Publicações > Meus Artigos > Todos os Artigos

VOLTAR

Falar sobre AMAmentação nunca é demais!

Do blog De repente, Mama!

Ao longo das últimas semanas eu trouxe minha experiência e de duas amigas, com esse início, nada fácil, de aleitamento materno exclusivo. Essa semana, para complementar este tema muito importante para todas as famílias, o pediatra e homeopata Moises Chencinski, aceitou responder alguns questionamentos que podem auxiliar a gente nesse processo.

por Marcele Lima

18/07/2016

Doutor, qual a importância da amamentação exclusiva até os seis meses do bebê?
"O leite materno é o alimento suficiente e o necessário para o bebê durante os primeiros 6 meses de vida. Ele é considerado o sangue branco. É um alimento vivo. Ele se adapta do início ao final da mamada, no decorrer do dia e durante os dias, desde colostro, passando para leite maduro, desde o parto até 2 anos de idade ou mais, fornecendo, a cada momento, aquilo que o bebê necessita de uma fonte alimentar láctea. Leite materno deve ser o alimento exclusivo até o 6º mês, é o principal dos 6 aos 12 meses e passa a ser complementar após 1 ano de idade até o desmame natural. Além de ser nutrição, o leite materno coloniza o intestino do bebê com “bichinhos do bem” (flora intestinal boa) e isso representa a primeira proteção imunológica que o bebê recebe e usa, de forma mais ampla e natural, juntamente com a imunização essencial e fundamental, mais específica, que são as vacinas. Dessa forma, estudos comprovam que o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês protege contra infecções (diarreias e infecções respiratórias), contra alergias alimentares (no Brasil 85% dos alérgicos alimentares são por proteína do leite de vaca), contra obesidade infantil. E nem falamos ainda da importância do vínculo criado nesses primeiros 6 meses, que se inicia no contato pele-a-pele e a amamentação já na sala de parto e que se mantém até o momento do desmame".

Sobre se toda mulher é capaz de amamentar, o pediatra é categórico.
"A imensa maioria das mulheres pode amamentar. Existem algumas situações que podem dificultar e até impedir a mãe de amamentar. São doenças da mãe (HIV e HTLV), do bebê (galactosemia, intolerância congênita à lactose raríssima) ou até questões sociais e culturais. Mas, com informação, apoio e acolhimento, é possível manter o aleitamento materno sempre que uma mãe queira amamentar".

E por que tantas mulheres recorrem às fórmulas, Doutor Moisés?
"Podemos atribuir essa situação ao fato de as mães, com muita frequência, não receberem a orientação e o apoio adequados para insistirem e persistirem na amamentação exclusiva. Isso começa pela falta de informação no pré-natal, durante as consultas, pelo não apoio e orientação na maternidade e termina na não ação dos pediatras que, em sua grande parte, acabam por diminuir as chances de sucesso no aleitamento materno, muitas vezes induzindo o uso de fórmulas infantis. Estamos abordando aqui apenas as questões relacionadas à equipe de saúde. Mas o governo, a sociedade, as empresas, a mídia também são responsáveis por essa situação, quer sejam por não apoiarem, quer seja até por dificultarem e até impedirem o aleitamento. A sociedade exige da mulher, do homem e o pior, da criança. Se o bebê não engordar tantos gramas por dia, não dormir tantas horas por dia e especialmente à noite, não urinar ou não evacuar, se regurgitar, então ele está inadequado e precisa receber complementação de fórmula. A amamentação é, na imensa maioria das vezes, possível. As mães precisam ser orientadas, apoiadas e acolhidas em suas dúvidas e seus medos".

E qual seria a solução para aquela mãe que anda agoniada com a volta ao trabalho após a licença e que deseja continuar amamentando seu bebê?
"A principal questão é que a mãe saiba que ela pode manter o aleitamento materno exclusivo até o 6º mês, mesmo voltando ao trabalho a partir do 4º mês. A sua licença pode ser de 6 meses, se ela trabalha em uma empresa cidadã (que adere a licença maternidade de 6 meses em troca de benefícios fiscais, assim como a recente licença paternidade de mais 20 dias). A mãe pode solicitar, através de recomendação do pediatra, a extensão de 14 dias de licença a sue pediatra justificadas pela necessidade do bebê em manter o aleitamento. A mãe pode aumentar esse período com férias, a seguir dessa extensão (não antes, senão perde o direito). Se nada disso for possível, a mãe pode, 15 dias antes de voltar ao trabalho, começar a coletar e armazenar o seu próprio leite para que ele seja oferecido ao seu bebê na sua volta ao trabalho e manter antes de sair, ao voltar do trabalho e aos finais de semana a amamentação".

A orientação do médico é que diante de tal situação a mãe converse com pediatra ou vá a um banco de leite para receber orientação de como fazer a coleta e o armazenamento corretamente.

 

Moises Chencinski é membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo e também faz parte do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Quem quiser conhecer o trabalho do Doutor, segue o link da página que ele administra no Facebook https://www.facebook.com/euapoioleitematerno e do blog de mesmo nome e utilidade pública https://euapoioleitematerno.wordpress.com

Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545