Do site Difundir
Quem nunca se deparou, em um restaurante, com aquele ser “abominável”: o magrinho que come de tudo no rodízio e não engorda um grama, enquanto outros, se apenas olharem para um brigadeiro, engordam pelo menos meio quilo?
por Márcia Wirth
03/03/2015
Por que isso acontece?
Tem crianças que mamam o leite materno e escovam os dentes adequadamente e têm cáries. Outras, mal têm qualquer cuidado alimentar ou bucal, mamam mamadeiras engrossadas e adoçadas à noite e não apresentam qualquer tipo de problema de dentição ou cáries.
A nossa recomendação não muda por conta disso.
Tem crianças que nascem com dentes (neonatais) e algumas vezes têm que ser extraídos e outros não. E temos crianças que vão ter dentes após um ano de idade e, segundo a crendice popular, são mais fortes até por demorarem mais a erupcionar.
Tem crianças, que sob orientação odontopediátrica adequada, já escovam seus dentes com a técnica apropriada, usando a pasta com flúor desde que nascem e algumas vezes, mesmo assim, podem apresentar cáries. Outras crianças, que nunca passaram na porta de um consultório pediátrico ou odontopediátrico e que, mesmo sem as orientações de cuidados bucais, apresentam menos problemas do que os esperados.
Em ambos os casos, a recomendação é que a primeira consulta com Odontopediatria (não é aconselhável o dentista de adultos que também atende crianças) seja quando o primeiro dentinho erupcionar.
E assim podemos abordar outras “doenças” que têm suas manifestações na boca, mas que representam problemas sistêmicos (bruxismo, oclusão, ATM, entre outros).
Sabemos da influência genética e hereditária, da questão alimentar, ambiental e de tantos outros fatores que realmente interferem no crescimento e no desenvolvimento de uma criança e seus dentes não podem ser encarados como um “órgão à parte”, como fazem a maioria dos profissionais que cuidam de crianças, não incluindo nos seus exames de rotina.
Há que se entender, e isso está sendo cada dia mais incorporado na cultura médica, que cada um de nós, mas especialmente a criança, tem que ser avaliado em sua totalidade, não sendo recomendável “esquartejar” um paciente e avaliá-lo em cada uma de suas partes. Não é assim que nosso organismo funciona.
Nós trabalhamos dentro de um eixo de equilíbrio que poderia ser resumido em psico-neuro-endócrino-imunológico.
Um pediatra em seu acompanhamento de rotina (puericultura) não avalia apenas o crescimento (peso, estatura, perímetro cefálico, etc.) e o desenvolvimento (quando senta, anda, fala, etc.) de seu paciente e sim tudo aquilo que diz respeito às “questões técnicas” como vacinação, alimentação, cuidados de higiene, vendo-o como um todo.
Da mesma forma, um Odontopediatra não examina apenas os dentes, a gengiva e a língua das crianças que o procuram, mas também analisa, através de sua expertise, tudo aquilo (físico, nutricional, ambiental, social, familiar) que faz daquela criança um ser único e com características próprias que vão determinar sua evolução.
Interessante que toda essa forma de abordagem que hoje é considerada uma inovação, uma nova maneira de encararmos um paciente que nos procura, é muito mais antiga do que se pensa (mais de 200 anos) e atende pelo nome de Homeopatia. Não acredita não é mesmo?
O Organon da arte de curar (originalmente: Organon der rationellen Heilkunde -Organonda arte racional de curar) é um livro escrito por Dr. Samuel Hahnemann em 1810 e marca o surgimento, na Alemanha, da Homeopatia, reconhecida desde 1980 pela Associação Médica Brasileira (AMB) como uma das 53 especialidades médicas.
Essa é uma obra em que Samuel Hahnemann, o criador da Homeopatia, descreve seus fundamentos, conta suas experiências e mostra ao mundo, na forma de parágrafos comentados toda a sua visão a respeito do que é essa forma nova (na época) de abordagem médica.
Esses são os 5 primeiros parágrafos que eu sempre cito em todo começo de curso ou de aula a respeito do tema. Acompanhem:
&1
A única e elevada missão do médico é a de restabelecer a saúde dos pacientes, ou seja, curá-los das suas enfermidades.
&2
O supremo ideal de cura prende-se com o restabelecimento da saúde de forma rápida, suave e permanente, removendo e aniquilando a doença na sua totalidade, pelo atalho mais curto, mais confiado ou conveniente, e menos nocivo.
&3
Para obter uma cura definitiva, o médico tem de compreender claramente:
- O que há para curar nas inúmeras patologias que se lhe apresentam – conhecimento da enfermidade;
- O poder curativo dos medicamentos – conhecimento do poder medicinal;
- Escolher o medicamento mais apropriado ao caso – seleção do remédio;
- A preparação do medicamento e a escolha da dose – dose apropriada;
- Período em que a dose deve ser repetida; e
- Os obstáculos ou barreiras existentes nos casos clínicos, e o método seguro para a sua remoção – o que conduzirá a uma cura permanente.
