Muita coisa pode ser aprendida através do conhecimento das últimas pesquisas científicas, com o entendimento de que a ciência é um processo e que os estudos precisam ser replicados muitas vezes antes de se tornarem realidade nos consultórios e nos lares
por Márcia Wirth
05/02/2015
Grande parte do comportamento parental é aprendido com a experiência; muito é captado por meio da orientação de amigos de confiança, de familiares e de especialistas e muito tem relação apenas com o instinto.
“Mas quando se trata de compreender a saúde das crianças, muita informação pode chegar através do conhecimento das últimas pesquisas científicas, com o entendimento de que a ciência é um processo e que os estudos precisam ser replicados muitas vezes antes de se tornarem realidade nos consultórios e nos lares. Com isso em mente, resolvi listar 10 estudos de saúde publicados em 2014, que considero relevantes para todos os pais, visando facilitar o diálogo com o médico que atende seus filhos”, diz o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Confira a seleção do médico:
De acordo com dados publicados em novembro, a taxa de nascimentos de prematuros, nos Estados Unidos, caiu pelo sétimo ano consecutivo. Em 2013 houve uma baixa de 11,4% em relação a todos os nascimentos em 2013. (Embora a divulgação do relatório tenha sido feita em 2014, os números são do ano anterior).
“Os especialistas que divulgaram o relatório caracterizaram os resultados como promissores, mas ressaltaram que ainda há muito trabalho a ser feito no campo da saúde pública. O relatório salienta que, embora muitos fatores de risco para o parto prematuro sejam desconhecidos ou estejam fora do controle dos pais, os esforços para mudar fatores de risco modificáveis, como o tabagismo durante a gravidez, têm feito uma diferença mensurável nos resultados”, afirma o pediatra, que também é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Um estudo publicado na revista Pediatrics, em julho, que investigou os fatores ligados às mortes dos bebês relacionadas ao sono constatou que a cama compartilhada (bebê dormindo na mesma superfície que outra pessoa ou animal de estimação) foi o maior fator de risco para aqueles com idade de 4 meses ou mais jovens.
“Para bebês mais velhos - aqueles entre 4 meses e 1 ano, que rolam sobre os objetos, no ambiente de sono, como um cobertor ou travesseiro, este foi o maior fator de risco associado à morte. É importante notar, no entanto, que o estudo analisou apenas as correlações, não estabeleceu causa e efeito”, destaca o pediatra.
Apesar das preocupações sobre a segurança dos objetos no ambiente de sono, mais da metade dos pais, nos EUA, coloca seus bebês para dormir em berços/ camas com cobertores ou outras coisas soltas, de acordo com um relatório emitido pelo governo em dezembro.
“A porcentagem de pais que coloca seus filhos para dormir com outros objetos na cama caiu desde a década de 1990. E aqueles que não adotaram as recomendações da Academia Americana de Pediatria podem estar sendo confundidos por revistas e catálogos de decoração, que retratam bebês em berços com objetos desnecessários – e potencialmente inseguros – como cobertores e almofadas de pelúcia”, observa Chencinski.
Um estudo surpreendente publicado em outubro, que se concentrou nos dados de um hospital do Oregon (EUA), descobriu que mais de 90% das mães, pais ou cuidadores cometeu pelo menos um erro importante na forma como instalaram o assento de carro do recém-nascido ou como eles posicionaram o bebê na cadeirinha, quando deixaram o hospital, logo após o nascimento. Os pesquisadores descobriram uma média de 4.2% de "uso indevido" da cadeirinha por família, enquanto que 50% das famílias que participaram do estudo cometeram cinco ou mais erros.
“Apesar de ter sido impossível para os pesquisadores quantificar o efeito desses erros, eles disseram que os resultados demonstram claramente a necessidade de mais informações para que os pais mantenham seus filhos em segurança no carro”, diz o médico.
A cada oito minutos, uma criança com idade inferior a 6 anos experimenta um erro de medicação, que não acontece dentro do consultório do médico ou no hospital, revela um estudo de outubro.
“Felizmente, a maior parte dos erros não implica em risco de morte, embora sejam generalizados, afetando mais de 200.000 crianças nos Estados Unidos, anualmente. As taxas de erros foram maiores entre as crianças de 1 ano e mais jovens, sugerindo que os novos pais podem estar particularmente suscetíveis a cometer erros relacionados com a medicação”, informa Moises Chencinski.
“Uma revisão de estudos, publicada em julho, adicionou corpo substancial às evidências que sustentam a segurança das vacinas, revelando que as reações adversas graves com 11 vacinas comuns geralmente dadas a crianças com menos de 6 anos de idade são raras. Os pesquisadores também não encontraram nenhuma ligação entre essas vacinas e aumento do risco de Transtornos do Espectro do Autismo”, conta o médico.
Em um editorial que acompanha o relatório, Carrie Byington, da Universidade do Departamento de Pediatria do Utah, escreveu que os resultados "devem ser reconfortantes para os pais de crianças pequenas e para os médicos que cuidam dessas crianças”.
Em junho, a Academia Americana de Pediatria emitiu sua primeira declaração sobre a promoção da alfabetização infantil, incitando os pediatras a falarem com os pais, durante as consultas, sobre a importância da leitura em voz alta para seus filhos, assim como eles discutem preocupações médicas e emocionais importantes.
“Os benefícios da leitura em conjunto, enfatizou a entidade americana, vão além da promoção da alfabetização. A leitura para crianças ajuda a alimentá-los emocionalmente e fortalece laços familiares”, destaca o pediatra.
Segundo dados divulgados, em março, pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, 1 em cada 68 crianças, nos Estados Unidos, é diagnosticada com um Transtorno do Espectro do Autismo. O valor é aproximadamente 30% maior do que a estimativa nacional anterior de 1 em cada 88 crianças, relatado em 2012.
“As razões por trás do aumento não são totalmente compreendidas: a consciência sobre o Transtorno do Espectro do Autismo aumentou, o que levou a mais diagnósticos, mas os especialistas acreditam também que alguns fatores de risco podem estar em ascensão”, informa o médico.
Em uma declaração de setembro, a Academia Americana de Pediatria recomenda que os dispositivos intrauterinos (DIU) e os implantes - ambos, formas de ação prolongada reversíveis de contracepção hormonal - são a opção contraceptiva de primeira linha para meninas adolescentes que são sexualmente ativas.
“No entanto, como nenhum método protege contra doenças sexualmente transmissíveis, o preservativo deve ser utilizado quando as adolescentes têm relações sexuais, insiste a entidade médica”, lembra o pediatra.
“Em agosto, a Academia Americana de Pediatria tomou medidas para enfatizar o papel de extrema importância que o sono desempenha na saúde geral dos adolescentes, sugerindo que as escolas de ensino médio não comecem suas aulas antes das 08h30, a fim de ajudar a reduzir a privação de sono generalizada e a incentivar jovens e adolescentes a obterem as 8,5-9,5 horas de sono todas as noites que recomendadas para eles”, conta o médico.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545