Do Blog Just Real Moms
Nos dias de hoje, cada vez mais, tenho observado mães que não querem e se recusam a dar vacinas para os seus filhos. Tem outras até que escolhem qual vacinas dar: “Darei apenas as principais, mas essas de gripe não darei” – escutei outro dia.
por Renata Pires
22/06/2016
Os efeitos colaterais e algumas reações causadas no sistema imunológico levantaram aos pais uma questão: Afinal, as vacinas são ou não benéficas? Para muitos, elas são tidas como vilãs.
Para esclarecer algumas dúvidas, pedimos a opinião de três médicos renomados, que se dispuseram a escrever exclusivamente para nós, sobre essa questão.
O primeiro, é o Prof. Dr. Davi Uip, médico infectologista e Secretário da Saúde do Estado de São Paulo. O segundo, o nosso colunista Dr. Jairo Len, médico pediatra especializado em endocrinologia infantil. E, o terceiro, o Dr. Moisés Chencinski, médico pediatra especialista em Homeopatia, membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo, do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Confiram abaixo suas opiniões.
Hoje, pela manhã, fui ao Instituo Butantan da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para lançar a segunda fase de transferência de tecnologia da vacina HPV. Nesse momento, a vacina está indicada para meninas de 9 anos à mulheres de 26 anos. Previne uma das principais causas de morte da mulher – o câncer de colo de útero. A eficácia é superior a 98% e não foram descritos efeitos adversos relevantes.
Eis um exemplo de avanço tecnológico, inovação e parceria com uma industria multinacional. O Brasil tem um competente programa de imunização que deve ser ampliado e oferecido ao maior número possível de pessoas.
Há os que não indicam, pior, os que desaconselham, o uso preventivo e terapêutico de vacinas e imunoderivados. Quero reafirmar que trata-se da melhor e mais competente forma de prevenção das doenças infecciosas e até de câncer, como é o caso da vacina para o HPV. São testadas, seguras e aprovadas pelos principais órgãos certificadores em todo o mundo.
Tudo o que se falar ao contrário é um atentado à saúde pública do Brasil.
David
É indiscutível. Se hoje não temos mais casos de poliomielite, varíola, tétano e diversas outras doenças controladas, como meningites bacterianas por hemófilus B, meningococo C, hepatites A e B, sarampo, caxumba, febre amarela e raiva, isso se deve a um único fato: a vacinação em massa de toda a população, principalmente as crianças.
Se não se morre mais por rotavírus, se não há mais rubéola congênita e se combatem pandemias como o H1N1, é por causa da vacinação.
Mas infelizmente ainda existem casos de resistência dos pais em vacinar seus filhos. E o mais incrível: isso ocorre em famílias mais intelectualizadas e de maior nível econômico. Resistências seletivas: essa vacina eu aplico, essa eu não aplico. Sem qualquer base médica ou científica sólida, talvez a informação encontrada na internet, talvez convicções pessoais, e até – o que me surpreende – por meio de colegas médicos, em geral de filosofia homeopática ou antroposófica, que gostam ou não de determinadas vacinas.
Que não se generalize, porque nem todos são assim.
Sobrecarga imunológica, excesso de picadas, efeitos colaterais em grande escala… cada hora se ouve uma história, absolutamente nada comprovado. Existe intensa fármaco-vigilância em vacinação.
Se hoje alguém pode se dar ao luxo de não vacinar seu filho contra poliomielite, é porque, há 50 anos, todos os pais com senso de responsabilidade e de comunidade vacinam seus filhos, e podemos desde 1989 declarar a doença erradicada em nosso país. Mas a vacinação contra poliomielite é fundamental, porque a doença não está erradicada no mundo.
Nos últimos anos vimos, no mundo, diversos surtos de doenças evitáveis por vacina acontecerem. Em 2011, em São Paulo, tivemos surto de sarampo em uma escola de linha antroposófica no bairro do Butantã, aonde os pais, na sua maioria, não vacinava seus filhos.
Não vacinar contra as demais doenças é a mesma história, mas devemos lembrar que muitas doenças graves ainda estão ativas, como as meningites bacterianas, por exemplo. Os casos despencaram a quase zero em todos os países que fazem vacinação em massa contra a doença, mas ainda existem no nosso meio.
Dr. Jairo Len
Qundo nasce um bebê, ele perde a proteção que ele tinha contra os possíveis problemas do mundo em que ele está entrando agora.
Se o parto foi via vaginal (normal), cada vez mais raro nos dias de hoje, e se, ao nascer, ele tem o contato pele-a-pele na sala de parto e aleitamento materno já na primeira hora de vida, ele entre em contato com uma flora bacteriana que vai promover uma microbiota intestinal favorável, que é o começo do seu próprio sistema imunológico.
Dessa forma, com o aumento da frequência de partos cirúrgicos (cesarianas) para quase 90% em maternidades privadas e as não tão satisfatórias taxas de aleitamento materno exclusivo, que é, sem dúvida, a principal medida individual de proteção do bebê, é necessário aproveitar o que a ciência nos traz de mais eficaz e comprovado como medida de estímulo à imunidade das crianças: as vacinas.
Mas assim como o aleitamento materno no Brasil ainda tem restrições, as vacinas também não são uma unanimidade. Existem no Brasil e no mundo grupos anti-vacina e muitos pais, em busca do melhor para seus filhos, recebem essas informações e acabam por privá-los de uma das proteções mais eficazes dos últimos séculos.
Sim, as vacinas podem ter reações (febre, dor local, diarreia, mal estar – as mais frequentes), na imensa maioria das vezes, leves e transitórias. Se as recomendações são seguidas, os benefícios são tão importantes e definitivos que não há como se imaginar a possibilidade de não vacinar todas as crianças.
O Brasil é um dos países com a maior cobertura vacinal do mundo, em serviços públicos. Se a isso, ainda contarmos com as vacinas particulares, temos grandes chances de diminuirmos muito a incidência de doenças como a gripe, meningites.
O Brasil foi considerado, pela OMS, um país livre do sarampo (que já foi aqui a principal causa de mortalidade infantil junto com a diarreia, há cerca de 35 anos) e da rubéola e rubéola congênita (responsável por malformações congênitas graves e fatais). Isso quer dizer que não temos mais nenhum caso autóctone (daqui mesmo) dessas doenças desde 2008. E isso só pode ser atribuído às vacinas.
Não há como negar a importância do aleitamento materno na vida das crianças e assim podemos pensar da mesma forma em relação às vacinas.
Não deixem de vacinar seus filhos desde bebês até adolescentes. E aproveitem e reavaliem suas carteiras de vacina. Da infância até a terceira idade há doenças que podem ser prevenidas e evitadas com a imunização adequada.
Dr. Moises Chencinski
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545