&4
O médico preserva a saúde dos seus doentes desde que conheça as causas das doenças e de todas as que de modo direto ou indireto perturbam a saúde.
&5
É de grande utilidade e ganho para o médico, tudo o que se relaciona com as causas mais prováveis que desencadeiam as doenças agudas.
Nas doenças crónicas, é também de grande utilidade o conhecimento dos seus pontos mais significativos, o que o habilita a descobrir a sua causa fundamental, que em regra é devida a um miasma.
Nestas investigações realizadas com o objetivo primordial de atingir a cura, deverá tomar-se nomeadamente em conta:
- A constituição física do paciente – muito em especial quando a enfermidade é crônica;
- O seu carácter e personalidade;
- A sua ocupação;
- Modo de vida;
- Hábitos;
- Idade;
- Atividade sexual.
Assim, a Homeopatia que é praticada por profissionais da saúde (médicos, dentistas, médicos veterinários e farmacêuticos) hoje em dia é apenas uma forma a mais que o profissional, formado nos cursos tradicionais de sua área de atuação, tem para ajudar seu paciente.
A partir do advento da Homeopatia, temos uma nova forma de encarar nosso paciente, de entender seus processos de adoecimento, compreender como a sua evolução é multicausal e como, até por isso, não temos métodos para compartimentalizar um paciente e distribuir o seu cuidado, cada parte a um especialista, como se as partes não interagissem e como se não houvesse a necessidade de se restabelecer a força vital que existe em cada um de nós (não é alma, não é espírito) e que mantem esse paciente estável.
Podemos simplificar uma pequena parte do pensamento de Hahnemann, mostrando que não adoecemos como queremos, mas como podemos. Assim, se um paciente tem o seu terreno, a sua constituição de tal forma que seus dentes serão seu ponto vulnerável, independente dos cuidados mais adequados a ele destinados, ele pode, ainda assim, apresentar problemas odontológicos. Em outros casos, explica-se pela mesma razão, como um paciente sem os cuidados devidos e, apesar do descaso com sua própria saúde bucal, nunca apresenta qualquer problema nesse setor.
Então não vale a pena cuidar? Lógico que vale sim. Mas precisamos abordar todos os nossos pacientes, entendendo suas individualidades e criando um planejamento terapêutico específico para cada um deles, mesmo conhecendo as boas bases que temos em nossa formação tradicional e nunca, nunca mesmo, nos esquecendo de nossa formação.
A Homeopatia não é uma nova Medicina ou uma nova Odontologia. A Homeopatia é mais uma ferramenta que dispomos para oferecer a quem nos procura uma possibilidade de cura suave, objetiva e duradoura.
Fecho essa matéria com parte do texto que está em meu site, escrito de forma clara e bem abrangente, em 2007, pela Dra. Jussara dos Santos Jorge Giorgi, na época Presidente da ABCDH (Associação Brasileira dos Cirurgiões Dentistas Homeopatas )
“... Abriu-se, assim, um novo caminho que logicamente não se opõe às técnicas normalmente utilizadas, mas sim, vem somar, contribuindo enormemente para nossa formação e, principalmente, no prazer e satisfação que nosso ofício deve nos trazer.
Dentro dos conceitos modernos onde um Consultório Odontológico deve ser centrado em promoção de saúde bucal, na busca de uma boca saudável em nossos pacientes, sem cáries e sem problemas periodontais, com boa função no sentido mais amplo: mastigação, fonação, deglutição e estética, com a abordagem homeopática, nós mudamos a postura de técnicos para promover a saúde com ações específicas e individuais dentro dos seguintes aspectos básicos:
• Educação em saúde;
• Controle de placa bacteriana;
• Dieta estimulante das funções e com controle da sacarose ( açúcar refinado );
• Estimulação salivar;
• Uso adequado de flúor;
• Monitoramento profissional.
Diagnosticar vai além do que detectar uma cárie, identificar a necessidade de uma prótese, uma extração, uma restauração, etc. pois, diagnosticar inclui o conhecimento dos aspectos psicológicos, o comportamento, a maneira de ser, aspectos sociais, atitudes e expectativas dos pacientes em relação a saúde geral e especificamente de sua boca.
Quanto mais global um diagnóstico, melhores as chances de sucesso na educação em saúde e nos resultados.
O reflexo dos avanços na saúde é um ser humano integral, numa visão mais global, onde todas as partes são saudáveis.
Através da observação homeopática na Odontologia, criamos uma nova conscientização, um compromisso de ambos, profissional / paciente, com vantagens de se obter crianças sem cáries e sem problemas gengivais, adultos mantendo sua saúde bucal recuperada e o custo acessível à manutenção da saúde bucal através de um trabalho preventivo.
A promoção da saúde é uma necessidade, onde o paciente deixa de ser passivo e se transforma em um co-promotor para que, quando atingir níveis melhores de controle, ele passe a ser um co-doutor e saiba, até, diagnosticar possíveis problemas.
Mente sadia em corpo sadio. Bocas saudáveis em indivíduos saudáveis. A Homeopatia ajuda na compreensão individual ajudando a melhorar a conscientização e motivação de nossos pacientes.”
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545