Do portal Viva Bem - BAND
Com início de semana dedicada ao assunto, pediatra afirma que tema deve ser muito mais discutido.
por Redação
02/08/2015
Apenas 41% dos bebês brasileiros recebem apenas o leite materno
por 6 meses / Fotoarena/Folhapress
Imagine um alimento para bebês que, além de ter nutrientes extremamente balanceados, evita diarreia, infecções respiratórias, diminui risco de alergias e ajuda a criança a desenvolver a inteligência. Além de tudo isso, oferecê-lo aos pequenos não deixa o orçamento familiar mais pesado, mas ajuda a economizar na lista infindável de gastos com um filho.
Esse "produto" perfeito existe: é o leite materno, que, apesar da garantia de desenvolvimento da evolução humana, não é tão usado quando deveria.
Por isso, para ressaltar os benefícios da amamentação, começa neste sábado (1º) a Semana Mundial do Aleitamento Materno, que vai até o dia 8 de agosto com o tema "Amamentação e Trabalho – Para dar certo o compromisso é de todos.".
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que, até os seis meses de idade, as crianças sejam nutridas exclusivamente com leite materno. Após este período, mesmo com a introdução de outros alimentos, a orientação é que o aleitamento continue até os dois anos ou mais.
Estudos mostram que o leite materno é capaz de reduzir em 13% as mortes por causas evitáveis em crianças menores de cinco anos, mais do que a prevenção obtida pela vacinação ou pelo saneamento básico, segundo a OMS.
No Brasil, segundo pesquisa de 2008 do Ministério da Saúde, 41% das crianças são alimentadas somente com leite materno até os seis meses de idade. A pasta afirma, porém, que nos últimos sete anos esse número subiu 10,2% - apesar da melhora discreta, os dados são estimados e devem ser avaliados ainda em um novo levantamento.
Ainda conforme o mesmo estudo, as mães brasileiras costumam amamentar por um período total de 342 dias – menos de um ano e praticamente a metade do recomendado pela OMS.
Desinformação é problema grave
O pediatra e homeopata Moises Chencinski alerta que os problemas começam na formação dos médicos que lidam com gestantes ou mães e crianças em fase de amamentação.
Em enquetes realizadas através das redes sociais com cerca de sete mil mães de todo o país, ele descobriu que 85% delas não recebem informação sobre a amamentação no pré-natal. Entre os pediatras, 65% não veem a mãe amamentando na primeira consulta após o nascimento da criança.
"Obstetras e pediatras podem melhorar muito. O que a gente percebe é uma situação de desinformação muito grande, inclusive em grandes maternidades que não são públicas", critica pediatra.
Segundo o especialista, as maternidades precisam ter uma estrutura melhor para favorecer o aleitamento. Ele afirma que é preciso que mais instituições sigam o programa Hospital Amigo da Criança, parceria entre a OMS e a Unicef.
Entre as diretrizes do programa estão não dar bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas, mostrar às mães como amamentar e não dar ao recém-nascido nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno.
O tempo de licença-maternidade, que hoje é de quatro meses, também favorece que a criança comece a receber outros alimentos antes do seis meses. O pediatra também afirma que o tempo da licença paternidade, de cinco dias, é muito pouco.
"Dá tempo para o pai comprar umas fraldas, e só. Se os homens tivessem mais tempo de licença, isso já poderia fazer uma enorme diferença na qualidade da alimentação", analisa.
Por isso, o médico acredita que uma semana é pouco tempo para o assunto ficar em foco e criou a campanha "#euapoioleitematerno", com o objetivo de discutir o assunto durante um ano inteiro.
"Em 2015 a Semana Mundial fala sobre amamentação e trabalho. É um tema diferente todo ano, mas muita coisa acaba ficando de fora", explica. "Sempre se diz que preciso falar mais de amamentação, então resolvi fazer", finaliza.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545