Do site da Chris Flores
Segundo pesquisa, crianças e os adolescentes “aprendem” comportamentos ansiosos de seus pais através de um número de caminhos como modelos
09/06/2015
Agenda lotada de compromissos, vida sedentária, qualidade de sono ruim, má alimentação, falta de dinheiro, cobranças no trabalho, problemas conjugais, trânsito, falta de segurança... São tantos os problemas que enfrentamos no dia a dia que não é raro encontrarmos cada vez mais pessoas estressadas. E ansiosas.
Aliás, você já ouviu falar do CID?
Ele é a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, frequentemente designada pela sigla CID (em inglês: International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems - ICD).
Um dos mais usados entre os adultos, nos atestados ou documentos médicos, é o Transtorno de Ansiedade generalizada, mas também existem outros: Transtorno de pânico (ansiedade paroxística episódica), Transtorno misto ansioso e depressivo, outros transtornos ansiosos mistos, outros transtornos ansiosos especificados e Transtorno ansioso não especificado.
Como eu disse, esse é um dos diagnósticos mais encontrados entre os adultos. Ou melhor, era. Quer dizer que os adultos não apresentam mais ansiedade e estão calmos, tranquilos e curados? Lógico que não.
Então era por quê? Esse era um dos diagnósticos só de adultos. Assim como as DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis – hipertensão, diabetes tipo 2, dislipidemias, obesidade, síndrome metabólica), esse é um quadro que tem afetado cada vez mais as crianças.
Excesso de atividades, sono irregular, falta de limites, exigências de performance, tudo sempre ANTES e MAIS estão entre as causas do problema nas crianças.
Mas não são apenas estes os motivos. Quero aproveitar para passar os resultados de um estudo recente, publicado no American Journal of Psychiatry mostrando a influência da ansiedade dos pais no temperamento e comportamento dos filhos.
A transmissão da ansiedade na família já é reconhecida, mas os processos que levam a esse “final infeliz” ainda são pouco compreendidos. Essa pesquisa, realizada com 385 filhos de gêmeos univitelínicos e 486 filhos de gêmeos não univitelínicos do mesmo sexo, quis comprovar se além da influência genética, poderia haver alguma outra interferência ambiental que determinasse o aparecimento de ansiedade e neurose.
Os resultados apontaram para uma grande transmissão ambiental dos pais para sua prole, sem manter evidência de significativa transmissão genética, mostrando que a essa associação se deve amplamente à direta associação e contato entre pais e filhos.
A transmissão ambiental direta está de acordo com as teorias que sugerem que as crianças e os adolescentes “aprendem” comportamentos ansiosos de seus pais através de um número de caminhos como modelos.
A boa notícia é que, assim como os pais, através de seu comportamento ansioso, podem gerar a ansiedade em seus filhos, eles também podem beneficiar seus filhos nessa área reduzindo o seu próprio nível de ansiedade.
Além disso, o que se observa em algumas situações é que os pais, para proteger os filhos de suas ansiedades e seus medos, evitam o confronto com a situação que gera o estresse (medo de dentista, por exemplo), perpetuando dessa forma o problema, ao invés de ajudar os filhos a sobrepujarem suas angústias e preocupações. E um medo da criança acaba gerando mais ansiedade nos pais, que não ajudando os filhos a superarem seus medos, gera mais ansiedade nas crianças que vai gerar mais ansiedade nos pais, e assim... Fácil de entender, não é?
Assim, antes de ajudar as crianças em suas ansiedades, é fundamental que os próprios pais reconheçam esse processo em si e busquem ajuda para não comprometerem seus filhos. Viram? Há esperanças para todos. Só falta o primeiro passo. Relaxe e siga no rumo zen da calma e da paz de espírito.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545