Do site Tempo de Mulher
Especialistas recomendam evitar o uso do produto se ele tiver objetos decorativos, pois o bebê pode engolir as pecinhas.
por Redação
27/03/2015
Chupetas "decoradas" colocam a saúde
da criança em risco | Foto: Thinkstock
A moda de chupetas decoradas com pedrinhas e pérolas tem despertado preocupação entre os médicos e especialistas da área. Fora a beleza, crianças correm o risco de engolir essas pecinhas (botões, cristais, fitas) no caso de elas desgrudarem da chupeta. Resultado? Os bebês podem engolir esses ojetos, causando engasgo ou sufocamento. Outro perigo que esses produtos personalizados oferecem é a cola utilizada para fixar as pecinhas, que pode ser tóxica e inalada pela criança.
Em nota publicada em janeiro de 2015, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) alerta que as "chupetas e mamadeiras são produtos que devem atender a requisitos técnicos e procedimentos de avaliação da conformidade para serem colocados à venda no mercado". O instituto informa ainda que a customização destes produtos é entendida como "alteração e, portanto, implica na necessidade de uma reavaliação técnica" e, consequentemente, na "emissão de um novo certificado para o produto alterado ou customizado".
Quem comercializa chupetas e mamadeiras customizadas sem a certificação ou registro, ou seja, sem a demonstração de que o mesmo atende aos requisitos técnicos especificados pelo Inmetro e Anvisa pode ser punido. Segundo o Inmetro, o fornecedor de produto customizado não certificado comete irregularidade "passível de aplicação de penalidades, incluindo multas e apreensão dos produtos".
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Foto: CPSC/USA
Por meio de uma nota, o Inmetro afirma que a customização de produtos infantis, especialmente as chupetas com a aplicação de cristais e outros adornos, tornam o produto "inseguro". Isso proque há "grande possibilidade de essas peças aplicadas se soltarem durante o uso e manuseio pelo bebê, podendo ocasionar grave sufocamento e engasgo que, inclusive, podem levar a óbito".
O instituto ainda alerta para uma "possível toxicidade dos cristais e outros adornos aplicados" e já "estuda medidas para o controle do problema, incluindo, eventualmente, a proibição da customização de produtos de uso infantil, principalmente aqueles que são levados à boca".
Sem contar que os valores são salgados: os preços das chupetas decoradas costumam variar entre R$ 30 e R$ 90 reais.
Foto: Thinkstock
De acordo com o pediatra Yechiel Moises Chencinski, membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo, o ideal seria não oferecer chupeta para a criança em momento algum.
Além disso, o especialista orienta que no caso das chupetas decoradas o risco é muito maior. "As pedrinhas podem se soltar e o bebê aspirá-las. Aquelas chupetas com fitas, por exemplo, são outro risco, pois pode asfixiar as crianças. Por sua vez, as tintas desses produtos podem induzir a alergias", alerta o médico.
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A mesma preocupação, das pedrinhas soltarem, é reafirmada pela dentista Angélica Musa de Morais. "Essas pecinhas podem soltar, entrar no nariz ou até mesmo nos olhos. A chupeta tem de ter menos borda possível porque elas criam retenção de sujeira e não são higiênicas", reforça Angélica.
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"A chupeta, em geral, traz conforto e acalma a criança. No entanto, ela se torna nociva quando não é apropriada, ou seja, não traz segurança ou tem material e formato inapropriados", opina a dentista.
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O uso da chupeta interfere na formação dos dentes e da arcada dentária. "Há estudos comprovando que o uso da chupeta pode interferir no desenvolvimento craniano, na dentição, na respiração, no desmame precoce e em muitas outras questões", afirma o pediatra Yechiel Moises Chencinski.
"A chupeta mexe com a formação óssea e começa a comprometer o céu da boca, por exemplo. Isso porque o osso acaba sendo moldado de acordo com o formato da chupeta e isso, em geral, é nocivo. E quando esse uso se torna permanente e a chupeta tem um formato que não é ortodôntico, acaba fazendo com que o céu da boca fique fundo, deixando as crianças com os dentes proeminentes, ou seja, para frente", alerta a dentista Angélica Musa.
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"O limite ideal é que os bebês usem a chupeta só até os dois anos de idade. A partir daí é preciso tirar porque pode comprometer a face da criança. O hábito pode ser interrompido a partir do momento em que os pequenos não precisam mais da chupeta", recomenda a dentista Angelica Musa.
Caso você não tenha conseguido evitar o uso da chupeta pelo bebê, retire-a o quanto antes. "Quando uma criança chora e não conhece a chupeta, certamente essa não é a razão pela qual ele chora. Mesmo assim, o uso da chupeta deve ser restrito para quando o bebê vai adormecer. E quando o pequeno dormir, a chupeta deve ser retirada da boca", recomenda o pediatra Moises Chencinski.
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"A criança não entende muito que a mãe e o pai oferecem a chupeta para ela acalmar. Portanto, uma boa dica é fazer furinhos no bico. Desta maneira, o bebê vai perder o prazer da sucção. Outra bem tradicional é sugerir uma troca com a criança: você joga a chupeta e, em troca, escolhe um presente, por exemplo. É até um exercício para a vida: toda perda tem um ganho", opina Angélica.
"Se o preparo para a criança deixar a chupeta for feito adequadamente, os riscos de a criança reagir mal são muito pequenos, apesar de existirem. O ideal é fazer o acompanhamento com o pediatra para que se decida qual o momento mais adequado para essa suspensão, além de decidir o que fazer em cada caso. Mas de uma forma geral, não se recomenda voltar atrás depois que foi retirada a chupeta", afirma Moises.
Foto: Thinkstock
"A chupeta precisa ser utilizada em momentos específicos para acalmar o bebê. Ela não deve ser usada como rolha, para "calar" o bebê. Portanto, não deixe várias chupetas penduradas à disposição da criança e muito menos na boca dela, evitando assim a criação de um habito indesejável. É o adulto que, criteriosamente, deve oferecer a chupeta", completa a psicóloga Anna Mehoudar, coordenadora do Curso de Preparação para o Parto e Cuidados com o Bebê do Grupo de Apoio à Maternidade e Paternidade (Gamp).
Ela também é autora do livro "Da Gravidez Aos Cuidados com o Bebê - Um manual para pais e profissionaios" (Summus Editoral).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545