Do blog Pediatra Orienta da SPSP
Relatores:
- Dr. Moises Chencinski
Membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria de São Paulo
- Dr. Marco Aurélio Safadi
Membro do Comitê Permanente de Assessoria de Imunizações da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo e do Ministério da Saúde do Brasil
24/03/2016
Atualização epidemiológica:
Neste início de ano fomos surpreendidos pela circulação antecipada do vírus influenza: apenas no município de São Paulo foram notificados nas primeiras semanas do ano 103 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Desses, 17 casos foram confirmados para o vírus influenza A H1N1 pdm09, com 4 óbitos.
O número de casos de influenza causada pelo tipo A H1N1 na cidade de São Paulo já é três vezes maior quando comparado a igual período de 2.015.
Os surtos de vírus influenza (que geralmente ocorrem entre os meses de Maio e Agosto) foram registrados mais cedo em 2016, podendo ser observados em diversas escolas públicas e privadas e nas estatísticas dos serviços sentinela.
Os dados do Ministério da Saúde, até o dia 5 de março de 2016, também corroboram esta informação: foram notificados 1.189 casos de SRAG. Entre as amostras já processadas, 21,1% (149/705) foram classificadas como SRAG por influenza. Dentre os casos de influenza, a grande maioria - 124 (83,2%) - era influenza A(H1N1)pdm09.
Gripe:
A gripe é uma doença aguda contagiosa e de início abrupto, que provoca febre alta, dores musculares, dores de cabeça, sintomas respiratórios como tosse e coriza, mal-estar geral e em algumas pessoas vômitos e diarreia. A gripe ocorre em surtos, principalmente nos meses do outono e inverno.
É sempre importante lembrar que a gripe é causada somente pelo vírus influenza e não deve ser confundida com os resfriados comuns e com outras infecções respiratórias virais. Apesar de ser uma doença, na maioria das pessoas, benigna e autolimitada, pode evoluir com complicações, como por exemplo as pneumonias, levando a hospitalizações, especialmente em determinados grupos mais vulneráveis, como os idosos, crianças pequenas e pessoas portadoras de deficiência na imunidade.
A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, por meio de partículas aéreas formadas pela tosse e/ou espirro. Existe também a possibilidade de se infectar tocando objetos que estão contaminados com os vírus influenza e depois colocando a mão na sua boca, olhos, ou no seu nariz.
Os vírus dos tipos A e B, os maiores responsáveis pelas epidemias sazonais, podem apresentar mutações frequentes e são facilmente transmitidos em casas, creches, escolas e em ambientes fechados ou semifechados.
Definições:
- O período de incubação do vírus da gripe, ou seja, o tempo que decorre entre o momento em que uma pessoa é infectada e o aparecimento dos primeiros sintomas, varia na maior parte das vezes entre 1 e 7 dias.
- Período de transmissibilidade do vírus – inicia-se 24 horas antes do início dos sintomas, sendo a transmissão máxima nos 3 primeiros dias do sintomas. Em crianças, especialmente as pequenas, o período de transmissibilidade costuma ser mais prolongado.
- Síndrome gripal: febre alta (até 40º) de aparecimento súbito, com duração de 3 a 5 dias, cefaleia, dor muscular, dor de garganta, tosse. Cansaço é o sintoma mais comum, podendo durar, com a tosse, por até 3 semanas.
- Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com grande dificuldade respiratória, internação e risco de morte (pneumonia é a complicação mais observada).
O Informe Técnico da Campanha Nacional de Vacinação contra Influenza foi divulgado na sexta-feira (11), no portal da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e o Ministério da Saúde promoverá a campanha de 30 de abril a 20 de maio, com dia de mobilização nacional em 30 de abril.
Grupos de risco (prioridades nessa campanha) para vacinação:
- Crianças de seis meses a cinco anos incompletos;
- Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade, sob medidas socioeducativas;
- Gestantes (em qualquer fase da gestação) e puérperas (até 45 dias após o parto);
- Indivíduos com 60 anos ou mais de idade deverão receber a vacina influenza;
- Povos indígenas;
- Trabalhador de saúde;
- População privada de liberdade e funcionários do sistema prisional;
- Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais
A vacina disponibilizada na campanha do Ministério da Saúde é produzida pelo Instituto Butantan e Instituto Butantan/Sanofi Pasteur-França. Ela será composta de três cepas:
♦ A/California/7/2009 (H1N1) pdm09
♦ A/Hong Kong/4891/2014 (H3N2)
♦ B/ Brisbane/60/2008 (linhagen Victoria)
As clínicas privadas contarão com as vacinas trivalente (já disponíveis em algumas clínicas) e quadrivalente, que nesse ano também apresenta mudanças.
♦ A/California/7/2009 (H1N1) pdm09
♦ A/Hong Kong/4891/2014 (H3N2)
♦ B/ Brisbane/60/2008 (linhagen Victoria)
♦ B/Phuket/3073/2013 (Yamagata)
Esquema vacinal orientado pelo Ministério da Saúde:
- 6 a 35 meses de idade: 2 doses de 0,25 ml (meia dose) com intervalo mínimo de 4 semanas (30 dias após a 1ª dose)
- 3 a 8 anos de idade: 2 doses 0,5 ml com intervalo mínimo de 4 semanas (30 dias após a 1ª dose)
- A partir de 9 anos de idade e adultos: 1 dose única - 0,5 ml.
*Observação:
- criança que já recebeu uma ou duas doses em 2015, deve receber apenas 1 dose em 2.016;
- criança de seis meses a nove anos incompletos que não receberam vacina em 2015 (serão vacinadas pela primeira vez), deve receber uma segunda dose (30 dias após a 1ª dose);
- aplicação é intramuscular
Precauções e Contraindicações:
- doenças agudas febris moderadas ou graves recomenda-se adiar a vacinação até a resolução do quadro;
- A história de alergia a ovo, que apresentem apenas urticária após a exposição, podem receber a vacina da influenza, observando-se o indivíduo vacinado por pelo menos 30 minutos em ambiente com condições de atendimento de reações anafiláticas.
- vacina é contraindicada para pessoas com história de reação anafilática prévia em doses anteriores, bem como a qualquer componente da vacina ou alergia grave relacionada a ovo de galinha e seus derivados.
- reações anafiláticas graves a doses anteriores também contraindicam doses subsequentes.
Informe Técnico - Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza – 2016:
http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2016/marco/11/informe-tecnico-campanha-vacinacao-influenza-2016.pdf
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545