Publicações > Meus Artigos > Todos os Artigos

VOLTAR

10% do leite materno vendido na internet tem mistura, diz estudo

Do Maternar - Folha de São Paulo -

Essa prática, bem comum nos Estados Unidos, não é regulamentada no Brasil. Aqui, existe uma lei proibindo a amamentação cruzada _quando uma mulher amamenta o filho da outra, para evitar a transmissão de doenças ao bebê.

por Fabiana Futema

08/04/2015


Leite humano vendido na web tem mistura
de leite de vaca, diz estudo (Fotolia)


Estudo publicado nesta semana pela revista americana ‘Pediatrics’ mostrou que 10% do leite materno vendido pela internet tem leite de vaca ou em pó em sua composição. Ou seja, é uma mistura.

O trabalho, conduzido por pesquisadores do Research Institute at Nationwide Children, analisou 102 amostras de leite humano comercializado na internet.

Essa prática, bem comum nos Estados Unidos, não é regulamentada no Brasil. Aqui, existe uma lei proibindo a amamentação cruzada  - quando uma mulher amamenta o filho da outra -, para evitar a transmissão de doenças ao bebê.

Os médicos alertam para os riscos do leite misturado à saúde de crianças com alergia ao leite de vaca.

Trabalho anterior realizado pela mesma equipe indicou que 21% dos pais que tentaram comprar leite materno pela internet indicaram como motivo problemas de saúde o filho. E em 16% eram casos de alergia alimentar.

PERIGO DO COMÉRCIO

Reportagem do  “New York Times” publicada na Folha no mês passado mostrou que empresas americanas estão comprando leite materno para fabricar produtos de alto teor proteico usados depois para alimentar prematuros em UTIs.

Acredita-se que esses produtos possam ser destinados também para adultos, já que o leite materno está repleto de possíveis virtudes terapêuticas.

O pediatra e homeopata Moises Chencinski alerta para o risco do comércio de leite materno.

“Apesar de à primeira vista parecer saudável e seguro, pode trazer riscos inimagináveis a quem os procura para consumo.”

Ele cita texto publicado no British Journal of Medicine ,  que mostra que o preço do leite na internet é menor que os estabelecidos em bancos de leite regulamentados por não terem custos com pasteurização e testagem do produto. Ou seja, não se sabe se houve contaminação do material na coleta, armazenamento e ou distribuição.

“Diferentemente do que é exigido nos bancos de leite regulamentados, o leite humano comercializado pelos sites não passa por testagem sorológica (hepatite B e C, HIV, sífilis) colocando em risco a transmissão dessas doenças”, afirma o pediatra.

Chencinski diz que o leite materno testado e tratado de forma apropriada nos bancos de leite é a segunda melhor opção de alimentação infantil depois do leite da própria mãe.

CONTAMINAÇÃO

O pediatra cita outro estudo  publicado no Pediatrics que comparou amostras de leite doado a bancos de leite, sem pasteurização (20 amostras) com as que foram adquiridos on-line, pela internet (101).

Os resultados apontavam para um aumento de todo o tipo de bactérias nas amostras adquiridas pela internet.

“Como o leite humano comercializado na Internet não é fiscalizado, em algumas amostras, em outros estudos, já foram encontrados bisfenol, drogas ilícitas e mistura com leite de vaca e água para aumentar o volume”, diz o médico.

Para evitar que o comércio ilegal de leite materno seja ‘importado’ no Brasil, o pediatra diz que os profissionais de saúde devem acolher as mães para que elas se sintam confortáveis e seguras em compartilhar seus problemas e dificuldades em relação à amamentação.

Diante do questionamento das mães, os profissionais de saúde precisam fornecer respostas embasadas, segundo ele.

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545