Do site Chris Flores
Durante o Pediatric Academic Societies 2016 Meeting dois trabalhos destacaram os malefícios do tabaco e da maconha para a saúde infantil
19/06/2016
Crianças que convivem com fumantes acabam no consultório do médico ou no hospital mais frequentemente do que as não expostas ao fumo do tabaco, de acordo com uma nova pesquisa apresentada no Pediatric Academic Societies 2016 Meeting.
No trabalho, "Exposição ao fumo do tabaco e a utilização dos cuidados de saúde entre crianças em âmbito nacional", foram avaliados, entre 2011-2012, dados da Pesquisa Nacional de Saúde da Criança. Os pesquisadores analisaram os padrões de utilização dos cuidados de saúde entre as crianças com idades entre 01 dia de vida e 17 anos, que viviam com fumantes em comparação com aquelas que não eram expostas ao fumo do tabaco em casa.
Os resultados mostraram que um total de 24% das 95.677 crianças no estudo, o que corresponde a um total ponderado de 17,6 milhões de crianças nos Estados Unidos, vivem com fumantes. Cerca de 5% das crianças vivem com alguém que fuma dentro de casa, o que equivale a uma soma ponderada de 3,6 milhões de crianças norte-americanas.
“Os pesquisadores concluíram que as crianças que vivem com um fumante ou que são expostas ao fumo do tabaco em casa apresentam significativamente mais probabilidade de receber qualquer cuidado médico, incluindo cuidados específicos para doenças. Ao mesmo tempo, os pesquisadores dizem que essas crianças têm menos probabilidade de receber quaisquer consultas de cuidados dentários”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
O autor principal Ashley Merianos disse que vários estudos anteriores já estabeleceram que o fumo do tabaco provoca consequências físicas na saúde das crianças, incluindo sintomas respiratórios, aumento de infecções e crises de asma. Poucos estudos examinaram se a exposição à fumaça do tabaco se traduzia em mais visitas frequentes ao hospital e mais cuidados de saúde pediátricos.
“As descobertas indicam que a exposição à fumaça do tabaco tem um impacto significativo sobre a demanda dos serviços de saúde. Cenas de emergências pediátricas lotadas em função de um volume elevado de crianças expostas podem ser evitadas. Precisamos reforçar as mensagens de saúde para informar os pais e cuidadores sobre os perigos de fumar perto das crianças para ajudar a diminuir essas consultas de urgência evitáveis e os custos associados a elas”, defende o médico, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Um em cada seis crianças hospitalizadas por inflamação pulmonar foi exposta à maconha
Outro estudo, apresentado durante o Pediatric Academic Societies 2016 Meeting, constatou que uma em cada seis crianças internadas em um hospital do Colorado com tosse, chiado e outros sintomas de bronquiolite testou positivo para a exposição à maconha.
O estudo, "Exposição à maconha em crianças hospitalizadas por bronquiolite", recrutou pais de crianças previamente saudáveis entre um mês e dois anos de idade que foram admitidas no Hospital Infantil do Colorado, entre janeiro de 2013 e abril de 2014, com bronquiolite. Os pais preencheram um questionário sobre a saúde, a demografia, a exposição de seus filhos à fumaça do tabaco, e em outubro de 2014, se alguém da casa usou maconha. A maconha tornou-se legal no Colorado em 1° de janeiro de 2014.
Das crianças que foram identificadas como tendo sido expostas à fumaça da maconha, amostras de urina mostraram vestígios de um metabólito da tetrahidrocanabinol (THC), o componente psicoativo da maconha, em 16% dos casos. Os resultados também mostraram que mais crianças testaram THC positivo após a legalização (21%, em comparação com 10% antes) e que as crianças não-brancas eram mais propensas a ser expostas do que as crianças brancas.
Segundo Chencinski, “as descobertas sugerem que o fumo passivo da maconha, que contém substâncias químicas cancerígenas e psicoativas, pode ser uma preocupação de saúde infantil, levando-se em conta que a maconha cada vez mais torna-se legal para uso médico e recreativo nos Estados Unidos e em outros países. Na maioria dos estados americanos onde o uso da maconha é legal, não há restrição sobre o fumo passivo de crianças”, diz o médico.
O estudo demonstra que, assim como acontece com o fumo passivo do tabaco, as crianças podem ser expostas às substâncias químicas da maconha quando ela é fumada por alguém próximo. “Especialmente quando a maconha torna-se mais acessível e aceitável, precisamos aprender mais sobre como isso pode afetar a saúde e o desenvolvimento das crianças. Por enquanto, valem os mesmos conselhos aos pais e cuidadores: cigarro e maconha não devem ser fumados na presença de crianças", defende Moises Chencinski.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545