Do site Bebê Mamãe
Conheça as doenças mais comuns no primeiro ano do bebê, veja seus sintomas e tratamento
por Bruna Romanini
12/11/2015
Foto: Getty Images
Desde o nascimento até um ano de idade é comum que o bebê apresente algumas doenças. Afinal, seu sistema imunológico ainda é muito fraco e existem algumas doenças que são características desta fase. A seguir, veja quais os problemas mais comuns que acometem o bebê no primeiro ano de vida e o que fazer quando eles aparecem:
A icterícia é uma doença caracterizada pela coloração amarelada de pele e mucosas. “Ela pode ser causada pelo aumento dos níveis de uma substância que se chama bilirrubina no sangue”, explica o pediatra Moises Chencinski, criador da campanha #euapoioleitematerno.
Nos recém-nascidos, uma das principais causas da icterícia é a imaturidade relativa do fígado que não faz adequadamente o “metabolismo” da bilirrubina, é a chamada icterícia fisiológica e ela é normal entre os recém-nascidos. Outra razão para a icterícia ocorrer nos recém-nascidos é devido à consequência de uma incompatibilidade entre o sangue da mãe e do bebê (tipos ABO ou pelo Rh). “Outras causas mais raras podem acontecer e contribuir para esse quadro. Os testes do pezinho podem identificar essas causas”, observa Moises Chencinski.
Os resfriados são comuns entre os bebês, afinal os pequenos ainda têm o sistema imunológico frágil. Seus principais sintomas são espirros, coriza clara, um pouco de tosse, uma febre baixa, alteração de humor, de apetite e de sono.
Resfriado é uma doença provocada por vírus, diferente da gripe. “Um bebê que mame leite materno, não vá à escolinha ou não tenha irmãos na escolinha ou não tenha nenhuma deficiência imunológica pode ter até 8 episódios de resfriados por ano”, conta Moises Chencinski. Quando o pequeno tem constato mais constante com outras crianças, esse número pode aumentar para 12 a 14 vezes ao ano. Diante dos resfriados, é importante consultar um pediatra.
A bronquiolite é uma doença provocada por vírus, normalmente o Vírus Sincicial Respiratório – VSR, e ela pode acometer lactentes (bebês de 1 a 2 meses) até crianças maiores, chegando a atingir os adultos. “O quadro pode começar por sintomas de resfriado e aí, pelo acúmulo de secreção na árvore respiratória (pulmões) a criança começa apresentar uma dificuldade respiratória com ‘chiado no peito’”, diz Moises Chencinski.
A bronquiolite é uma infecção, enquanto a bronquite ou asma, que têm sintomas parecidos, são quadros alérgicos.
No início a criança pode apresentar um resfriado, até que o peito “chia” e o quadro se agrava com o decorrer dos dias, em média 3 a 4 dias de agravação. “Leva uma semana mais estável e mais uma semana até melhorar”, afirma Moises Chencinski.
Manter o bebê hidratado, realizar inalação com soro e desobstrução nasal, contribui para a melhora do paciente. “Esse quadro, que é uma broncopneumonia viral, pode agravar e gerar uma internação. Dessa forma, é fundamental o contato com o pediatra desde os primeiros sintomas e, em caso de piora importante, se não conseguir falar com seu pediatra, procure um pronto-atendimento para avaliação”, alerta Moises Chencinski.
A infecção urinária não é um quadro raro, mas não deveria ocorrer. “Para que uma infecção urinária aconteça, só existe um caminho. Um agente infeccioso, uma bactéria na maioria dos quadros, tem que vir de fora do corpo da criança e entrar pela uretra, subindo até a bexiga e aí se instalando, levar ao quadro infeccioso”, explica Moises Chencinski.
Porém, existe um mecanismo de proteção que faz com que, uma bactéria eliminada pelas fezes (meninos ou meninas), ou presente no prepúcio de um menino, não suba pelo canal urinário (uretra) e atinja a bexiga ou até os rins. “Mas isso pode ocorrer por uma imaturidade do trato urinário da criança, por alguma malformação ou algum outro problema”, observa Moises Chencinski.
