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Quantas vezes por ano seu filho fica doente?

Do site da Chris Flores

Alergias e viroses em bebês e crianças deixam os pais aflitos. Saiba o que desencadeia os problemas e a partir de que idade o sistema imunológico fica mais resistente

03/12/2014

Ao longo das últimas quatro semanas tenho trazido a vocês, mamães, informações e novidades de pediatria discutidas em um congresso para médicos, do qual participei recentemente. Dúvidas sobre amamentação, uso de chupeta e mamadeira, enjoos e vômitos dos bebês, além de constipação e diarreia foram alguns dos temas tratados. Hoje trago outros dois temas que sempre trazem insegurança aos pais: alergia alimentar e viroses. 

 

Alergia alimentar IgE mediada

A alergia pode ter várias causas e vários mecanismos de ação. Sabe quando você é picado por inseto ou passa algum perfume ou come algum alimento e imediatamente (ou no máximo em algumas horas) fica com a boca ou o corpo todo inchado, tem uma crise de asma, a respiração fica difícil? Essa é uma reação mediada por uma imunoglobulina que temos no nosso corpo (IgE).

Cerca de 85 a 90% desses quadros apresentam reações na pele e no organismo todo (urticária, dermatite alérgica de contato, choque anafilático). Então é potencialmente um quadro grave. A alergia alimentar aparece como responsável importante nos mais variados quadros alérgicos (35% dos casos de choque anafilático, por exemplo).

Quadro cada vez mais diagnosticado (nem sempre de forma correta) e que aparece mais em crianças do que em adultos. Vejam que dados importantes:

- As alergias a ovo, leite de vaca, soja e trigo geralmente somem na infância.
- Peixes e crustáceos, nozes e amendoim duram a vida toda.

E olha só essa questão. Existe um quadro conhecido como alergia látex-fruta. Algumas crianças apresentam, após contato com o látex, uma reação cruzada com algumas frutas. Sabe onde pode ter látex???? CHUPETAS E MAMADEIRAS.

E quais as frutas mais comumente relacionadas a essa alergia?

Banana, kiwi e morango. Mesmo assim, não há recomendação de retardar a introdução dessas frutas (eu costumava orientar a introdução mais tardia do kiwi e do morango e mais precoce de banana. Errei, né? Vamos mudar isso).

Mas uma coisa eu não errei. Achamos mais uma razão para não dar chupeta e não usar mamadeira (usar o copinho sem látex) – um risco maior desse tipo de alergia.

E mesmo com toda essa gravidade e imprevisibilidade, recomenda-se:

- Aleitamento materno exclusivo até o 6º mês.

- Introdução alimentar sem uso de alimentos artificiais.

- Não existe nenhuma comprovação ou indicação de restrição da dieta na gestação para evitar a alergia.

- A restrição da dieta da mãe durante a lactação como prevenção também não tem comprovação.

Infecções de repetição na criança imunocompetente

Entre elas, em crianças, todos nós estamos acostumados às tais das viroses, não é mesmo? Resfriados, gripes, faringites, laringites (respiratórias), diarreia e vômitos (digestivas) frequentam os pesadelos de todos os pais (e pediatras, por que não? Risos).

Uma das principais questões que nos deparamos nessas situações é o excesso de diagnósticos de viroses e um excesso de medicação inadequada (antibióticos, corticoides, antialérgicos) prescrita indiscriminadamente, levando a indicações de condutas nem sempre as mais precisas.

Sempre nos preocupamos com as crianças que entram nas creches, berçários por conta desses quadros. Mas prestem atenção nesses dados. Em crianças que ainda não estão em berçários, consideram-se aceitável em relação a quadros de infecções de vias aéreas superiores:

♦ no 1º ano de vida: até sete quadros por ano.

♦ de 1 a 4 anos de idade: até oito por ano.

♦ de 5 a 9 anos de idade: até seis por ano.

♦ de 10 a 19 anos de idade: até cinco por ano.

Em crianças que já frequentam essas instituições (escolas, creches, berçários) esse número pode aumentar em 30 a 50%.

Isso quer dizer que é normal a criança ficar doente assim?

O sistema imunológico (imunoglobulinas A, G, M, E) da criança completa sua formação apenas aos três anos de idade. Assim, a criança não tem as defesas necessárias (mesmo após aleitamento materno e vacinação adequada) contra todos os quadros virais que eles terão que enfrentar (e esses são só os respiratórios).

Essa é uma das razões para que a idade recomendada para uma criança frequentar um ambiente escolar, se for possível, seja após os três anos.

Existe, no entanto, uma necessidade de avaliação de imunidade se uma criança apresentar algum desses tipos de quadros, BEM DIAGNOSTICADOS, segundo a BRAGID (Grupo Brasileiro de Imunodeficiências). Conheça os Dez sinais de alerta para Imunodeficiência Primária. Quando se analisam esses sinais, fica muito clara a importância do diagnóstico correto.

E assim acabou-se o curso

9ª aula – Alergia alimentar IgE mediada – Dr. Pérsio Roxo Junior

10ª aula – Infecções de repetição na criança imunocompetente – Dr. Pérsio Roxo Junior

E então, se esses foram só alguns dos pontos interessantes desse curso, diz pra mim que não vale a pena frequentar e ouvir, desses professores excelentes, as novidades e as justificativas para nossas condutas em nosso dia-a-dia da prática pediátrica.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545