Do site M de Mulher
Não faltam estudos mostrando as vantagens de segurar o recém-nascido bem juntinho de você. E acredite: não é só ele que sai ganhando.
por Luíza Monteiro
07/11/2015
Kati Molin/Thinkstock/Getty Images
Nada de cobrir o bebezinho com um monte de roupas ou de colocá-lo para dormir encostando na sua blusa. O bom mesmo é mantê-lo, sempre que possível, em contato direto com a sua pele. Diversos estudos já demonstraram que essa proximidade promove uma série de benefícios tanto para a mãe quanto para o recém-nascido, principalmente aqueles que nasceram prematuros ou com muito baixo peso. Ao estimular, ainda na maternidade, o vínculo entre mãe e filho, a técnica garante um desenvolvimento saudável dessas crianças.
Para se ter uma ideia, ela já virou até política de saúde pública. Em 1979, o Método Canguru - que incentiva o contato pele a pele - foi criado na Colômbia para solucionar, de forma barata e efetiva, a situação de superpopulação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) neonatais do país. A iniciativa chegou ao Brasil no início dos anos 1990 e foi adotada como política do Ministério da Saúde (MS) em 2000. Desde então, hospitais de todas as regiões têm aderido ao Projeto Canguru - e os resultados são animadores! "A criança fica tranquila e, com isso, ela tem uma recuperação melhor. Muitas vezes, é possível até dar uma alta mais precoce da UTI neonatal", destaca o pediatra Sérgio Marba, que é consultor nacional do Método Canguru do MS.
A seguir, confira os principais benefícios do contato pele a pele para a saúde da mãe e do bebê.
É inevitável: ao saber que seu pequeno está bem e se desenvolvendo de maneira saudável, a mãe se sente mais tranquila. Quando ela pode sentir isso na pele, então, nem se fala! Pois esse é exatamente um dos benefícios que o método canguru oferece para aquelas que acabaram de ter um filho. "Existem estudos mostrando que a produção de cortisol diminui tanto na mãe quanto no bebê quando eles estão em contato pele a pele", conta Marba, que também é diretor da Divisão de Neonatologia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista. A substância em questão é o hormônio responsável por coordenar a nossa reação ao estresse - se ele está em baixa, ficamos calminhos, calminhos.
Essa ação foi demonstrada, inclusive, em uma pesquisa apresentada na Conferência Nacional da Academia Americana de Pediatria, que aconteceu em outubro de 2015 nos Estados Unidos. Ao dosar os níveis de estresse de várias mães cujos bebês estavam na UTI neonatal, cientistas do Sistema Nacional de Saúde da Criança, localizado em Washington, notaram que, enquanto seguravam seus pequenos, a tensão das voluntárias caía pra valer. Isso foi ainda mais evidente nas mamães dos prematuros, que estavam separadas dos filhotes e preocupadas com o seu bem-estar.
O fortalecimento do vínculo entre mãe e filho promovido pelo contato pele a pele torna mais fácil para ambos o ato da amamentação. A explicação está no fato de que essa proximidade eleva, tanto na mãe quanto no bebê, os níveis de ocitocina, hormônio ligado à redução do estresse e também à maior produção de leite materno. "Portanto, o fato de a mulher estar tranquila é um sinal direto para que ela consiga amamentar", conclui Sérgio Marba. E olha que coisa boa: estudos mostram que o método canguru aumenta os índices de aleitamento exclusivo dentro da maternidade, depois da alta e ao longo dos primeiros meses de vida do pequeno.
Eles estavam lá dentro da barriga da mãe e, de repente, são transferidos para uma incubadora. Não raro, precisam de aparelhos para respirar e recebem uma série de medicamentos. Sem contar que não ouvem mais aquela voz ou sentem os carinhos acolhedores da mamãe. Essa separação não é nada positiva para os prematuros. "O cérebro desses bebês acaba se formando de uma maneira que não estava programada", alerta o especialista da Unicamp. A solução para estabelecer essa proximidade é, mais uma vez, o contato pele a pele. "O método canguru permite que crianças de baixo peso criem um vínculo com a mãe de forma mais eficiente", diz Marba.
Ao encostar na pele da mãe, o bebê tem contato com uma série de bactérias benéficas, que vão ajudar a colonizar a sua flora intestinal. "E a gente sabe que ela é um dos primeiros órgãos de defesa do bebê", revela o pediatra Moises Chencinski, membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Com isso, o pequeno fica mais protegido contra diversos agentes infecciosos que podem causar doenças graves.
Não é só a mamãe que fica mais tranquila com o contato pele a pele - o pequeno também! "Ao reconhecer a respiração materna, a frequência cardíaca do recém-nascido fica mais estável, o que faz com que ele se sinta calmo e seguro", esclarece Chencinski. Desse modo, a tendência é que o bebê chore menos e até consiga dormir melhor.
Em um estudo publicado este ano, pesquisadores chineses avaliaram o comportamento de bebês que estavam no colo da mãe pelo método canguru enquanto faziam um exame de sangue. Eles perceberam que, por estarem mais calmos, os pequenos sentiram menos dor e reagiram melhor à coleta. "O contato pele a pele é uma medida não farmacológica de redução da dor", diz Sério Marba, da Unicamp. "Inclusive, crianças que fazem o pele a pele têm uma percepção diferente da sensação dolorosa no futuro. A ramificação cerebral é feita de uma maneira para garantir o seu bem-estar", explica o especialista. E aí, precisa de mais motivos para ficar bem juntinho do seu filhote?
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545