para reduzir o tempo gasto sentado em frente a uma tela por parte das crianças é necessário intervir nos hábitos dos pais”, observa o médico.

Exposição a antibióticos durante a gestação aumenta o risco de obesidade nas crianças

Uma pesquisa realizada na Universidade de Columbia e publicada no International Journal of Obesity sugere que mães que usaram antibióticos no 2º e 3º trimestres de gestação geravam um maior risco de obesidade em seus filhos aos 7 anos.
 
Além disso, mães com partos realizados por cesariana, eletiva ou não, aumentavam o risco de obesidade de sua prole.
 
“As descobertas passam pelo maior conhecimento da importância da flora bacteriana intestinal na nossa homeostase (equilíbrio). Assim, qualquer problema na passagem das bactérias da mãe para seu filho pode aumentar os riscos na saúde de seus filhos, incluindo obesidade”, diz Moises Chencinski.
 
Foram analisados dados de 436 mães e seus filhos até os 7 anos de idade entre 1998 a 2006. 16% dessas mães  usaram antibióticos no 2º ou 3º trimestre de gestação. As crianças que foram expostas aos antibióticos nessa fase tiveram 84% mais chances de obesidade do que os que não foram expostos.
 
“A cesariana, assim como o uso de antibióticos, é considerada uma forma não adequada na transmissão da flora bacteriana da mãe para seu bebê, afetando, dessa forma, a microbiota intestinal da criança. O estudo aponta para um aumento de 46% no risco de obesidade em crianças nascidas de parto cesariana (com ou sem uso de antibióticos)”, informa o médico.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545