Do site do jornal O Nortão
Os pais de prematuros necessitam do apoio da família e de amigos. Se você conhece uma família com um bebê na UTI neonatal, seja solidário, demonstre amor!
23/10/2015
Ter um bebê prematuro para muitas famílias é desolador, assustador, difícil, triste, traumático e algo que ninguém merece experimentar. Mas os pais dos prematuros também sabem coisas que os outros pais não sabem. Eles sabem que, apesar da dor, da luta, das lágrimas e das noites sem dormir, ter um bebê prematuro é uma experiência transformadora.
“As mães dos prematuros conhecem a perda. A perda do sonho de uma gravidez saudável, a perda do sonho de carregar uma grande barriga de grávida, a perda do sonho de ver um bebê nascendo aos nove meses, gritando e chorando... Experiências que elas pensavam que iam compartilhar com as outras mães. Os pais dos prematuros sabem mais sobre o medo e o desamparo, sobre o querer desesperadamente ajudar seus filhos, sobre o desejar fazer qualquer coisa para eles possam ir para casa. Eles sabem o que é imaginar o futuro e saber que talvez ele possa ser muito mais difícil do que jamais pudessem imaginar”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
♥ Eles sabem o que é olhar para um bebê incrivelmente minúsculo com olhos que podem ainda não estar abertos, ligado a máquinas, e honestamente sentir um amor imenso e ainda acreditar que ele é o ser mais lindo que jamais existiu;
♥ Eles sabem o que é e como encontrar alegria nos marcos mais ínfimos, como pequenos ganhos de peso ou vestir roupas (finalmente!) pela primeira vez;
♥ Eles sabem o quanto o contato pele a pele, por horas a fio, é importante para o bebê, assim como o leite materno, desde os primeiros momentos de vida;
♥ Eles sabem, mais do que ninguém, que cada etapa é uma celebração.
“Há uma enorme variação no desenvolvimento dos prematuros, e alguns pais têm mais facilidade para lidar com isso do que outros. Alguns vão lutar mais e ter um caminho mais complicado. A única coisa que médicos, enfermeiros, familiares, amigos e todas as outras mães e pais do mundo podem verdadeiramente entender é que quando eles olham para seus filhos prematuros, esses pais enxergam guerreiros, bebês que lutaram mais e superaram mais obstáculos do que qualquer um poderia ter imaginado”, diz o médico.
Ninguém planeja se tornar pai de uma criança frágil. Quando um bebê nasce prematuramente, a maioria dos pais está também despreparada para uma longa internação numa Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
Crianças em UTI’s neonatais são muitas vezes tão frágeis que não podem ser carregadas, alimentadas, vestidas ou receber banhos, carinhos, afagos... Os pais, muitas vezes, se sentem impotentes e desamparados. O pediatra Moises Chencinski lista algumas dicas que podem orientar os pais nesses primeiros momentos.
“Os pensamentos, sentimentos e observações dos pais do prematuro são extremamente importantes. Fale respeitosamente. Pergunte. Exprima suas preocupações. Compartilhe o que é importante para você. Se você sente fortemente que algo é melhor para o bebê, converse com a equipe”, orienta o médico;
“Prematuros devem receber uma dieta 100% composta por leite materno. Leite materno fresco pode salvar a vida de bebês frágeis. As mães devem começar a bombear o mais rapidamente possível. Para estabelecer e manter sua produção de leite, toda mãe de prematuro precisa de apoio - de seu parceiro, da família, do obstetra, do pediatra, do consultor de lactação, da equipe de cuidados do bebê. Quando o leite materno da mãe não está disponível, o leite materno pasteurizado de doadoras é a segunda melhor opção. As fórmulas aumentam o risco de um prematuro desenvolver enterocolite necrosante neonatal”, diz o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo;
“Aprenda a observar bem o seu bebê. Os prematuros podem tornar-se gravemente doentes rapidamente. Você pode saber antes de mais ninguém quando algo simplesmente não está certo. Se você sentir que algo não está certo, expresse suas preocupações e verifique se elas têm fundamento”, orienta o pediatra. Chencinski sugere que os pais prestem atenção aos sinais sutis de que algo pode estar errado:
♥ Barriga anormalmente dilatada;
♥ Instabilidade da temperatura (temperatura do corpo muito alta ou muito baixa);
♥ Sangue nas fezes;
♥ Fraldas secas frequentes;
♥Quantidades frequentes ou grandes quantidades de vômito;
♥ Prisão de ventre;
♥ Estado letárgico ou não tão sensível;
♥ Dificuldades ou alterações para respirar.
“Pergunte aos enfermeiros como aplicar apropriadamente o Método Canguru. Prematuros precisam sentir o toque dos pais. Quando você não puder ser o canguru do seu bebê, leia em voz alta para ele”, diz Chencinski;
“Mantenha um diário, documentando rotinas de cuidados com o bebê, seu comportamento, bem como seus / suas contrariedades e realizações. Anote seus pensamentos e perguntas. Tome notas. Não transfira a responsabilidade de cuidar do bebê para a equipe do hospital. Eles são humanos e cometem erros. Se você não perceber os erros, é possível que ninguém mais o faça”, observa o pediatra;
“Leia e aprenda tudo o que você precisa saber sobre a saúde ou a condição do seu prematuro. Aprenda a linguagem empregada nas UTI’s neonatais e as melhores práticas. Se você não tiver certeza de onde encontrar informações credíveis, pergunte à equipe de atendimento do seu bebê. Estenda a mão para outras famílias nas UTI’s neonatais. Seja solidário com as famílias na mesma situação que a sua. Busque outras instituições, neonatologistas ou pesquisadores se você tiver perguntas específicas que a equipe de cuidado do seu bebê não pode responder”, recomenda Moises Chencinski;
“Não deixe que ninguém o intimide ou o envergonhe por ser defensor do seu bebê. Você não é chato. Você não vai colocar em risco a vida do seu bebê. Seu bebê precisa de você para falar por ele / ela, respeitosamente, sempre”, destaca o pediatra;
“Deixe para trás as frustrações e medos para que você possa estar presente e em sintonia com o seu bebê. Sorria para o seu bebê. Cante para seu bebê. Traga um cobertor especial de casa. Pendure fotos de família perto dele. Toque uma música suave. Comemore os menores avanços”, orienta o médico;
“Ter um bebê numa UTI neonatal é desgastante. Uma internação numa UTI neonatal pode parecer que nunca vai acabar, mas vai. E você nunca vai ter esse tempo de volta, portanto, viva esse momento plenamente, sem arrependimentos. Leia livros especiais para o seu bebê. Tire fotos, faça vídeos com o seu bebê, mesmo se ele / ela estiver gravemente doente. Saboreie cada fase com o seu bebê. Tragicamente, a perda do bebê é uma coisa real para muitas famílias nas UTI’s neonatais. Se você já experimentou esta trágica perda, busque apoio”, afirma Moises Chencinski.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545