Do site da Revista Farmacêutica Kairos - Seções - Saúde
Enquanto não se atingir condições de prevenção desde o nascimento, as ações relacionadas ao controle do aumento do sobrepeso e da obesidade claramente terão pouco sucesso
08/10/2015
De acordo com dados do Vigitel 2014, pesquisa realizada por meio de 40.853 entrevistas com adultos com mais de 18 anos residentes nas capitais dos 26 estados e DF, por telefone entre fevereiro e dezembro de 2014, os índices de sobrepeso estão aumentando no país, quando comparados aos obtidos em 2006, conforme mostra o gráfico da pesquisa. Já, segundo o mesmo estudo, os dados de obesidade não apresentam evolução significativa nos últimos 3 anos.
52,5% dos brasileiros estão acima do peso – o índice era de 43% em 2006 e de 51% em 2013, enquanto 17,9% da população está obesa. Vale lembrar que esse é um fator de risco para as doenças crônicas (hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer) que respondem por 72% dos óbitos no país.
O maior aumento da taxa de sobrepeso ainda está no sexo masculino (56,5% vs. 49,1% no sexo feminino), enquanto que a obesidade tem uma pequena vantagem para o sexo feminino (18,2 contra 17,56% no sexo masculino) e na faixa etária de 35 a 64 anos (tanto no sobrepeso quanto na obesidade).
A pesquisa ainda mostra que os níveis de colesterol estão elevados em 20% da população pesquisada (22,2% em mulheres/17,6% em homens), especialmente acima dos 40 anos (6,8% em adultos jovens de 18 a 24 anos), mesmo com um aumento de 18% na atividade física dos adultos e uma queda de 19,3% na taxa de adultos que vê TV por mais de 3 horas ao dia, nos últimos 6 anos.
No que diz respeito às características da alimentação nessa população, o estudo aponta para uma presença maior de frutas e hortaliças na rotina da população brasileira, com um aumento no número de pessoas que buscam uma alimentação saudável, com menos gordura.
Mas, o consumo de sal (12 gramas/dia) ainda é muito alto (2,5 vezes o recomendado de 5 gramas/dia) e essa população ainda tem substituído refeições por lanches (16,2%).
“Chama a atenção, segundo o Ministério da Saúde, que várias ações estão em andamento há pelo menos 4 anos, visando a prevenção da obesidade. São campanhas educativas na mídia, com incentivo à adoção de hábitos saudáveis, um plano de enfrentamento de DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis) em escolas (“Programa Saúde na Escola – atingindo 18 milhões de estudantes, em 80 mil escolas de 4.787 municípios”), uma revisão do Guia Alimentar com “Recomendações Nutricionais para Prevenção das DCNT”, o lançamento recente de um Guia de Alimentos Regionais para “incentivar a população a aumentar o consumo de frutas, legumes e verduras, valorizando a alimentação de cada região brasileira”. Mas qual a eficácia disso tudo?”, questiona-se o pediatra e homeopata Dr. Moises Chencinski.
Prevenindo a obesidade
Enquanto não se atingir condições de prevenção desde o nascimento, as ações relacionadas ao controle do aumento do sobrepeso e da obesidade claramente terão pouco sucesso.
“O estímulo para uma ação eficaz deve ser feito desde os primeiros mil dias (270 dias da gestação + 730 dias dos dois primeiros anos de vida), com um acompanhamento adequado da gestante, uma atenção ao parto, estímulo ao aleitamento materno desde a sala de parto (atualmente 65%), exclusivo e em livre-demanda até o 6º mês (média atual de 51 dias e 40% aos 6 meses), estendido até 2 anos ou mais (mediana atual de 11 meses)”, destaca o pediatra, que também é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Além disso, deve-se dar muita atenção à introdução alimentar adequada a partir dos 6 meses, seguindo recomendações do Guia Alimentar para Crianças Menores de Dois Anos – Dez Passos para uma Alimentação Saudável – do Ministério da Saúde (2013) e do Manual de Orientação do Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (2012).
“Enquanto buscarmos apenas apagar um incêndio já começado, ação importante, mas muito imediatista, e não nos ativermos à educação, aos cuidados e à promoção de saúde da população desde a gestação, e durante a primeira infância, estaremos dispendendo esforços excessivos e não tão eficazes quanto gostaríamos. Educação e informação são fundamentais e devem ser a base para se implementar qualquer ação com perspectivas de bons resultados imediatos e de longo prazo”, defende Moises Chencinski.
Fontes: Portal do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) e Dr. Moises Chencinski (CRM-SP 36.349), pediatra e homeopata (www.drmoises.com.br).
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545