Algumas mudanças importantes devem ser ressaltadas em 2.017, tanto no que diz respeito à doença (vírus predominantes), como em relação às vacinas (mudanças em composição e grupos de riscos).
28/03/2017
Acompanhem (informações do VIII Encontro de Atualização em Vírus Respiratórios – 2.017).
São dois tipos de vírus Influenza os principais causadores da doença:
Influenza A – H1N1 e H3N2 / Influenza B – Yamagata e Victoria.
Período de incubação – 2 dias (1 a 4 dias). Eliminação do vírus começa 1 dia antes dos sintomas, com pico máximo nos três primeiros dias, durando 5 a 7 dias após início dos sintomas. Em crianças imunodeprimidas pode durar até 10 dias. Transmissão ocorre principalmente por gotículas geradas pela fala, tosse e espirros e/ou contato com mãos e superfícies contaminadas.
No Brasil, em 2016, tivemos um predomínio de H1N1 no primeiro semestre e Influenza B no segundo semestre.
Já no Hemisfério Norte em 2016 o predomínio foi de H3N2 (EUA-98% e Europa-99%). Mas, nos EUA, em relação ao Influenza B, a frequência de Yamagata foi maior (62%) do que a Victoria (38%).
Esses dados são importantes para a escolha da composição da vacina e para o grupo de risco. H3N2 atinge, principalmente, idosos acima de 65 anos.
O Informe Epidemiológico da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde com o monitoramento até a Semana Epidemiológica 10 de 2017 (até 11/03 - último atualizado até o momento), avalia os casos de Síndrome Gripal (SG) e de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) com internação em UTIs.
Para esclarecer melhor:
- Síndrome Gripal (SG): indivíduo com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e início dos sintomas nos últimos 07 dias.
- Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): indivíduo hospitalizado com febre, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e que apresente dispneia (dificuldade respiratória importante). Também podem ser observados os seguintes sinais: saturação de O2 menor que 95% ou desconforto respiratório ou aumento da frequência respiratória.
Esse boletim mostra que:
- A positividade para influenza, outros vírus respiratórios e outros agentes etiológicos entre as amostras processadas foi de 27,2% (525/1.928) para SG e de 21,3% (34/160) para SRAG em UTI.
- Foram confirmados para Influenza 13,3% (139/1.042) do total de amostras com classificação final de casos de SRAG notificados na vigilância universal, com predomínio do vírus influenza A(H3N2).
Entre as notificações dos óbitos por SRAG, 14,0% (25/178) foram confirmados para influenza, com predomínio do vírus influenza A(H3N2).
- Quanto à distribuição dos vírus por faixa etária, entre os indivíduos a partir de 10 anos predomina a circulação dos vírus influenza A(H3N2) e influenza B. Entre os indivíduos menores de 10 anos ocorre uma maior circulação de influenza A(H3N2).
A vacina no Brasil é de vírus inativados e fragmentados, ou seja, mortos. Essa vacina não provoca gripe ou qualquer outra doença ou sintomas. São pedaços de vírus mortos. A vacina nasal que foi utilizada nos Estados Unidos era com vírus vivos, mas estudos mostraram apenas 3% de eficácia.
A imunidade começa, de forma confiável, 15 dias após a aplicação da vacina. Se for a primeira vez que a criança toma, serão aplicadas duas doses separadas de 30 dias. Aí a imunidade se completa 15 dias após a 2ª dose.
A duração da imunidade após a vacina em idosos é de 4 a 10 meses. Em crianças entre 8 e 10 meses.
Teremos vacinas de três laboratórios: Abbott, GSK e Sanofi.
A vacina da Abbott e a vacina da GSK já estão disponíveis a partir dessa semana (23/03). A questão é que ela só pode ser aplicada acima de 3 anos (ela vem com 0,5 ml).
