Do site Piccolo Universe
Só quem já teve uma criança com febre alta em casa pode traduzir o sentimento de pânico que isso pode causar. Até mesmo os pais e mães mais experientes são capazes de se intimidar diante da temperatura que sobe de uma hora para outra e que, às vezes, custa a ceder. Porém, antes de se assustar e cair na tentação da automedicação, procure se acalmar e analisar as possíveis medidas a tomar.
por Cleide Oliveira
07/04/2016
Foto: Renaud Philippe | Dreamstime.com
“Em geral, o medo que os pais têm da febre está relacionado ao grau, o que é um engano”, explica o Dr. Moises Chencinski, médico pediatra membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Segundo o especialista, “A tão temida convulsão não é determinada pelo grau, mas sim pela velocidade com que a febre aumenta. Há crianças que convulsionam num simples estado febril; outras, devido à escalada lenta da temperatura, podem chegar próximas de 40º sem que isso ocorra”, esclarece.
Seja qual for o caso, uma febre é um sinal de alerta de que há algo a ser investigado pelo pediatra. “Ter o telefone do pediatra e fazer uso desse contato é fundamental, não importa o horário”, enfatiza o Dr. Moises. Afinal, é o médico quem conhece a criança e tem a competência para prescrever o antitérmico ou entrar com outra medicação, se necessária. Parece óbvio mencionar, mas infelizmente há quem teime em tentar adivinhar uma possível infecção e corra para a farmácia mais próxima em busca de um remédio.
É um erro que pode ser fatal. “Exemplo disso é a administração de ácido acetilsalicílico, altamente contraindicado nos casos de suspeita de dengue. Uma prescrição errada pode fazer o quadro evoluir para a dengue hemorrágica”. Percebe como é importante não se precipitar? Em tempos de dengue, zika, chikungunya e H1N1, arriscar-se pode trazer grandes arrependimentos.
Sobre o vírus da gripe suína, Dr. Moisés afirma: “Em situações emergenciais como o surto da H1N1, a corrida desenfreada rumo ao pronto-socorro também pode ter consequências desastrosas”. Isso porque, segundo ele, os casos de H1N1 costumam ocorrer entre os meses de junho e julho; só que este ano, as viagens de turistas brasileiros aos Estados Unidos, Canadá e Europa trouxeram o vírus mais cedo para nos visitar. “Portanto, não se trata de uma epidemia e sim de um surto.”
Como um dos sintomas da gripe suína é a febre alta, as salas de espera ficam lotadas de pacientes com e sem a influenza causada pela H1N1. “Nesses locais, tosses e espirros podem facilmente ajudar a espalhar a doença, por meio do contato direto (até um metro de distância do contaminado) ou com algum objeto atingido pelas gotículas de saliva que escapam durante esses fenômenos e sobrevivem de oito a 48 horas”. Qual é o risco? Se seu filho está com uma febre causada por outro motivo, pode voltar para casa infectada. “Por conta disso, recomendo que se busque primeiramente uma consulta com o pediatra”, enfatiza o Dr. Moises. Pronto-socorro é alternativa para quando não há sucesso nessa tentativa de contato.
O que fazer, então, ao se deparar com o estado febril da criança? Primeiramente, marcar o horário e observar. Caso saiba qual antitérmico o pediatra do seu filho recomenda em uma emergência, administrar e verificar se há diminuição, estabilização ou evolução da temperatura. Depois de cerca de uma hora, vale ligar para o médico para buscar orientação. Sem pânico nem atropelos.
E você, como age ao descobrir que seu filho está com febre? Conte pra gente nos comentários!
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545