O diagnóstico de infecção urinária é importantíssimo, mas muito difícil. “Sintomas como febre, dor ao urinar, urina com mau cheiro, urina com cor diferente podem sugerir infecção urinária, quando presentes, mas sua ausência não afasta, necessariamente o diagnóstico. Um lactente que não ganha ou perde peso de um mês para o outro pode requerer exames para se afastar um quadro de infecção urinária”, afirma Moises Chencinski.
Para a confirmação diagnóstica é fundamental a coleta adequada de exame de urina simples e urocultura com antibiograma que é o exame que confirma a suspeita. “A coleta precisa ser feita no laboratório e pode ser através de um saquinho coletor, trocado a cada meia hora se a criança não urinar. Se o resultado for negativo ele é realmente negativo. Se ele for positivo aí é necessário coletar novo exame através e sonda vesical. O exame de urocultura colhido através de saquinho coletor pode dar 90% de resultados falso-positivos (contaminação)”, diz Moises Chencinski.
O tratamento de uma infecção urinária normalmente é feito à base de antibióticos. Algumas vezes, dependendo do quadro, podem ser necessárias outras medidas. Assim, sempre faça uma avaliação com o pediatra desde o início da suspeita do quadro. “Depois do tratamento adequado é fundamental colher um exame de controle e se realizar pesquisas por meio de ultrassom e raio X, entre outros, para identificar as possíveis causas e consequências dessa infecção. Alguns quadros podem merecer até tratamento cirúrgico pra alguma malformação do trato urinário”, afirma Moises Chencinski.
A otite, a famosa infecção de ouvido, é uma das mais comuns infecções da infância. Suas principais características são febre, choro intenso, dor, irritabilidade, dificuldade para mamar e se alimentar e alteração de sono. Em crianças maiores, até a referência de dor pode ocorrer. “A compressão do tragus, apertar a orelhinha do bebê ou da criança, não é um bom método diagnóstico. Imagine você já doente, irritado, com febre e alguém vem e aperta sua orelha. Melhor não, né?”, orienta Moises Chencinski.
A otite pode ter várias formas de apresentação e localização. Pode ser externa, comum em crianças que praticam natação sem proteção auricular ou que abusam da piscina ou mar na época do verão, ou média ou interna, acometendo estruturas que se localizam atrás do tímpano. “A infecção pode provocar dor, por acúmulo de secreção, purulenta ou não, atrás do tímpano e romper esse tímpano. Nesse caso, essa secreção aparece na orelha e sai de uma forma mais constante, diferente da cera (ou cerúmen)”, afirma Moises Chencinski.
Não se deve colocar nada dentro da orelha para sua limpeza. Cotonetes, grampos, tampas de caneta não devem ser introduzidos na orelha por risco de machucar a parede (otite externa) ou até de perfuração do tímpano.
Após o diagnóstico adequado, feito em consulta com pediatra ou, em alguns casos, com o especialista (otorrinolaringologista), o tratamento instituído pode variar de antibióticos sistêmicos e/ou locais, gotas anestésicas ou com medicamentos nas orelhas e outros anti-inflamatórios. “Nunca automedique ou autodesmedique uma criança. Quem deve orientar o tratamento adequado ou a sua suspensão é sempre o pediatra ou profissional de saúde especialista que acompanha o quadro”, alerta Moises Chencinski.
As laringites e faringites são alguns dos quadros infecciosos mais comuns nas crianças. “Sendo que, na sua imensa maioria, de etiologia ou causa viral. A faringite acontece na faringe e a laringite na laringe. Parece óbvio demais, mas são quadros diferentes. A faringe é a ‘cavidade’ a partir da qual se dividem o trato digestivo (que vai para o esôfago e estômago) do trato respiratório (que segue para a epiglote, laringe, traqueia e pulmões)”, explica Moises Chencinski.
Na faringite podem ocorrer quadro digestivos, que envolvem dor para engolir, mal estar, mau hálito, sialorreia, conhecida como baba, e respiratórios. Já na laringite, os sintomas são essencialmente respiratórios, tosse rouca, seca ou produtiva, sensação de dor na garganta, rouquidão, dificuldade respiratória. “Em ambos os casos podemos ter queda do estado geral, febre, falta de apetite como sintomas mais gerais”, constata Moises Chencinski.