A vacina da Sanofi ainda não tem previsão de chegada. Como ela vem no volume de 0,25 ml, essa pode ser aplicada entre 6 meses e 3 anos.
A vacina pública é a trivalente (2 tipos de Influenza A e 1 tipo de B). Nas clínicas provadas teremos os dois tipos: a trivalente (que é a mesma da pública) e a tetravalente (com 2 tipo de Influenza A e 2 tipos de Influenza B).
Demonstrativo do esquema vacinal para influenza por idade, número de doses, volume por dose e intervalo entre as doses, Brasil, 2017 (sem vacina anterior).
Idade |
Nº de doses |
Volume |
Intervalo |
Crianças de 6 meses a 2 anos de idade |
2 |
0,25 ml |
Intervalo mínimo de 4 semanas - |
Crianças de 3 a 8 anos de idade |
2 |
0,5 ml |
Intervalo mínimo de 4 semanas - |
Crianças a partir de 9 anos de idade e adultos |
1 |
0,5 ml |
__ |
Fonte: CGPNI/DEVEP/SVS/MS
Segundo o Informe Técnico da 19ª Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza 2017, essa é a recomendação da OMS para a temporada de 2017 do hemisfério sul.
Serão disponibilizadas vacinas produzidas pelo Instituto Butantan e Instituto Butantan/Sanofi Pasteur-França.
Data: 10 de abril a 19 de maio, sendo 6 de maio, o dia de mobilização nacional. No período de 10 a 13 de abril, a vacina estará disponível apenas para trabalhadores da saúde. Para os demais públicos, a campanha se iniciará no dia 17 de abril.
√ Crianças de seis meses a quatro anos, 11 meses e 29 dias;
√ Indivíduos com 60 anos ou mais.
√ Gestantes e puérperas até 45 dias após o parto;
√ Trabalhador de Saúde dos serviços públicos e privados;
√ Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas;
√ População privada de liberdade e funcionários do sistema prisional;
√ Pessoas portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais;
√ Professores das escolas públicas e privadas (essa é a novidade para esse ano).
- Entre as gestantes que foram a óbito por Influenza – 64% ocorreram no 3º trimestre de gestação.
- Estudos mostram uma diminuição de 69% de gripe em lactentes de mães vacinadas comparado às não vacinadas.
Para a temporada de gripe 2016-17, o ACIP (Advisory Committee on Immunization Practices) recomenda o seguinte:
- Pessoas que tiveram reações exclusivamente urticariformes após a ingestão de ovo, sem manifestações anafiláticas, podem receber vacina de gripe.
- Pessoas com outras reações, não anafiláticas, podem receber a vacina, desde que estejam em ambiente com monitoramento médico e retaguarda.
- Pessoas com quadro de reação grave não devem receber a vacina
Até 2015, tanto no posto quanto na clínica as vacinas eram as mesmas – trivalentes. Então não havia grandes diferenças (2 cepas Influenza A e uma B). A escolha da vacina contra Influenza B mostrou-se inadequada em 50% das vezes.
A partir de 2.016, passou a ser orientada a tetravalente nas clínicas, abrangendo os 2 tipos de Influenza A e os 2 tipos de Influenza B, enquanto que na rede pública ainda é a trivalente.
Em 2017, a expectativa é que tenhamos um panorama em que predomine o vírus H3N2, no tipo Influenza A (presente nas duas vacinas), e o vírus da linhagem Yamagata, no tipo Influenza B (presente apenas na vacina tetravalente). Nesse ano, a vacina trivalente vem com o vírus Influenza B linhagem Victoria, não promovendo a proteção adequada.
Assim, em 2.017, a aplicação das vacinas tetravalentes oferece uma maior cobertura contra os mais prováveis agentes causadores dessa gripe esse ano no Brasil.
Dr. Moises Chencinski - CRM-SP 36.349 - PEDIATRIA - RQE Nº 37546 / HOMEOPATIA - RQE Nº 37545