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O risco de obesidade é maior quando as crianças estão fora da escola do que quando estão na escola.
por Márcia Wirth
25/01/2017
As crianças estão em maior risco de ganhar quantidades insalubres de peso durante as férias de verão, do que durante o ano letivo, de acordo com um novo estudo publicado no Obesity Journal. Os pesquisadores estudaram mais de 18.000 crianças, em creches, com cerca de dois anos, e descobriram que a obesidade aumentou apenas durante as duas férias de verão e não durante o ano escolar. Os resultados do estudo foram apresentados durante o simpósio Obesity Week, conferência anual da Sociedade de Obesidade, entre 31 de outubro e 4 de novembro de 2016.
“Os educadores há muito tempo se preocupam se as férias de verão levam à perda do hábito de estudo. Agora, sabemos que o recesso também é um tempo de ganho de peso excessivo para os alunos mais jovens. Os resultados do estudo levantam questões para pais e gestores de políticas públicas sobre como ajudar as crianças a adotar comportamentos saudáveis durante as longas férias de verão para impedir o ganho de peso. Os resultados também sugerem que não podemos reverter a epidemia de obesidade se nos concentrarmos apenas no que as crianças estão fazendo e comendo enquanto estão na escola”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).
Entre o início do jardim de infância e o final da 2ª série, a obesidade aumentou de 8,9% para 11,5% entre as crianças, e o excesso de peso (sobrepeso) aumentou de 23,3% para 28,7%. Nenhum aumento de peso ocorreu durante o ano escolar; tudo isso aconteceu durante as férias de verão.
Os pesquisadores defendem que agora que existem dados sólidos apontando que as férias de verão são um período propício para o ganho de peso potencial em crianças pequenas, o próximo passo é trabalhar junto com as escolas para moldar os comportamentos fora do horário letivo. “Os pais podem tomar algumas medidas simples para ajudar os filhos a aderirem a um horário de sono adequado, durante todo o ano, e podem reduzir o tempo de tela”, destaca o médico.
Mas os pais não podem resolver o problema sozinhos. Os autores do estudo sugerem que, para reduzir o aumento da obesidade infantil e do sobrepeso, os programas escolares devem tentar moldar os comportamentos extra-escolares, bem como melhorar a qualidade das refeições escolares e da prática de atividade física durante o ano letivo. Sugerem também testar intervenções adicionais para ver o que funciona melhor, mas que podem incluir:
♦ Limitações ao marketing de alimentos dirigidos às crianças;
♦ Educação nutricional para os pais.
“Esperamos que essas descobertas unam os esforços dos pais, educadores, defensores da saúde pública e funcionários para garantir que o verão não coloque por água abaixo os esforços feitos durante o ano letivo para não apenas ensinar as crianças a comerem bem, mas para mantê-las saudáveis”, diz o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Financiado pela Fundação Russell Sage, o estudo utilizou dados nacionais representativos para medir objetivamente a altura e o peso ao longo de um período de três anos. Os pesquisadores usaram o Early Childhood Longitudinal Study para seguir uma amostra aleatória nacional e complexa de 18.170 crianças do jardim de infância em 2010, até a segunda série em 2013. O peso e a altura foram medidos nas escolas em cada outono e primavera e os autores estimaram o aumento do IMC, a prevalência de sobrepeso e a prevalência de obesidade durante cada verão e ano escolar. O objetivo do estudo foi avaliar a importância dos fatores de risco para ganho de peso dentro e fora do ambiente escolar.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545