Após o diagnóstico adequado, feito em consulta com pediatra ou, em alguns casos, com o especialista (otorrinolaringologista), o tratamento instituído pode variar de antibióticos sistêmicos a medicamentos anti-inflamatórios ou outros medicamentos. Mais uma vez, lembre-se de nunca automedicar ou autodesmeticar a criança. Quem deve orientar o tratamento adequado ou a sua suspensão é sempre o pediatra ou profissional de saúde especialista que acompanha o quadro.
A varicela, a famosa catapora, é uma das doenças infecciosas transmissíveis mais comuns e mais contagiosas na infância. “É um quadro viral que pode ser transmitido 5 dias antes de aparecerem as lesões características até enquanto houver bolhas na pele”, explica Moises Chencinski.
O quadro pode começar com sintomas comuns, como mal-estar, falta de apetite e febre que pode durar até 5 a 7 dias. Então, começam a aparecer as lesões. Manchas, pápulas, vesículas, vesículas umbilicadas e crostas, normalmente em 3 surtos de 3 dias. “Uma das características que diferenciam a varicela de uma reação alérgica a picada de insetos (por exemplo) é o ‘pleomorfismo regional’. Isso quer dizer que, na mesma área, na mesma hora, você tem todos os tipos de lesões ao mesmo tempo. Na alergia, todas as lesões estão na mesma fase de evolução”, observa Moises Chencinski.
Aleitamento materno e a vacinação de varicela podem prevenir essa doença. Nos postos de saúde, na rede pública, de acordo como Calendário do Ministério da Saúde, a vacina de varicela está presente na tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e catapora), que é recomendada para 15 meses, em uma só dose. “Já as recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) são de aplicações de duas doses. A primeira entre 12 e 15 meses e a segunda até os 2 anos de idade, normalmente com a tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), em aplicações separadas no mesmo dia. A segunda dose é aplicada para evitar 5 a 10% de falhas vacinais que podem ocorrer com a aplicação de uma só dose”, diz Moises Chencinski.
Diarreia é um quadro que já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no Brasil há mais de 30 anos. É importante saber diferenciar a diarreia das evacuações normais. “O aumento de número de evacuações e a diminuição da consistência das fezes podem caracterizar um quadro de diarreia. Ela pode ser aguda, até 2 semanas, subaguda, entre 2 e 4 semanas, ou crônica, acima de 4 semanas, dependendo de sua duração. Ela pode ou não vir acompanhada de muco ou sangue, febre, vômitos o que vai levar a uma suspeita diagnóstica mais específica”, conta Moises Chencinski.
O tratamento básico da diarreia é hidratação. “Desde que a criança tome por boca mais liquido do que perde pelas fezes e não tenha vômitos ou outras perdas líquidas importantes não haverá problemas”, explica Moises Chencinski.
Uma das consequências mais comuns desse quadro é a desidratação que requer atenção dos pais e dos pediatras. O tratamento se dará de acordo com cada agente causal, que podem ser intoxicação, infecção, intolerância ou alergia alimentar, entre outros.
A dermatite atópica é um quadro diagnosticado pelas lesões características da pele, avermelhadas, que coçam muito. Nas crianças, elas costumam aparecer no rosto e nas dobras do joelho e cotovelo. “É um dos primeiros passos para a conhecida marcha alérgica ou atópica, alergia alimentar, dermatite atópica, bronquite e rinite”, conta Moises Chencinski.
As causas da dermatite atópica não são conhecidas, mas existe uma característica hereditária (genética) e o fato de ter outros alérgicos na família, favorecendo o aparecimento desse eczema. “Tanto o diagnóstico precoce quanto o tratamento adequado podem ajudar a controlar esse quadro que pode durar até a vida adulta”, afirma Moises Chencinski.
A tosse é um problema muito comum em bebês e crianças maiores. “Muitas causas podem ser desencadeantes desse quadro. Alergia, infecções, refluxo são algumas das possíveis causas do quadro”, observa Moises Chencinski. O tratamento vai depender do diagnóstico adequado e para isso é fundamental a consulta com o pediatra.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545